domingo, 15 de março de 2009

Desabafo III

Já como dizia Shakespeare, "a paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõe."
Essa paixão que eu sinto, que domina cada pedaço do meu corpo, me deixa sem fala e faz minha mente só ter um assunto... É a pior dor que já senti. Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.
Eu sinto essa dor tão forte, essa dor de saber que você nunca vai estar aqui para mim, como eu estarei para você.
De poder te olhar, analisar cada pedaço do seu rosto e saber que eu nunca vou tê-lo para mim, ou sequer tocá-lo.
Ouvir sua risada, ver seu sorriso e saber que eu vou ter que adimirar tudo sozinha, pois você não está do meu lado para compartilhar essa felicidade comigo.
Eu não suporto o fato de saber que você está tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe. De eu saber tudo sobre você, e você não sabe nem meu primeiro nome.
O fato de eu não ser nada para você, só torna tudo mais dolorido.
Eu não sou nada para você, mas você é tudo para mim. É você quem me dá forças, é você que me faz sonhar com o impossível, é você que me tira da realidade e me deixa com alguma ponta de esperança perdida no peito.
Eu não posso nem contar quantos dias, semanas, meses perdi pensando em você, não posso nem ter idéia de quanto é o meu amor por você, porque ele vai além do infinito, ele não tem quantidade nem medidas. É um amor pobre aquele que se pode medir.
Eu cansei de escrever textos, cansei de expressar o que sinto, cansei de gastar minha imaginação com você e não receber nada em troca. Mas mesmo cansada, eu sei que nada disso vai mudar.
E mesmo que você altere meus sentidos, altere meus sentimentos, altere meu dia-a-dia, é muito melhor viver sem felicidade do que sem amor.

terça-feira, 10 de março de 2009

OTP


Tenho certeza que você, que está lendo este pedaço de desabafo, curto e simples, nunca sentiu o mesmo que eu estou sentindo agora. Pode até já ter sentido, claro. Nada é impossível. Certo. Já se viciou em algo? Sim. Muito bem, sabe como é a dor platônica. Mas já se viciou em duas coisas? Ao mesmo tempo? Sim. Ótimo, dor em dobro. E se esses dois seres, forem um casal. Um casal gay, particularmente. Isso mesmo. Estou viciada em um casal gay. Já viu algo mais excêntrico? Eu não. Obrigada pela atenção.

O Rio de Janeiro continua lindo!



Mas hoje me deu uma dor no peito, uma dor inexplicávelmente forte e com um único propósito. A saudade. Saudade de te ter por perto desde sempre, de ter me acostumado com a sua figura e a sua presença. Saudade de ouvir suas historias malucas, seus dias de tédio. Saudade de te ver crescer, e saber cada ponto de sua história. Saudade de ter a nostalgia, de ter a própria saudade. Saudade dos dias de colégio, das aulas perdidas e das conversas jogadas fora. Saudade da Av. Paulista no inverno, verão, outono e primavera. Saudade de sua voz clássica, seu jeito único e indiscutível. Saudade de saber as novidades, as idéias milaborantes. Saudade de suas lágrimas, do seu abraço e do seu carinho. Saudade de tudo. Saudade de você. Me dê um sinal de vida, Luísa Nico. Te amo.

As nuvens, como já dizia Baudelaire...


''...O vento espalhava rapidamente as nuvens pelo céu. Dissolviam-se em fiapos primeiro brancos, depois rosa, depois vermelho cada vez mais púrpura, até o violeta, enquanto o Sol ia-se transformando aos poucos numa esfera rubra suspensa. De repente observei: certa nuvem não se mexia. Apenas uma. Parada, branca, enorme, eu olhei desconfiado. E tinha uma forma inconfundível, qualquer criança veria. Desviei os olhos, falei sem parar, as outras nuvens continuavam a esfiapar-se. Aquela, não. Então, com muito cuidado eu disse: “Déa olha lá aquela nuvem.” Ela olhou. E disse: “Meu Deus, é um anjo.” Sem gritaria, ficamos olhando a nuvem-anjo. Ninguém mais olhava para ela embora, apesar de discreta, fosse um escândalo. Quanto às outras nuvens, continuavam a se esgaçar, virando sem parar elefantes, camelos, colinas, nuas mulheres barrocas, como é próprio da natureza das nuvens. Mas aquela, aquela uma não se transformava em nada diferente dela mesma, apenas aperfeiçoava a própria forma. Quer dizer: ficava cadavez mais anjo. Mais tarde, ao chegar em casa,tentei desenhá-la. Olho o desenho agora: a perna direita levemente dobrada, como num plie de dança clássica, a esquerda alongada para trás, num per. feito relevé o corpo se curvando suave para a frente, com o braço esquerdo erguido para o alto e o direito estendido em direção ao Sol. A palma aberta da mão direita se voltava para baixo, como se abençoasse o Sol que partia para o Oriente. Além de anjo, bailarino. E tinha asas, imensas, duplas, quádruplas, múltiplas, espalhadas em várias cores atrás dos cabelos longos. Estava lá parada no céu, a nuvem-anjo, abençoando o sol, o rio, o céu sobre nossas cabeças, a cidade longe. Quase não falamos. Ficamos até supernaturais, espiamos outras coisas, remexemos nas formigas, namoramos à toa em volta. Vezenquando um espichava o canto do olho para avisar ao outro: “Continua lá”. E assim foi, até que o Sol sumiu, o azul- marinho veio vindo das bandas dos Moinhos de Vento, apareceu a conjunção Vênus-Júpiter em Escorpião. A nuvem? Continuava lá, imóvel. E sozinha. O vento era tanto que todas as outras tinham desaparecido, sopradas para Tramandaí, Buenos Aires, Montevidéu. Só restava ela, a nuvem-anjo, abençoando os últimos raios dourados. Começou a esfiapar-se também apenas quando levantamos para ir embora. Ao chegarmos ao carro, não havia mais nada além de estrelas no céu imenso da Lua quase cheia em Aquário. Pensei: “Glória a Deus sobre todas as coisas”. Foi o único pensamento que me veio. Nem era direito pensamento, parecia mais uma oração.'' Admiração, Caio... Admiração.

I'd like to call, movie?


''Outro dia me perguntaram qual era o filme da minha vida. Sem pensar muito, hesitando entre Vagas estrelas da Ursa, de Visconti, e Passagem na neblina, de Theo Angelopoulos, respondi: A História de Adèle H., de François Truffaut. Mais tarde, pensando melhor, decidi: o filme da minha vida na verdade é La strada, de Fellini. Nada me comoveu tanto no cinema quanto aquela Gelsomina de Giulietta Masina, misto de clown e pivete, louca e duende.'' ''Se tal pergunta fosse feita, ao ser que vos fala (ou digita), a pergunta seria respondida de maior sinceridade. E sem pensar muito, o filme da minha vida seria apenas Fantasia, Walt Disney. Peculiar, talvez sim. Apenas colocar tal música que decida o que as imagens façam por ela, dando vida a qualquer cor, símbolo e palavra...'' Me desculpe. Mas parece que meu bloqueio acabou de me dar um aviso, dizendo que está voltando. Se tudo der certo, termino este resto de texto algum dia. Pedaços de idéias sempre são bons. E Caio F. Abreu... Porque raios você tinha que morrer?

Make a little love in... São Paulo.



São exatamente 79 dias. 79 dias de espera. 79 dias de empolgação. 79 dias de agonia, sabendo o quanto vão demorar para passar. Só posso dizer o quanto estou feliz. O quanto sinto que minha lâmina interior vai cortar cada orgão meu apenas em uma facada. O quanto sinto que meu peito vai explodir, jogando faíscas de alegria para quem passar por mim. Aprendi que não devo ter essa ansiedade, sei que isso me faz mal... mas é incontrolável. Saber que vou rever, passar tudo de novo, ter talvez a mesma decepção da outra vez, só me deixa com esse desejo mais louco ainda preso no peito, expandindo espaço há cada segundo e tentando gorfar meu próprio coração. Foi apenas uma semana. A semana com que mais sonhei. A semana com que acordei, vendo que tudo aquilo não era um sonho, e que vocês estavam aqui, há menos de metros de mim, e não doze horas de avião. Obrigada por tornar minha vida mais emocionante. Nove de Outubro de 2008 - Vinte de Oito de Maio de 2009.

Sobre calor, capitalismo e amor.


O quanto dizer que um lugar te frustra, pode ser uma coisa. Mas nunca posso esquecer, o quanto este lugar me agrada também. O calor escaldante em plena chegada do inverno, fazendo a água cair de minha testa e evaporar. A rua cheia de pessoas indesejáveis, e ao mesmo tempo desejáveis, sei que tudo seria diferente sem elas. O transporte público mal cuidado, as calçadas destruidas e os muros caídos. As ruas particulares e pitorescas, onde ano sem rumo para pensar, e ter a perspectiva de vida que levo na mesma. As avenidas grandes, com luzes espalhadas cegando os olhos de quem passa. Se tem egoísmo, mau humor. Se é tudo inacabado, sem um propósito. Não me importo. Posso muito dizer que o país é uma merda, mas nunca posso negar, o grande afeto que tenho por você. Pela cidade que me criou, me ajudou a superar cada segundo de minha vida, que me mostrou as belezas e os podres de tudo que há aí afora. São Paulo.