quinta-feira, 1 de julho de 2010

Plath


Se a lua sorrisse, teria a sua cara.
Você também deixa a mesma impressão

De algo lindo, mas aniquilante.
Ambos são peritos em roubar a luz alheia.

Nela, a boca aberta se lamenta ao mundo; a sua é sincera,
E na primeira chance faz tudo virar pedra.

Acordo num mausoléu; te vejo aqui,

Tamborilando na mesa de mármore, procurando cigarros,

Desconfiado como uma mulher, não tão nervoso assim,
E louco pra dizer algo irrespondível.

A lua, também, humilha seus súditos,
Mas de dia ela é ridícula.
Suas reclamações, por outro lado,

Pousam na caixa do correio com regularidade encantadora,

Brancas e limpas, expansivas como monóxido de carbono.

Nem um dia se passa sem notícias suas,
Vadiando pela África, talvez, mas pensando em mim.

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