sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Desabafo, parte II

Praticamente, isto é apenas outro texto meloso e idiota para constatar algum amor de fã. Não apenas para dizer o quanto dói, ou o quanto é bom. Mas para dizer o quanto é extremamente decepcionante.
Como o próprio Platão já disse, que o amor é algo puro, desporvido de paixões, e que no entanto ele é cego, falso, efêmero. Eu como admiradora de algo, ou de alguém, para ser mais realista o possível, tenho que dizer o quanto isso dói. O quanto isto é completamente perturbante. Você se sente tão perto de alguém, sabendo de tudo dela, dos gostos, das idéias e até dos pensamentos... Como você também se sente longe, do outro lado do oceano, sem toques, olhares ou tudo o que você sempre desejou.
Se este texto tem algum propósito, eu não sei, mas desbafar é o que mais me facilita quando penso dessa forma.
Poder tentar expressar, com poucar palavras, o quanto alguém é importante, o quanto alguém te faz bem, o quanto alguém domina seus sonhos e até suas fantasias.
Palavras nunca conseguiriam demonstrar o que eu sinto por você, mas mesmo fracas, elas já falam uma porcentagem do amor. Que não é mais algo tão raro esses dias. Falar 'eu te amo', já virou o mesmo do que perguntar as horas.
E apenas quando você sente, que seu mundo poderia desabar, por uma pessoa só, você vê o quanto apaixonada você está.
Se eu me sinto rídicula escrevendo isso? Me sinto.
Mas quem disse que o amor não era para ser assim?

Discurso de Formatura - 2008

Boa noite alunos, boa noite pais de alunos, boa noite professores de alunos, boa noite parentes de alunos, boa noite amigos dos pais de alunos, boa noite amigos de alunos, boa noite Magda. É assim, com simplicidade e clareza que vamos a partir de agora falar com vocês, de peito aberto, ouvidos atentos, com o coração quente e a mente cheia de planos, Muito prazer, Discurso.
É, estamos aqui, finalmente chegou a noite de formatura! Depois de um ano caótico vendendo bolo, rifa, fazendo reuniões segundas à noite, decidindo, escolhendo, brigando... A hora chegou... e a hora é agora...é difícil acreditar.
Alguns de nós estão aqui desde a primeira série, mas como neste momento encerramos o ciclo da quinta série ao nono ano é deste período que falaremos.
Quando chegamos na quinta série, tínhamos acabado de sair como os grandões do pedaço e viramos os pirralhos. Mas em compensação ganhamos o chão verde, os armários e pilares amarelos, as paredes vermelhas e um professor para cada matéria, porém nada superava o grande choque da junção entre manhã e tarde. De repente nossos colegas de classe desde a primeira série estavam na outra sala. E o pessoal da manhã era tão chato! E o da tarde tão metido! Mas superamos as desavenças e assim começaram planos incríveis para invadir o auditório. Além disso, foi nesse ano que tivemos nosso primeiro estudo do meio que se contrastava com as tardes de brincadeira que tínhamos no rep lago. Lembramos de algumas cenas um pouco chocantes de filmes vistos neste ano que apesar de tentarem ser censuradas pela Márcia, não foram bem sucedidas, como por exemplo o filme “A guerra do fogo” e um ano depois “O nome da Rosa”.
Finalmente a sexta série, sinal de que não ficaríamos na quinta série para o resto de nossas vidas e que sobrevivemos a ela. O que mais marcou foram os bar-mitsvá intercalados pelas festinhas do Matheus. Ganhamos uma nova professora de ciências, e com ela as aulas de educação sexual, para o nosso pânico.
O pior de tudo é que não podíamos rir com as histórias... Diferentes da Elaine e da Sandrinha para as meninas e do Paulo para os meninos. Na sexta série tivemos o segundo estudo do meio com experiências selvagens como o mangue, a balsa na chuva, a caminhada na floresta escura, e é claro o traumático: BO-BO-BO-BOM DIA, AQUI QUEM FALA É O AMIGO QUÍRON! Que lembraríamos nos dois próximos estudos do meio, todas as manhãs.
Esse ano tivemos algumas outras novidades, a disciplina de projetos, em que aprendemos a pesquisar, escrever textos em grupo, justificar, introduzir, concluir, bibliografar (ah... bibliografar) e apresentar. Por último, mas não menos importante, com o avanço tecnológico oswaldiano, uma nova aquisição: o Peteleco, que divertiu os recreios da garotada.
Enfim a sétima série, estávamos grandes, e agora tínhamos que subir um lance de escadas para ter aula! Muitas mudanças nesse ano: vários grupinhos se formaram. Começamos a ter aula com as famosas Magda e Elzitcha, mas nada superou a viagem para Minas! Cinco dias com os amigos, muito doce de leite, sol, musiquinhas no ônibus (trecho da música do Nicholas, João e Mário), e claro, todos voltando roucos para casa por causa dos clássicos jogos de truco (TRUCO, 6, 9, 12, ZAP NA TESTA).
Quem não lembra da mais nova cantada do Akira deste ano: “Vai um leite condensado?”, coincidentemente um dia depois de assistirmos o filme “Machuca” em sala.
A sétima série foi o último ano de muitos professores, foi um choque saber que duas das nossas professoras favoritas sairiam no meio de nosso percurso inesperadamente. Por favor, uma salva de palmas para as queridas Lúcia e Elzitcha. Além disso, perdemos alguns professores que já sabíamos que não iam mais nos acompanhar: Os de inglês, da Seven e a Suzete (Música tema da professora).
Acabamos o ano tristes por ele ter passado tão rápido depois de tantas mudanças, mas felizes por que o próximo ano seria o último do ginásio.
Finalmente, a oitava série, quer dizer, nono ano, foi por causa dessa mudança que perdemos a compatibilidade entre ano e série (2005 quinta série, 2006, sexta série, 2007, sétima série, 2008, nono ano). Como se não bastasse a mudança de nomenclatura o nome da escola também mudou, para apenas: Oswald de Andrade, mudanças...mudanças...As classes também mudaram completamente e no início todos tinham odiado. Foi com a convivência que aprendemos a nos amar e criamos muitas novas amizades nesse último ano. Ganhamos novos colegas, entre eles o Jorginho, que trouxe diretamente de São Carlos a epidemia de catapora que atingiu uma parcela considerável da população nonoanista.
Nesse ano, um grande evento, a visita da escritora Zlata à nossa humilde escola.Ela realmente existe, e é loira (para a alegria dos meninos).
Também ganhamos novas professoras: Márcia, o retorno, Luci e suas orações subordinadas e coordenadas (que todo mundo decorou), Paula e os americanos e suas explicações interativas: “Esse lado da platéia é uma empresa capitalista e esse lado são artesãos que vão trabalhar na empresa de sapatos da outra metade” e assim por diante, Lauren e seus conselhos amorosos e sua paixão por literatura, Laura e sua arrumação da sala e a Letícia que substituiu a Bete e pegou a classe no meio do ano. Todos esses professores mais os antigos que já tínhamos: Magda e o “ema, ema, ema...”, Vânia, que sem ela seríamos um conjunto de solução vazio, Serginho e seu humor ácido, Geórgia e a exploração do espaço e João e os mestres da capoeira. De todas as lições que teríamos que fazer durante o ano nenhuma marcou mais que as típicas lições da Vânia que acabaram com as folhas de monobloco de todo mundo, por causa do tradicional: ENTREGAR (VÍRGULA) EM FOLHA DE MONOBLOCO (VÍRGULA) OS EXERCÍCIOS DA PÁGINA 23 RESOLVIDOS PASSO A PASSO.
Neste ano, outra novidade: Poderíamos escolher o que faríamos na matéria de artes no ano inteiro, destes cursos surgiram projetos muito legais no fim do ano: A peça “O bem amado” com o Eric, a apresentação de música com a Letícia e a tradicional parede grafitada com o Paulo Afonso.
O ano seguiu bem, para os alunos. Nós sempre nos comportando, fazendo as lições, prestando atenção nas aulas e causando muito. Ninguém jamais vai se esquecer da dramática migração do Messas, nativo do nono A, para o nono B, que desesperou a Luci, a Ló e a Márcia, mas que divertiu todo o resto. Também teve o dia em que acabou a luz, que nos fez sair mais cedo, não sem antes nos pregar um susto quando ela resolveu voltar justo no momento em que estávamos pisando para fora da sala, mas tudo correu bem, ou seja, fomos liberados. E do sumiço do controle que ainda paira sobre o nono B.
Para os habitantes do nono B, o ano foi marcado pelo famoso Hospício nono B e pelo mural gay (que apareceu misteriosamente branco numa das manhãs mais tristes do ano). Já para os habitantes do nono A. (NÓS SOMOS TIGRES).
Tudo bem que as matérias que aprendemos ao longo do ano eram super interessantes, mas quem nunca precisou dar aquela escapadinha para o ambulatório para tomar o chá da Ló? Afinal quando você está com dor de cabeça você toma o chá da Ló, quando você machuca o dedo do pé você toma chá da Ló e, quando por desventura, você se queima com o chá da Ló...você toma chá da Ló.
O final do ano foi chegando e foi caindo a ficha de que estávamos quase no colegial e que, mais cedo ou mais tarde teríamos de nos despedir. Mas, antes disso passamos pela deliciosa última semana, vulgo semana dos filmes. Queridos professores, nós sabemos que vocês queriam dar aula livre para nós, e que os filmes foram só uma desculpa para não nos liberar.
Falando em última semana, esse foi apenas mais um último para nossa lista de últimos que vinha aumentando desde o começo do ano: o último primeiro dia de aula, as últimas férias de julho, o último estudo do meio (E que estudo do meio), a última aula de tal professor, a última lição de casa, e por fim o último dia de aula juntos. Um mix de emoções. É, as férias estavam chegando, mas desta vez não acompanhavam a mesma felicidade dos anos anteriores, afinal era um momento de despedida: despedida do ensino fundamental, da escola, dos professores e dos amigos que iriam sair.
Mesmo sabendo que irá ser tudo diferente, não tem como esquecer do Akira e sua pochete, da Alix e suas boybands, da Amarílis e suas hello kittys, da Anita e a Amélie, do Ariehl e seus ”AH, EU SOU FEIO, NINGUÉM GOSTA DE MIM”, do Leone reclamando de tudo, da Camilla e suas viagens inesperadas, da Cecília e seu fascínio pela gramática, da Clara e seu perfeccionismo, do Dééni com seu nome mais falado no ano, da Débora, e é claro, o Mauro, que já são um só, do Diego e o Santos, do Felipe Cecchini e suas expulsões corriqueiras das aulas, do Japa que sempre está com sono, do Fernando e seu óculos da inteligência, da Flávia Dip e a aeróbica, da Flávia O. ... ops, Flávia Deep, do Chico e seus cachinhos, do Batata e suas vozes, da Giovana e os animes, da Iara, a fera do tecido, da Bel e suas mudanças de visual, da Isadora e suas batatas, do João e o bem-bem, do João Pedro, importado dos States, do Jorginho e suas éguas, da Juliana e o “sol, praia, balada, barraco, e MUITA, MUITA curtição”, do Perronão e suas 1000 camisas de futebol, da Lílian e suas paixões platônicas, da Lina e seus desenhos perfeitos, da Lívia e sua risada escandalosa (Lívia por favor ria para nós!),!), da Luciana, a gênia da matemática, da Lelê, que causa nas aulas, da Luíza e New York, da Manu e sua desorganização, da Mariana e... que?, da Marília e seus abraços, da Marina e seu umbigo, do Mário e seu pagode, da Marion e seu “zueeera”, do Matheus e as calças justas e femininas, do Matias e seus tsurus, da Natália e seus brotos, do Nicholas e sua sede por fama, do Otávio e o Rock’n’roll, do Dávila e sua massa, do Messas e sua alergia a banana, do Pedro Sekine e suas biribinhas, do Rony e sua falta de protetor, do Stefano e seus sumiços repentinos, do Theo e o basquete, do Vitinho, Vitinho Gatinho e do Yuri que deixou de ser “autista” graças a nós!
Como vocês podem ver, todos nós temos nossas características e defeitos e, juntos formamos um grupo que também tem suas características boas e ruins, mas sem qualquer um de nós não seria o mesmo, e assim não teria feito desses anos tão especiais.
Estar no Oswald foi uma escolha. Isso significa que todos nós vimos no Oswald algo que gostamos e que nos fez escolher estar aqui.
Vemos nossa escola como um lugar de trabalho, como um ambiente bom, no qual aprendemos os diversos conteúdos. Aprendemos aqui a fórmula de bhaskara, aprendemos que tudo depende de um referencial e que os autores pensam em muitas coisas antes de escrever uma obra. Aprendemos o que é a DIT e por que o King Arthur é um herói. Mas, mais que isso, também aprendemos os princípios da convivência em grupo, as importâncias e os deveres de cada um, individualmente, fazendo parte de um grupo. Aqui, tivemos exemplos de dedicação e paciência dos professores, de superação e aprendizado com os nossos colegas, de organização e mais uma vez, muita dedicação vindas da direção e da coordenação. Nos formamos aqui, hoje, sabendo muito mais do que esperávamos saber. Nos formamos aqui, hoje, como alunos, mas também como pessoas. E todos esses aprendizados foram fundamentais para o crescimento de cada um de nós.
Por isso, antes de terminar, gostaríamos de agradecer àqueles que fizeram de todos esses anos, uma fase tão fundamental de nossas vidas.
À toda equipe de professores, funcionários e coordenação, obrigado. Quando pensamos em vocês, uma palavra vêm à mente: dedicação. Agradecemos por todo o esforço, paciência, e desejo de nos ensinar presentes ao longo do ano.
Agradecemos pelas horas de trabalho pensando em nós e nas horas de trabalho conosco. Agradecemos também pela relação de respeito e até de amizade que formamos com vocês e que valorizamos muito. Reconhecemos que sem vocês, esses anos não teriam sido como foram.
À comissão de pais e alunos da formatura, obrigado. Agradecemos todo o empenho para que tudo isso acontecesse. Agradecemos por todas as segundas à noite doadas para que tivéssemos todas essas celebrações, e também agradecemos por todas as horas planejando, pensando e discutindo. Agradecemos por todos os bolos feitos, pelas rifas compradas e por todo o trabalho nas ocasiões especiais. Sabemos que sem vocês, a viagem inesquecível e a festa à qual estamos destinados não seriam realidade, e por isso, mais uma vez, agradecemos.
Finalmente, à todos os nossos colegas dos nonos anos de 2008, valeu. O que seria de nós sem todos os sorrisos de manhã, tá bom, sem todas as carinhas de sono de manhã, sem todo o companheirismo ao longo dos anos. Vocês também nos ensinaram muito. Nos Ensinaram o valor da amizade, e isso não é pouco. Encontramos aqui, um grupo com uma relação de amizade tão intensa que é raro encontrar igual. E é com orgulho que dizemos: somos um grupo. Um grupo que possui grupinhos, mas que com o menor sinal de aviso se tornou o nosso grupo, os nonos anos de 2008. E agradecemos, pois sabemos que essa relação só se tornou assim por todos os dias de convivência na escola.
Mais uma vez, agradecemos à todos aqueles que fizeram esses anos acontecerem. Obrigado!
Só uma última coisa que não poderíamos esquecer: PERDI!

domingo, 10 de agosto de 2008

sentimento

felicidade.
do Lat. felicitate


s. f.,
ventura;
bem-estar;
contentamento;
bom resultado, bom êxito;
dita;
qualidade ou estado de quem é feliz.

Não sei o porque escrever isto aqui, mas fiquei feliz em saber que gostaram dos meus textos e tudo mais, elogios sempre alegram. E, sei lá, talvez isso seja um "obrigada" às pessoas que lêem isso, ou é só mesmo para dizer que fico feliz, fico feliz escrevendo. É o melhor jeito para expressar sentimentos.




segunda-feira, 4 de agosto de 2008

domingo, 3 de agosto de 2008

O baile

Certo, o que você acha sobre bailes? Sinceramente, é só apenas uma confraternização escolar que o diretor de alguma escola de subúrbio faz para tentar divertir alunos entediados. É apenas uma desculpa para juntar pedaços de uma sociedade diferente. Vejamos o primeiro exemplo; Não tinha muitos amigos, problemas com a família, a garota tomou pílulas para tentar se matar, o que foi um fracasso, pois acabou no hospital, sobreviveu e ainda aguentou a humilhação do dia seguinte. Já ele, era uma massa física, sem sentimentos, e tinha toda garota que queria, passava o almoço arrotando e grunhindo como um urso. Agora entenda, porque raios a garota suicida iria em um baile onde encontraria um brutamontes? Repare no outro exemplo; A sociedade que rotula tudo, tinha asma, óculos grande e a maioria das vezes embassados, comia seu lanche sozinho. Mas ela, ah, ela, tinha todos os garotos aos seus pés, repare como essa expressão é humilhante, os pés de alguém podem realmente te deixar para baixo, e abaixo deles, só há o chão, já pensou em ficar a nível do chão?
As músicas de velha guarda deixavam os garotos com tédio e se perguntando o que estavam fazendo lá, mas é claro, que após todo esse baile piegas, todos iriam na casa da praia da Holly, a melhor amiga de Jenny (a garota dos belos pés). Depois de todos bêbados, gritando pelo jardim coisas sem sentido, Holly faria uma proposta para Jenny, era uma aposta, e se ela perdesse, logo iria para a cama com Earl, que mexia na sua bombinha de asma descontroladamente. É claro, que Jenny perdeu a aposta, e levou um geek excitado que gemia fórmulas matemáticas para a cama. John o brutamontes, estaria na praia, com alguma garota indefesa, que no dia seguinte, seria mais uma para sua lista. E bem, a suicida? Se matou, depois de tudo isso.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Frio

Ah, o frio. Acordar de madrugada tremendo em baixo das poucas cobertas, com meias coloridas não combinando com o pijama de ursinho. As mão brancas, quase transparentes, congelando pouco a pouco. Os dentes de cima batendo contra os dentes de baixo, fazendo um tremedeira infinita no corpo inteiro. Arrepios por todas as partes do corpo. Ir até a cozinha, se espremendo contra o casaco. Preparar um simples chocolate quente, bem quente, que ao tocar a língua, os arrepios voltam por todo o corpo, queimando delicadamente o céu da boca. O vapor do leite com chocolate quente entrando pelas narinas, fazendo a respiração ficar mais difícil. Deitar no sofá, com as cobertas que pegou da cama, ligar a televisão bem rápido, para não ter que tirar as mãos do bolso do casaco gigante. Se enfiando em baixo das cobertas, tremendo da cabeça aos pés. O filme começa, o barulho do vento que uivava do lado de fora se misturando com a música clássica do começo do filme, isso acalmava. Dormir no meio do filme, adormecendo apenas com as falas irritantes dos personagens.
Na manhã seguinte, tudo se repete, até o inverno passar.

O dia em que Júpiter entrou em Saturno

- Você gosta de estrelas?
- Gosto. Você também?
- Também. Você está olhando a lua?
- Quase cheia. Em virgem.
- Amanhã faz conjução com Júpiter.
- Com Saturno também.
- Eu não sei. Deve ser.
- É sim. Bom encontrar você.
- Também acho.

(Silêncio)

- Você gosta de Júpiter.
- Gosta. Na verdade "desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra".³
- Que é isso?
- Um poema de um menino que vai morrer.
- Como é que você sabe?
- Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.
- Hein?

(Silêncio)

- Você tem um cigarro?
- Estou tentando parar de fumar.
- Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
- Eu.

(Silêncio)

- Como é que você sabe?
- O quê?
- Que o menino vai se matar.
- Sei muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
- Eu não sei nada.
- Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
- Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
- Ninguém compreende.
- Às vezes sim. Eu te ensino.
- Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também.
- Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo?

(Silêncio)

- Você tomou alguma coisa?
- O quê?
- Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, pscilocibina, metedrina.
- Não tomei nada. Não tomo mais nada,
-Nem eu. Já tomei tudo.
- Tudo?
- Cogumelos têm parte com o diabo.
- O ópio aprefeiçoa o real.
- Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.

(Silêncio)

- Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
- Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
- Alguma coisa se perdeu.
- Onde fomos? Onde ficamos?
- Alguma coisa se encontrou.
- E aqueles guizos?
- E aquelas fitas?
- O sol já foi embora.
- A estrada escureceu. Mas navegamos.
- Sim. Onde está o norte?
- Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.

(Silêncio)

- Você é de virgem?
- Sou. E você, de Capricórnio?
- Sou. Eu sabia.
- Eu sabia também.
- Combinamos: terra.
- Sim. Combinamos.

(Silêncio)

- Amanhã vou embora para Paris.
- Amanhã vou embora para Natal.
- Eu te mando um cartão de lá.
- Eu te mando um cartão de lá.
- No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
- No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.

(Silêncio)

- Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Para ao meu lado, olhando de perfil.
- Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
- Vamos nos ver?
- No teu chá. No meu chá.

(Silêncio)

- Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
- Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
- Vou te escrever carta e não mandar.
- Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
- Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
- Vou ver Saturno e me lembrar de você.
- Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
- O tempo não existe.
- O tempo existe, sim, e devorA.
- Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
- Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
- E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

- Mas não seria natural.
- Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
- Natural é encontrar. Natural é perder.
- Linhas paralelas se encontram no infinito.
- O infinito não acaba. O infinito é nunca.
- Ou sempre.

(Silêncio)

- Tudo isso é muito abstrato. Está tocando Kiss, kiss, kiss. Por que você não me convida para dormirmos juntos.
- Você quer dormir comigo?
- Não.
- Porque não é preciso?
- Porque não é preciso.

(Silêncio)

- Me beija.
- Te beijo.
__________________________________________________________

³ Do poema " Vazio na carne", de Henrique do Valle.
Trecho do conto "O dia em que Júpiter encontrou em Saturno" de Caio Fernando Abreu

Os dragões não conhecem o paraíso

As manhãs são boas para acordar dentro delas, beber café, espiar o tempo. Os objetos são bons de olhar para eles, sem muitos sustos, porque são o que são e também nos olham, com olhos que nada pensam. Desde que o mandei embora, para que eu pudesse enfim aprender a grande desilusão do paraíso, é assim que sinto: quase sem sentir.

Resta esta história que conto, você ainda está me ouvindo? Anotações soltas sobre a mesa, cinzeiros cheios, copos vazios e este guardanapo de papel onde anotei frases aparentemente sábias sobre o amor e Deus, com uma frase que tenho medo de decifrar e talvez, afinal, diga apenas qualquer coisa simples feito: nada disso existe.

Nada, nada disso existe.

Então quase vomito e choro e sangro quando penso assim. Mas respiro fundo, esfrego as palmas das mãos, gero energia em mim. Para manter-me vivo, saio à procura de ilusões como o cheiro das ervas ou reflexos esverdeados de escamas pelo apartamento e, ao encontrá-los, mesmo apenas na mente, tornar-me então outra vez capaz de afirmar, como num vício inofensivo: tenho um dragão que mora comigo. E, desse jeito, começar uma nova história que, desta vez sim, seria totalmente verdadeira, mesmo sendo completamente mentira. Fico cansado do amor que sinto, e num enorme esforço que aos poucos se transforma numa espécie de modesta alegria, tarde da noite, sozinho neste apartamento no meio de uma cidade escassa de dragões, repito e repito este meu confuso aprendizado para a criança-eu-mesmo sentada aflita e com frio nos joelhos do sereno velho-eu-mesmo:

- Dorme, só existe o sonho. Dorme, meu filho. Que seja doce.

Não, isso também não é verdade.

Desabafo


Sabe quando algo te deixa feliz, e ao mesmo tempo triste? Pois é, não aguento mais sentir isso. Pode parecer ridiculo, idiota, amor platônico, deve ser tudo isso até, digo, é exatamente tudo isso. Mas, não consigo entender. Não consigo entender como uma simples melodia, misturada com um ritimo e uma letra de amor pode ser algo tão grande para mim, pode me fazer chorar, me fazer rir, pode fazer meu coração querer sair pela minha gargante até eu engasgar. Se já chorei? Já, minto se digo que foi só uma, não foi, foram várias. Desde ouvindo sua voz e pensando que nunca vou te conhecer, que nunca vou poder nem ao menos te dar um abraço e dizer o quanto você é importante para mim, o quanto você eu necessito de apenas um toque, uma palavra sua. Pensando que faço tudo por você, que penso em você à cada minuto do meu dia, que quando te vejo triste pela televisão me dá um aperto no peito de não poder estar aí para te consolar e falar o quanto você pode contar comigo, para tudo. Quando te vejo feliz, e fico com um sorriso bobo estampado na cara, quando ouço sua risada, me dá arrepios, quando ouço sua voz, prefiro fechar os olhos para ouvir o quão doce ela é. Sim, isso pode ser clichê, pode ser até idiota na visão de muitos, mas na minha não é.
Não vou falar que você é a razão para eu acordar de manhã, a razão para eu tomar minhas decisões, porque não é. Há algum tempo atrás eu nem sabia que você existia no mundo, e conseguia fazer as mesmas coisas que faço até hoje. Mas falar que você não me inspira, me dá uma razão para melhorar tudo, me poem um sorriso na cara quando acordo, seria mentira falar que isso não existe, que é irreal. Você é real, mas queria que não fosse.
Eu realmente não suporto, saber do fato que você nem sabe quem eu sou, e se um dia souber, eu não vou ser nada no seu mundo, quando você é tudo no meu.

(na: desabafo, não 'tava mais aguentando, homenagem a carol <3)

No information

Férias. Algo que por um lado me anima, e por outro não.
Ficar longe de professores, pessoas odiáveis, e do chão cinza/verde do oswald, é algo ótimo. Não ter acordar cedo, pegar o material nos pequenos armários amarelos, sentir o cheiro enjoativo de pastel. Para falar a verdade, já me acostumei tanto com isso, que até gosto. É rotina, sabe? Com o tempo, você tem que gostar, se não, está perdido. Não minto que tem dias que não quero que meu pé toque naquela chão, que minha narinas se fechem para não sentir o cheiro daquele queijo com óleo. As vezes fico de saco cheio, estudar, estudar e estudar. Tem dias que não suporto, vou deitar de noite e fico pensando "Merda, preferia estar morta à ter que ir aguentar uma única aula". Nesses dias, posso fingir que estou doente, que minha gastrite piorou, que minhas costas doem. Faço de tudo para faltar na aula e não ver os rostos conhecidos de sempre. Tudo enjoa um dia, e é isso que me irrita.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

"My sky has turned vanilla" - Fanfic

I

O banco ainda estava molhado, deve ser o orválio. Dei uma passada com as mãos para tentar retirar um pouco da água. Óbvio que não adiantou, mas nem me importei, sentei lá mesmo.

Retirei a máquina fotográfica da mochila, e fiquei reparando no movimento.
O parque era realmente bonito esta época do ano, as flores pareciam que brilhavam, com pingos de chuva escorregando por suas pétalas. Os pinheiros balançavam com o vento, fazendo um tipo de melodia. Não estava frio, nem calor. Ontem tinha chovido, acho que foi um choque no tempo, porque fazia anos que não chovia. Adoro chuva, talvez, porque gosto de mudanças.
Um casal se aproximou do lugar em que eu estava, não conseguia ouvi-los, mas conseguia ver extremamente bem. Estavam de mãos dadas, mas não pareciam querer isso, será que se odiavam, eram obrigados a se amarem? A garota, dava um sorriso falso quando seus olhares se encontravam, o rapaz, nem ligava para o sorriso dela, ficava sério, fitando seus pés. Tirei algumas fotos deles, não sei se mencionei, realmente gosto de tirar fotos de estranhos.
Parei de observa-los quando vi que estavam longe demais, e o zoom da minha camêra pode ser potente, mas não tanto.
Vi uma criança correndo atrás de uma borboleta, achei aquilo gracioso. A borboleta era azul, o que realçava os olhos grandes e profundos da criança que corria saltitante atrás dela.
Observei alguns garotos se aproximarem da onde eu estava, eles estavam com uma bola de futebol, e foram se xingando até chegar num bom lugar para jogar. Um deles me chamou a atenção, era muito bonito, por sinal. Resolvi tirar algumas fotos deles, logo meu filme acabava, e eu não queria sair daquele banco, que agora minha calça tinha absorvido toda sua água.
Senti a bola batendo no meu braço e quase deixando minha camêra cair, com isso, fiquei furiosa, aquela camêra me custou uma fortuna, literalmente.
- Nossa, desculpa - virei minha cara para ver quem foi o jogador de futebol que tinha acertado aquela bola em mim. Era ele. O único que tinha me chamado atenção. - É, você está bem?

II

Como eu era nova na cidade, não conhecia ninguém, apenas Stevie, o gay com quem eu dividia meu apartamento, e Mary, que é uma grande amiga, há anos.
- Estou, 'tou sim - dei meu melhor sorriso falso e já fui guardando minha camêra em seu devido lugar.
- Ah, ok então - Ele se virou e foi andando de volta para o gramado, fiquei reparando nele, era um garoto bonito, suas feições eram delicadas, sua voz rouca o dava um ar de sexy, pareço patética falando isso, mas era verdade. Ele parou, se virou e voltou na minha direção.
- Ei, você é a Sam, certo? Amiga da Mary? - Ele sorriu e se sentou no banco, que agora não estava mais tão molhado.
- Você, quem é? - Sorri também, como raios ele sabia que eu era amiga da Mary.
- Ei, perguntei primeiro - nós rimos, a voz dele era gostosa de ouvir.
- É, talvez eu seja a Sam, depende do dia - Ele riu e ficou me encarando, até que um amigo dele gritou para ele voltar - Antes de ir, vai me dizer quem é?
- Nick. Bom, até mais, Sam - ele deu enfâse no meu nome e depois sorriu - Prazer em conhecê-la, Mary sempre fala de você.
- Acho que não posso dizer o mesmo de você - ri, e ele ficou me encarando confuso e indignado - Brincadeira, ok? Homens não tem senso de humor.
Continuei sorrindo, peguei a camêra e fui andando para fora do parque, encarando o céu que estava começando a ficar cinza, ia chover. Olhei para trás e ele já estava correndo para jogar com os amigos.

- Stevie, cheguei - gritei quando cheguei em casa, mas ninguém respondeu. Stevie só ia para casa dormir, nossa vida era realmente agitada.
Peguei uma cerveja da geladeira e sentei no sofá para ver TV, sextas-feiras conseguem ser muito chatas, sem ação, não que eu precisasse de muita ação, mas o tédio quando me domina, me domina pra valer.
Estava passando 'Drugstore Cowboy' naqueles canais de cinema, deixei lá e dei um gole na heineken. Filmes com drogas me agradam, não sei porque, deve ser porque vendo eles me sinto mais confiante, pensando que exista gente com a vida mais fodida do que a minha.

Acordei com meu celular tocando, preciso mudar de toque, Devo já está me deixando louca.
- Alô?
- Sam, vamos sair? - Me acordar de um sono profundo é algo que nunca devem fazer, meu mal humor já chegou á afetar muitas relações minhas, mas sair era uma boa, filmes de drogas podem deprimir muito também.
- Ok, para onde? - Como era a primeira semana que eu estava na Califórnia, não conhecia muitos lugares.
- O'brien, um barzinho aqui perto, pode ser? Estamos todos indo para lá, e ainda não te apresentei meus amigos. - Na real, não estava afim de conhecer os amigos dela, a Mary era uma garota digamos, popular, cobiçada (pelo que fiquei sabendo, tenho minhas fontes, leia-se como Stevie), e nunca ouvi falar muito bem dos amigos dela. Ela mudou muito, preferia ela com estilo Alex do Laranja Mecânica. Mas, como ela era uma grande amiga, faço sacrifícios.
- Está bem, vou me vestir, e vou para aí.
- Ótimo, estou esperando! - desliguei o telefone.

Puis o primeiro vestido que encontrei, era simples, preto, não muito decotado e até ao meio das coxas, estava frio de noite, mas como vim de Bristol, sou acostumada com o frio.
Peguei o sobretudo e fui em direção ao bar.

O'brien não estava muito cheio, e estava tocando um jazz ao fundo. Uau, Mary me impressionou, ela nunca foi muito fã de jazz, ao contrário de mim, adoro beber whisky com aquela melodia dançando nos meus ouvidos, me acalmava.
Avistei a Mary sentada com os amigos numa mesa perto do bar.
Nick estava entre eles, rindo de alguma piada que um garoto fez, ele estava bonito, com um terno vinho de veludo, calças pretas. Ri sozinha do pensamento obsceno que acabei de ter.
- Sam, vem - Mari me avistou e fui andando até a mesa dela.

III

Sam, a garota do parque, não sabia que podia a encontrar ali, Mary fez bem em convida-lá, estava realmente atraente, estava com um vestido preto simples, o que deixava suas pernas à mostra, aliás, belas pernas! Ela veio vindo em nossa direção e percebi os olhares dos garotos nela. Joe inclinava de leve sua cabeça para o lado, para ter uma visão melhor das pernas dela, e Kevin me pois a mão no meu ombro e sussurrou:
- Não sabia que a Mary tinha amigas desse nível - ri pelo nariz e concordei.
Ela chegou perto de nós, e eu ainda não tinha parado de olhar as pernas esbeltas e brancas dela, levei um cutucão de Kevin para parar de secar a garota.

- Gente, essa é a Sam, Sam... o pessoal - Era incrível o dote de Mary para apresentar pessoas. Olhei para as pessoas sentadas na mesa, havia quatro garotos, de boa aparência, um deles era Nick, e mais e além de Mary, mais quatro garotas também. Dei um sorriso amarelo que acho que enganou á todos.
- Olá - continuei com o sorriso amarelo no rosto. O barman se aproximou e perguntou o que queriamos.
- Whiskey - respondi confiante, relembrando do jazz entrando e saindo pelos meus ouvidos.
- Então Sam, como é a vida britânica? - Harry, um dos garotos sentados na mesa me perguntou.
- Era melhor antes - respondi sem sal, Bristol já era uma cidade entediante, quando me mudei para Londres, tudo animou um pouco, mas já mencionei que gosto de mudanças?
- E o que a trouxe na Califórnia? - Kevin me perguntou.
- Kevin, cala a boca, isso está parecendo uma entrevista com um artista famoso - Louise, uma das garotas, deu um tapa no ombro de Kevin, que riu inconformado.
- Resolvi dar uma de Kerouac - Dei um gole no whiskey que tinha acabado de chegar na mesa.
- Uou, e deu certo? - Harry perguntou com os olhos brilhando.
- Sinceramente? Não muito, caminhoneiros tarados tem parte do diabo - riram da besteira que eu tinha acabado de falar.
- Pelo menos andou por algumas cidades? - Harry continuava com os olhos brilhando.
- Sim, tive a oportunidade de experimentar às panquecas do Texas.
- Vamos mudar de assunto, aposto que ela não deve estar gostando do questionário - Mandy, uma das garotas falou, eu ri, na verdade, não tinha nada contra questionários.
- Ok, desculpe Sam - Harry respondeu, continuei bebendo meu whiskey quando o som do saxofone invadiu meus tímpanos, como aquilo me dava conforto. Observei Nick que olhava minhas pernas com o canto de olho e dei uma risada irônica.

IV

- O Stevie não quis vir? - Mary parguntou e deu um gole na cerveja.
- Não, acho que ele saiu com o Mike.
- Ah, então eles estão juntos? - Mary continuou com este rumo na conversa, e depois deu um tapa no braço de Joe, que bebia da cerveja dela.
- Acho que hoje eles conseguem algo - ri, ainda observando o veludo do terno de Nick - Por isso não pretendo voltar para casa hoje. - Mary gargalhou, e eu continuei vidrada na luz que refletia no tecido.
- Quem é Stevie? - Nick finalmente se manifestou, acho que devia estar incomodado com a minha hipnose em sua roupa.
- O cara com quem eu divido o apartamento.
- Você realmente acha digno o chara de "cara"? - Eu gargalhei, pobre Stevie, só porque era gay não deixava de ser um homem, e era até atraente. Porque todos os bons homens são gays?
- Ele é gay? - Julie, outra garota que estava sentada na mesa perguntou, com os olhos brilhando, bem típico de Harry.
- É, e bonito, pena que é gay - Julie riu.
- Nossa, eu sempre quis morar com um cara gay, ele entende bem de moda? - Louise, super empolgada, entrou na conversa.
- Ah, ele sabe o bastante, mas ainda tem muito o que aprender - ri, desde quando eu entendia de moda para falar assim dele?

Fui para o bar, as garotas continuavam a falar do tal gay Stevie que morava com a Sam, porque todas as mulheres tem obsessão por gays? Fiquei observando elas gargalhando e bebendo na luz baixa do ambiente, típico de bares que tocam jazz. E bem, quando digo que observava elas, quero dizer Sam, não que as outras garotas não me importassem, é só que Sam é carne nova por aqui, e era realmente interessante. Desviei o olhar quando ela olhou para cá e comecei a observar a banda de jazz que tinha acabado de subir no pequeno palco do bar.

- Sozinho, Nicholas? - Uma voz baixa, calma, e como eu sou homem, sexy, sussurrou no meu ouvido, fazendo os pelos da minha nuca se arrepiarem.
Virei para olhar a dona da voz, Sam estava parada encostada no bar com o copo de whiskey vaziu na mão, com algumas sobras de gelo que derretiam aos poucos.
- Hoje sim - Olhei nos olhos dela, eram castanhos e bem convidativos, conseguia ver a luz do bar dançando dentro de suas púpilas, sorri com isso.
- Não traçou nenhuma garotinha indefesa hoje?
- O que a faz pensar que eu traçaria alguma? - Ela riu.
- Ah, você tem cara de cafajeste, e eu tenho minhas fontes - Ri com ela, sua risada era contagiante.
- Hm, sério? Então acho que essa é a hora que eu te seduzo e te levo para a minha casa, certo?
- Uau, mas que cafajeste certinho - Rimos. Dei um gole na minha cerveja enquanto ela pedia para o barman uma dose do bom e velho Jack - Você tem que ser mais safado para ser um bom cafajeste, Nicholas.
- Ah, então vamos terminar o serviço por aqui mesmo - Ela gargalhou jogando a cabeça para trás, deixando a mostra seu pescoço delicado, que eu tive que reparar.
- Desculpe, você não faz meu tipo. - Ela deu um gole na bebida que o barman trouxe. E como assim, não faço o "tipo" dela? Eu faço o tipo de todas! Não estou me exibindo, estou apenas sendo realista.
- Não faço o seu tipo, é ?
- Não - Ela respondeu secamente, com um simples sorriso.
- Saia comigo e veremos se não sou o seu tipo.
- Hum, Nicholas Jonas, o cobiçado, está me chamando para sair? Interessante - Ela continuava dando pequenos goles na bebida e sorrindo, olhando para o meu terno.
- Vamos, já sabe até meu sobrenome, saia comigo. - Dei meu melhor sorriso, ele nunca falha. Mas parece que dessa vez falhou, ela levantou a cabeça olhando para mim e fez um gesto de negação com as mãos.
- Qual o problema de sair comigo? Vamos, uma noite, eu pago - Pisquei com um olho e fiz um sorriso malicioso, ela riu.
- Desculpe Nicholas, tenho outras coisas para fazer - Ela se levantou com o copo na mãe e foi andando calmamente para a mesa, levantei e fui atrás.

Já quase chegando na mesa, senti uma mão pousar no meu quadril e me apertar para mais perto do corpo.
- Vamos, uma noite só, prometo que não vai se arrepender - Ele sussurrou perto do meu ouvido, senti sua respiração quente do meu ombro e isso me fez ficar arrepiada.
- Vou pensar no seu caso, ok Jonas?
- Aguardo anciosamente - Ele continuou, sussurrando com a voz rouca no meu ouvido.
Saiu andando para a mesa e já chegou rindo das brigas de Kevin com Louise, não sei como esses dois se aguentam.
Cheguei e sentei do lado da Mary, que já estava um pouco alta por causa da bebida.

V

Acordei com a cabeça latejando e com alguns raios de sol na cara. Me revirei um pouco na cama e percebi que não estava em casa, e sim na casa da Mary, mas está dor de cabeça não me deixava raciocinar direito.
Levantei da cama tropeçando em uma sandália de salto alto preta, deduzi que devia ser da Mary. Fui cambaleando até a porta do banheiro e a abri cuidadosamente, me olhei no espelho, estava acabada.
Ok, exagero, não estava acabada, estava apenas com os cabelos iguais ao do Robert Smith e com a maquiagem toda borrada. Ri da minha imagem no espelho, não lembrava direito o que tinha acontecido na noite passada.
Ouvi vozes vindo da cozinha e resolvi fazer um social por lá, e aproveitar para comer, estava faminta.

Ela chegou na cozinha com uma das mãos no cabelo bagunçado e a outra encostada no batente da porta, como se tivesse tentando se segurar para não cair.
- Bom dia, meu amor - Mari disse abraçando Sam.
Percebi as vestes que usava, Sam estava com uma camiseta social masculina, que parecia uma mini vestido nela, e uma samba-canção xadrez. Tentei lembrar se algum de nós estava usando está roupa na noite passado, mas descartei a possibilidade de ser um denós, e muito menos Kevin, que acho que nem cuecas usava mais.
- Boa tarde você quis dizer, certo Mary? - Harry riu, fazendo algumas panquecas ao meu lado no fogão, eu estava fazendo a calda de chocolate, minha especialidade gastronômica, ou uma delas.
- Dormi tanto assim? - Sam perguntou se sentando na bancada e se servindo com um pocuo de café.
- Que nada, Sam. O Harry só está te enxendo, é só isso que ele sabe fazer - Julie disse e Harry riu, revirando os olhos.
Sam simplismente riu, com aquela risada contagiante.
- Então alguém pode me dizer o que rolou na noite de ontem? Eu não lembro - Mandy disse, se sentando ao lado de Sam.
- Muito menos eu - Sam sorriu e deu um gole no café puro - Hmm, panquecas.
Ela veio na direção do fogão e a olhei por cima do ombro.
- Quer uma? - Harry perguntou quando ela ficou entre nós dois observando a atividade culinária.
- Aceito uma, com muita calda de chocolate - Ela deu enfâse no muita e depois sorriu para mim - Está boa? Não conheço seus dotes na cozinha.
- Ele tem a melhor calda de chocolate do mundo - Louise disse.
- É verdade - Sorri para ela de volta - Experimente.
Peguei um pouco de calda com o meu dedo, estava quente, mas eu não me importava. Ela olhou para mim com uma cara consufa e eu ofereci meu dedo para ela. Ela riu mas lambeu a calda que estava nele.
- É, divina.
- Sempre soube que as aulas de culinária que minha mãe me mandou fazer serviram para algo - Lambi o resto de chocolate que havia ficado nos meus dedos, e olhei para ela por cima do ombro de novo, já que ela havia voltado ao seu lugar inical.
- Sam, de quem são essas roupas? - Julie riu. É verdade, de quem eram aquelas roupas?!
- Minhas! - Ela respondeu confiante, e Kevin se intrometeu.
- E você usa cuecas e camisas masculinas ?
- Claro, muito mais confortáveis - Riu, e deu outro gole no seu café - Eram do meu irmão, roubei elas para mim.
- Hum, ótima idéia, acho que vou assaltar a gaveta de cuecas do meu irmão um dia também - Louise sorriu, e Mandy riu incorformada.
- Ele tem 8 anos!
- E daí, vai ver sirvam em mim!
Peguei um prato e Harry jogou uma panqueca nele, joguei bastante calda de chocolate, como ela queria, e dei para ela, ela sorriu.
- Espero que sejam tão boas quanto às do México!

VI

- Mary, vou tomar banho, ok? Estou fedendo à cerveja - falei para Mary terminando de comer as panquecas e tomar o café.
- Ok, pode usar a toalha que está no banheiro, e não liga para a poça de água que a Julie deixou lá - Mary murmurou tomando seu suco, seu comentário fez Harry rir.
- Típico da Julie - Ele disse com um certo tom de sarcasmo, fazendo Julie o fuzilar com os olhos.
- Cala a boca, Harold - Harry revirou os olhos - O banheiro está perfeito, Sam, não liga para eles - Julie falou com um certo tom de deboche, eu só pude rir da discussão idiota deles.
- Ok, volto já - Sorri.
Saí da mesa e só ouvi Kevin gritar "Não toma banho não, mulheres que cheiram a cerveja são sexys", provavelmente ele recebeu um tapa de Louise após essa frase. Certo, tenho que admitir que mesmo frescas e metidos, eles são divertidos.

Cheguei no quarto da Mary tentando achar a porra do CD do The Who que me mandaram pegar, e detalhe, o CD era meu, ela furtou! Odeio quando pegar minhas coisas.
Ouvi o barulho de chuveiro sendo desligado e lembrei que Sam estava tomando banho atrás daquela porta bege ao lado da cômoda do quarto da Mary, o fato dela estar lá tomando banho me fez ter pensamentos bem pervertidos, mas isto não vem ao caso.
- Er... Oi Nick, não sabia que tinha alguém aqui - Alguém interrompeu meu pensamento profundo e não puro. Entrei em transe quando olhei a dona da voz, ela estava lá, com uma toalha felpuda e verde escura enrolada no corpo, com os cabelos pingando, as pequenas gotas faziam desenhos caindo sobre sua pele. Ela deu uma risada sem graça me tirando do transe, deve ter ficado com vergonha por eu estar a secando.
- Desculpa, esqueci que você estava aqui - Ri sem graça passando a mão no cabelo, ela riu.
- Ah, tudo bem - ela sorriu, segurando mais forte a toalha contra o busto - é, sem querer ser chata nem nada, mas será que você pode me dar licença? Para eu me vestir e tal...
Ela fez gestos com a mão que não estava segurando a toalha e deu seu melhor sorriso. Fiz um sinal positivo com a cabeça e peguei o CD que estava ao lado da cama.
- Obrigada.
Parei no batente da porta e virei para ela.
- Pensou na minha proposta? - Sorri malicioso para ela.
- Hm, que proposta? - Odeio quando as mulheres se fazem de desentendidas. Ela veio na minha direção e parou com uma das mãos na porta e a outra ainda segurando a toalha verde contra o corpo, e retribuiu o meu sorriso, o que me deixou embriagado.
- Vai sair comigo?
- Já disse que vou pensar no seu caso, Jonas.
A última coisa que vi foi ela aumentar o sorriso e bater a porta na minha cara.

- Quais são os planos para hoje? - Cheguei sentando no sofá ao lado de Joe. Ainda bem que a Mary guarda as roupas que eu esqueço aqui, não sou muito fã das roupas delas.
- Argh, vamos ficar por aqui, ver algum filme - Louise disse se espreguiçando no sofá. Joe riu da ação preguiçosa dela.
- Eu esolho o filme!
- Não vejo "Quase Famosos" de novo, Joe - Nick disse folheando a revista de fofoca que estava no colo dele. Ele estava sem camisa, só com a calça preta da noite passada, estava afundado na poltrona com uma cara de sono.
Fui até a estante onde tinha uns dvd's e comecei a revirá-los.
- Não vamos ver "Os Sonhadores" de novo, Sam - Mary advertiu, eu ri.
- Ah droga - Fiz bico e Kevin riu.
- Safada, aposto que só quer ver o filme para ver o Monsieur Garrel pelado.
- Não tenho culpa se ele excerce um certo poder sobre mim - Kevin gargalhou.
- Acho o nariz dele feio - Julie disse e fez uma careta.
- Ei, aquilo é charme! - falei indignada, meu deus, aquele nariz só deixa ele mais lindo ainda.
- Ver a Eva Green não é nada ruim para mim - Nick disse se acomodando empolgado na poltrona cor de carmin da Mary.
- Bem pensando, meu caro amigo - Harry disse com cara de pensador - Poem o filme aí, Sam!
- Eba! - Exclamei batendo palmas. Coloquei o filme no aparelho de dvd e voltei a me sentar ao lado de Joe.
Louise e Julie riram e esculacharam a Eva Green o filme todo, enquanto eu, os garotos e Mary a defendiamos, e Mandy, só ria da situação.

Passamos o dia todo bebendo cerveja e rindo de filmes, até que a fome bateu, bem, pelo menos para mi.
- Vamos comer? - perguntei manhoso segurando nos ombros da Mary e a balançando.
- Não posso, vou jantar com o Tom - Mnady abriu um sorriso enorme, ponha enfase no enorme, e deu um gritinho.
- Uh, quem é Tom? - Sam perguntou encostando nos ombros de Mandy por trás, com uma cara de curiosa. Mandy continuava com o sorriso estampado na cara.
- Meu namorado - Os olhos dela estavam até brilhando, achei engraçado, Grande Tom!
- Ah, que graça, não sabia que namorava - Sam disse rindo e depois dando um beijinho no rosto de Mandy, que ainda estava abobalhada com o fato de ir jantar com Tom.
Bom, acho desnecessário dizer que Sam estava estupidamente linda, as roupas dela eram tão simples, o que me deixava mais encantado ainda, porque ela não era como as outras garotas, não se emperequitava e se enxia de maquiagem. Fiquei observando as pernas finas e brancas dela, ela estava com um short preto de cintura alta, o que a deixava ainda mais absurdamente linda. Eu precisava sair com esta garota.
Resolvemos sair para jantar, já perto da porta, Sam pegou um chapéu côco e um maço de cigarro, quase enfartei. Porque Mary nunca me disse que tinha uma amiga magnífica como essa? Ok, minto, ela já havia falado da Sam para mim, e até mostrado fotos dela, por isso que sabia quem era ela naquele dia do parque.

Filei um cigarro com Harry, pois ele parecia necessitado, acho que as discussões com a Julie o deixava de cabeça quente; Como aquela noite, estava muito quente, diferente de ontem. Fiquei caminhando em silêncio meio para trás deles até que a voz da Mary pousou em meu ouvido.
- Ei, garota misteriosa!
- Ah, oi Mary - dei um sorrisinho de lado e traguei meu cigarro, soltando a fumaça e a vendo desaparecer pelo céu estrelado da Califórnia.
- E o Nick?
- O que tem o Nick? - perguntei interessada, queria saber o propósito dele surgir nessa conversa.
- Não se faça de boba, eu vi os olhares! - Ok, meus olhares e os de Nick se cruzaram algumas vezes... Pensando bem, várias vezes mesmo.
- Cala a boca - Dei outra tragada e ela riu pegando o cigarro da minha mão e tragando também.
- Vamos, conte!
- Não aconteceu nada, ele só me convidou para sair, e... Devolve isso aqui - Falei pegando o cigarro da mão de Mary e tragando nervosa, ela apenas gargalhou e parou com uma cara de espanto.
- E você aceitou?
- Falei que ia pensar no caso dele - Ela riu e eu comecei a reparar nele, que andava mais a frente discutindo algo idiota com Julie e Joe; Ele estava com o mesmo terno vinho de veludo e com o cabelo bagunçado, estava bonito.
- Sua má! - Mary me deu um tapa no ombro e eu ri - Aceite. Eu sei que ele parece ser da categoria "galã-que-só-pensa-em-sexo", mas no fundo, ele tem sentimentos.
- Já falei que estou pensando no caso - Ri de novo.
- Pense bem - Ela entreladçou o braço no meu e eu apoiei a cabeça no ombro dela, tragando meu querido cigarro. Continuamos andando pela rua deserta daquele bairro californiano.

VII

- Pizza, aleluia, alguém teve uma boa idéia - Kevin disse rindo.
- Agradeça a mim, minhas idéias são sempre brilhantes - Falei apoiando a mão nos ombros de Kevin e ele me abraçou pela cintura.
- Sabia que podia confiar em você, Sam - Ri, saindo do abraço de Kevin.
- Vamos, estou faminto - Nick urrou.
Sentamos em uma pequena mesa vermelha e comecei a olhar o cardápio, quanta pizza para um lugar só! Não sei como alguém fica perdendo tempo inventando tantos sabores de pizza.
- O que vão querer? - O garçom, um cara baixinho, de óculos, que ficava fungando o nariz e batendo a caneta frenéticamente no bloquinho de pedidos perguntou.
- Fala aí, Dustin! - Kevin disse batendo nas costas do garoto, que fungou mais alto, aposto que devia ter se achado importante com aquele tapa nas costas - Traga duas e calabresa e três de mussarela.
- Está bem! - Dustin fungou e riu pelo nariz, anotando tudo bem concentrado - Volto já.
Dustin saiu sorrindo para mim. Nick voltou do banheiro e sentou ao meu lado, pondo o braço por trás de mim no encosto do sofázinho em que estávamos sentados. Aquelas voz rouca invadiu meus ouvidos novamente.
- Pensou no meu caso, já? - Ele disse, sussurando, enquanto os outros estavam mais ocupados conversando animadamente e esquecendo de nós dois por lá. Virei o rosto para Nick e sorri.
- Pensei sim.
- E aí? - Ele me olhou empolgado. Lembrei do que a Mary disse, masn não da parte de aceitar o encontro, e sim da parte em que ele era um galã que gosta de sexo.
- A respota é não, desculpe - Ri pelo nariz e voltei a observar o ambiente, não estava nem muito cheio, nem muito vaziu. Percebi que ele me olhou inconformado, abriu a boca para tentar falar algo mas desistiu, e ficou me encarando.
- O que tenho que fazer para você aceitar sair comigo? - é, parece que ele não ia desistir tão cedo.
- Nada, não quero, é só isso, Jonas - Ele bateu a mão a mão na mesa e resolvi olhar para ele, aqueles olhos invadiram os meus olhos, e ficamos nos encarando.
- Vamos, jantar à luz de velas, eu cozinho, na minha casa, meus pais não vão estar.
- Não, Nick, desculpa, quem sabe outra hora.
- Não, não aceito não como resposta, vamos um encontro, não faz mal a ninguém! Vou ter que cantar para você, é? - Ri, cantar? Da onde ele tirou isso? - Diga sim, se não vou soltar minha voz para você, aqui mesmo.
- Nick, chega - Ri dele. Soltar a voz? Tudo isso por um encontro.
- Você quem pediu - Ele levantou do sofá e se virou para mim - "Oh baby yooooooou, got nothing to prove, but if we decide to go doesn't mean he's gotta know".
É fato, ele ficou louco! Estava quase berrando a música, pude reconhecer que era de alguma banda famosa. Todos no local pararam para observar ele cantar. Vergonha? Só um pouco, sabe?
- Nick, cala a boca! - Falei puxando o braço dele, já estava quase vermelha, e ele continuava com um sorriso na boca.
- Só se você aceitar sair comigo - Fique encarando ele por um tempo - Ok, você que pediu de novo. "Oh baby youuuuuuu, got nothing to lose, and we're better off when...
"
- Ok, eu aceito - Cortei ele, falando baixo e o fuzilando com os olhos. Até Dustin tinha parado o serviço para ver o que estava acontecendo, e Harry não parava de rir.
- Não ouvi, pode repetir - Odeio quando me provocam, e ele conseguiu.
- Eu aceito sair com você, Jonas.
- Ótimo, amanhã, às 20h, esteja pronta - Ele me deu um beijo na bochecha e voltou a pousar o braço por trás de mim. Bem, eu aceitei certo? E não tinha nada demais nisso, não sei porque fiquei neurótica, não sou assim.

- Uau Nick, tudo isso para sair com a Sam? - Mary me perguntou. Ué, claro que tudo isso, queria sair com ela e ponto. E não tenho que ficar dando explicações.
- Claro! Ela merece um pouco de vergonha - Olhei para Sam que encarava a bebida sem graça, apertei mais ela com meu braço, que já estava pousado em suas costas - Certo, Sam?
- Certo, Jonas - Ela sorriu parar mim, um sorriso sem sal, e ainda sem graça.
- Você é patético, Nick - Kevin disse gargalhando, junto com Harry e Joe.
- Calem a boca, pelo menos eu vou sair com uma garota e vocês não - Sam me olhou com um olhar maio desapontaddo e os garotos pararam de rir.
O celular de Sam vibrou no bolso do short dela, e minha perna que estava encostada na dela vibrou junto. Ela pegou o celular do bolso e leu rapidamente alguma mensagem, eu tentei ler, mas não fui tão rápido.
- Gente, tenho que ir - Ela disse dando uma última abocanhada na pizza de mussarela que vazava óleo, tão bom ver como é a qualidade da comida esses dias.
- Porque? - Perguntei vendo ela se levantar do sofá e quase passar por cima de mim para sair de lá.
- Depois te ligo, tchau - Ela falou dando um beijinho na bochecha de Mary e acenando para nós, ignorando minha pergunta, e não me dando um beijinho, e eu acho que merecia, eu cantei para ela, só para ela! Vi ela se afastar correndo para a porta segurando o chapéu contra a cabeça, Dustin fixou seu olhar nela, babaca.

Saí da pizzaria e fui andando pelas ruas em direção ao apartamento, fui devagar, porque provavelmente a mensgaem que Stevie mandou não tinha nenhum propósito construtivo. "Preciso de você" na língua dele significava problemas com o visual para sair com Mike.
Cheguei na frente do prédio e abri a porta de entrada com a minha chave. Era um prédio meio velho, com apenas 6 andares, mas era bom o bastante para mim e para Stevie... Bom, era bom o bastante para mim, Stevie queria morar numa mansão, e ele tinha fetiche por milionários, acho isso realmente hilário.
- Querida, que bom que chegou - Stevie disse vindo na minha direção após eu fechar a porta atrás de mim. Cumprimentei ele com um beijinho nos lábios.
- Que houve? - Perguntei jogando meu chapéu no sofá e afundando nele mesmo.
- Mike vem me pegar para uma festa daqui à meia hora, e não sei o que usar, são tantas opções! - Bingo, falei que eram dicas de moda, eu não era nenhuma especialista no quesito moda, mas acho que podia ajudar.
- Vamos ver as opções - Dei um pulo do sofá e fui levando ele pela mão para o quarto dele.
- Eu estava pensando nessa encharpe, ou essa, argh, dúvidas - Ri do desespero dele, ele realmente gosta de Mike.
- Calma, vai com essa, combina mais - Empurrei a encharpe cinza e preta para ele - Agora vai, se veste que o Mike já deve estar chegando.
- É, você está certa! Desculpe te tirar dos compromissos.
- Sem problemas, estou acostumada já - Sorri e fui em direção ao meu quarto, devia ser umas 21h da noite e eu estava sem sono, mas estava cansada e sem vontade de ir encontrar a Mary e o resto das pessoas.
Deitei na cama e fiquei pensando que amanhã teria um encontro com Nick, não sei porque eu estava nervosa, geralmente não costumo ficar assim. Olhei pela janela e fiquei observando a luz de um poste da rua ficar piscando, aquela luz amarelada deixava minha vista embaçada. Fechei calmamente meus olhos, sentindo meu cílios se tocarem uns nos outros, pensei em Nick, lembrei dele cantando para mim hoje, ri sozinha. Ele era louco, mas fofo também. Fofo? Meu vocabulário está ficando afetado, preciso parar de conviver com gays e patricinhas.
- Amour, vou sair - Stevie gritou abrindo a porta do meu quarto, fiz sinal de positivo com a mão, ainda de olhos fechados, apenas ouvi a risada dele ao fechar a porta do quarto, a risada dele era engraçada, um pouco escandalosa, mas engraçada.
Stevie era meu amigo faz anos, desde quando ele fez intercâmbio para Bristol, há uns anos atrás, continuamos a nos falar depois que ele voltou para cá, e quando eu resolvi fugir do universo que chamo de "família" foi ele quem me acolheu.
Ele era um ótimo cara, mesmo rindo do meu sotaque britânico e tendo pequenos surtos quando via insetos, ele era definitivamente a mulher da relação, e eu, o homem.
Meu celular vibrou no meu bolso, mexi a mão calmamente e o peguei, era uma mensagem de um número desconhecido, cliquei para ler, "Amanhã, às 20h, te pego aí". Ri, meu deus, me deixe em paz Jonas.

VIII

Acordei de manhã com o sol na minha cara, devo ter esquecido de fechar a veneziana ontem de noite. Olhei para o meu corpo, eu usava a mesma roupa de ontem, acho que isso já virou rotina.
Me espreguicei na cama e passei a mão no cabelo, me levantando calmamente e tropeçando no meu tênis branco e sujo, precisava arrumar este quarto urgentemente.
A sala estava como ontem, parece que Stevie ainda não havia voltado para casa, é, a encharpe cinza tinha dado certo, sou um gênio da moda.
Abri a geladeira e só consegui avistar um suco de limão que eu tinha feito há uns três dias atrás, a cara dele não estava muito chamativa, mas provavelmente era a única coisa bebível que tinha, preciso fazer compras.
O relógio da cozinha marcava quinze para às três, uau, como eu dormi esses dias. Resolvi trocar de roupa, ia ficar em casa hoje. Fui ao meu quarto e abri o ármario marron escuro, peguei minha camiseta gigante do Ghostbusters e fiquei apenas com minha calcinha, estava em casa, podia me soltar a vontade. Sentei no sofá e liguei a televisão, sou uma pessoa muito sedentária.

Toquei a campanhia do apartamento número 3 e fiquei esperando. Era um prédio pequeno e tinha a aparência meio velha, mas me parecia moravél.
- Ai caralho...Oi, quem é? - A voz de Sam surgiu pelo interfone, sorri e ouvi o barulho de algo caindo, coitada, é desastrada - Droga.
- Sam? É O Nick - sorri, estava ancioso, nervoso, não sei porque, devia ser porque eu que tinha cozinhado, e eu não era muito bom na cozinha.
- Nick?! Ah merda, então, espera só 10 minutos, tenho que achar algo pra por... Er, desculpa, já desço.
É, além de eu cantar para ela, cozinhar para ela, ela tinha que esquecer que ia sair comigo, não sabia que eu era tão sem importância assim. Está bem que ela me conheceu há dois dias atrás, mas de qualquer forma, era um encontro. Ou não era?
- Ah, claro, eu espero aqui.
- Obrigada, juro, já vou!

Merda, meu dia de sedentarismo deixou minha mente com QI abaixo de zero, tinha esquecido completamente que ia sair com Nick, saí voando em direção ao meu guarda roupa e peguei uma calça jeans escura e uma camisa branca com pequenas bolinhas pretas, calcei meu tênis o mais rápido que pude e peguei um elástico que estava caído no chão. Fui até o banheiro e escoveu os dentes como um furacão, peguei uns grampos no armário e prendi a franja que caía na minha cara. Achei a chave perdida no meio das contas e das cartas em cima da mesa da cozinha e desci as escadas para o térreo correndo, pois é, não tinha elevador.
Na porta de entrada pude avistar Nick parado com as mãos no bolso, sentado no muro, ao lado da escada, abri a porta de entrada.
- Nick, desculpa, mesmo, eu esqueci completamente - Falei predendo meu cabelo num coque meio desarrumado, mas nem me importei. Sorri para ele.
- Sem problemas, vamos?
- Vamos - Respondi me compondo de todo o exercício que fiz para me vestir.

IX

É, ela tinha esquecido que ia sair comigo. E eu pensando que ela estava anciosa, tinha começado a se preparar três horas antes do combinado, sonhando com uma noite perfeita e inesquecível, todas fazem isso, mas não ela, ela simplesmente, esqueceu. Se arrumou correndo em 10 minutos. Mas, meu deus, porque eu fiquei tão decepcionado? Talvez porque nenhuma garota com bom senso iria esquecer de um encontro com Nick Jonas! Já falei que não sou exibido, sou realista. Ela pode ter esquecido, mas estamos aqui, certo? Saindo do apartamento dela e indo em direção ao meu carro, comecei a ficar nervoso, que saco essa garota, o que ela tem sobre mim, para eu ficar desse jeito?
Ela abriu a porta do passageiro e entrou, fiquei apenas observando. Oi? E a parte que o mocinho abre a porta para a mocinha? Ela nunca viu nenhum filme romântico, não?
- Jonas, vai entrar ou vai ficar parado aí mesmo? - Ela perguntou se apoiando na janela do motorista.
- Ah, claro - Entrei no carro e sentei no banco, me perdi em pensamentos olhando para a direção do carro, não queria ficar que nem um idiota só porque ela esqueceu, estou ficando neurótico.
- Quer que eu dirija? - Ela perguntou sorrindo para mim, aquele sorriso contagiante que me fez esquecer da pequena decepção com a cabeça fraca dela. Mas que fique bem claro, só EU dirigia aquele carro.
- Não precisa, vamos, vamos - Dei partida no carro. Ela começou a mexer nos meus CD's que estavam dentro do porta-luvas. Às vezes sorria, ás vezes fazia uma careta - Poem algum aí.
Olhei para ela, e ela sorriu.
- Ok - Pegou um CD que eu não vi qual era, pois a rua tomava conta da direção dos meus olhos.
A batida de "Nightclubbing" ecoou pelo carro.
- Iggy Pop? Só pode ser brincadeira - Sorri, rindo para ela. Incrivel, desde quando uma garota gosta de Iggy Pop?
- Ué, porque? - Ela perguntou estranhando minha pergunta. Porque? Ela era demais, Iggy Pop, impressionante.
- Como porque? Você gosta de Iggy Pop! Tem como ser mais perfeita? - Pensei alto, mas ela não se incomodou e gargalhou, jogando a cabeça para trás, o pescoço convidativo dela entrou na minha visão e eu me segurei para não ir beijá-lo.
- Parece que conviver com meu pai me deu bom senso musical - Meus olhos estavam presos no pescoço dela, mas vi ela abrir um pequeno sorriso.
- Porque não mora mais com ele? - Ela fechou a cara, acho que peguei no ponto fraco, a família.
- Cansei de sentir bafo de cerveja e ver homens desconhecidos acordarem ao lado da minha mãe - Os olhos dela perderam o brilho e ela ficou encarando a rua.
O silêncio surgiu no carro. Parei o mesmo na frente de casa e ela a observou, reabriu o sorrisinho no rosto.
Ela abriu a porta do carro e olhou para o céu.
- Acho que vai chover hoje - O sorriso dela triplicou de tamanho.
- Gosta de chuva? - Perguntei já ao lado dela, sentando no capô do carro. Ela encontou na porta e virou a cabeça para mim.
- Adoro - Passei a mão na cabeça, o nervosismo estava ficando mais visivel e maior por dentro. Onde está meu ego? - Vem Nick, quero conhecer sua mansão particular.
Ela saiu correndo apertando o casaco contra o corpo, eu ri, era uma cena realemente bonita, simples, mas bonita. Saí correndo atrás.
Sam se apoiou na varanda da frente da minha casa e eu comecei a procurar a chave no meu bolso.

Entrei na casa de Nick e a observei atentamente, já tinha mais que certeza de que ele era um rico mimado agora. Senti as mãos ásperas dele tocaram no meu ombro.
- Me dê seu casaco - ele sussurou com o bafo quente batendo no meu pescoço, minhas pernas quase cederam. Tirei o casaco e ele pendurou no cabideiro - Vem, pode entrar, fique a vontade.
Nick entrou e foi em direção á uma sala, que provavelmente era a cozinha. Fiquei observando um quadro que havia na parede, eram galhos de árvore, muitos galhos, se contorcendo um em volta do outro, como uma grande orgia. E havia duas folhas secas na ponta de um dos galhos, pareciam duas uvas passas de tão enrugadas.
- Bonito, não? - Nick perguntou me oferecendo uma cerveja gelada com a mão e parou ao me lado, observando o quadro. Murmurei algo concordando.

- Meu pai que fez - Ele deu um gole na cerveja - Ele costumava fazer quadros, na época de faculdade.
- E o que ele é agora?
- Advogado - Fez uma careta me fazendo rir - Venha, jantar servido.
Fomos em direção a uma sala com uma pequena mesa no centro, em cima da mesa havia uma vela artesanal, bem improvisado.
- E o que temos para jantar, chef?
- Bolo de carne - comecei a gargalhar, bolo de carne? Em um encontro ainda?
- É, Nick... - Parei de rir e olhei a cara confusa dele - Eu sou vegetariana.
Ele abriu a boca tentando emitir algum som, mas provavelmente, nada saiu.
- Acho que agora temos problemas - Nick riu sem graça, passando as mãos no cabelo.
- Tudo bem, não estava com fome mesmo - Dei de ombros, mas aquilo era uma grande mentira, eu estava faminta, podia até comer um bode - E ainda temos brócolis!
Peguei um brócolis que estava em uma pequena tigela de mármore e dei uma mordida, ele sorriu sem graça e sentou.

- Vamos, Nick, eu te concedo 2 perguntas!
Já estávamos meio "altos", o bolo de carne estava intacto e os brócolis haviam sumido da tigela. Porque não perguntei antes o que ela comia? E quem faz bolo de carne em um encontro? Ela devia pensar que eu era patético, agora era fato.
- Só 2?
- Sim, só duas, você me pergunta duas e sendo assim, eu tenho o mesmo direito. Vamos, pode começar - Sam deu um gole em alguma latinha de cerveja que ainda não estava vazia, por íncrivel que pareça.
- Com quantos caras você já dormiu? - Pode parecer uma pergunta chata de se responder, mas eu tinha que ser direto, afinal, só tinha duas chances para saber tudo que eu queria. Sam abriu a boca com cara de espanto.
- Que pergunta indelicada, Nick!
- Ela deu um tapa no meu ombro. Outch - Não vou falar da minha vida sexual com você!
Ela disse a palavra você com um certo tom de deboche. Ué, eu não podia perguntar o que eu quisesse?
- Vamos, responda, você fez as regras, siga elas agora - Ela me fuzilou com o olhar mas acho que se deu por vencida, 1 `0 para mim.
- Porque a pergunta, Jonas?
- Curiosidade - Levantei a sombrancelha maliciosamente e ela riu.
- Ok... dois - Sam falou baixinho, e sem graça. Merda, na realidade eu esperava uma resposta do tipo "Oh Nick, nenhum, me guardei para você". Mas é claro, que NUNCA Sam falaria algo assim para mim, não sei da onde eu tirei que ela iria falar aquilo para mim. Acho que a esperança é maior que a relidade - E você?
- Essa é sua primeira pergunta?
- Exatamente - Sam levantou a sombrancelha do mesmo jeito que eu.
- Ahn... Não sei - Ri sem graça.
- Tantas assim, Nicholas?
- Ah, você sabe, sou homem, tenho 17 anos, moro na Califórnia, as coisas acontecem com uma rapidez impressionante - Sam riu de mim - Porque você gosta de Iggy Pop?
- Porque ele é sarado - Sam gargalhou alto e eu a acompanhei. Ela parou, e ficou me olhando por alguns segundos.
- Se você pudesse, você me beijaria? - Sam continuou me olhando séria, não sabia o que responder, ou se aquilo era uma indireta ou não. Meu pelos da nuca se arrepiaram e minhas mãos começaram a suar, o poder dele, de me deixar nervoso, tomou controle da situação. Aquela era uma pergunta óbvia, é claro que eu a beijaria, na verdade, naquele momento, a única ação que eu pensava em fazer era encostar os lábios finos e avermelhados dela nos meus.
- Sinceramente? - Sam continuou me olhando e eu respirei fundo - Sim.
Ela sorriu, me senti melhor com essa reação. Acho que nos encaramos por uns certo minutos até que decidi quebrar o gelo, para esclarecer uma dúvida.
- Você quer me beijar?

Encarei Nick mais afundo nos olhos, sabia que a conversa iria tomar esse rumo. Por uma lado, me arrependi de ter perguntado, por outro, não.
- Ei, isso já são três perguntas! Só te concedi duas, Jonas - Ainda bem, algo para me safar.
- Isso não é uma pergunta - Olhei para ele assustada. Não era? - É uma afirmação.
Meu cérebro não conseguiu processar a informação tão rápido, sem me dar conta, senti os lábios quentes de Nick sobre os meus, o gosto de cerveja que vinha da boca dele deixava o beijo amargo. Nick partiu o beijo e posicionou sua mão sobre minha bochecha, que devia estar rosada agora, passou levemente seus dedos por ela, ainda de olhos fechados. Ri por dentro com a cena, Nick era mais do que mostrava ser. Ele abriu os olhos depois de um curto tempo e ficou me olhando, desviei o olhar e sorri, ele sorriu junto.
- Os brócolis estavam ótimos - Comentário idiota da minha parte, mas não podia ir embora sem falar aquilo, Nick riu. Tomei um gole da cerveja e ele tirou os dedos quentes da minha face.
Levantei, peguei meu casaco no cabideiro, e ele acompanhou todos meus movimentos. A noite estava fria desta vez, acho que o tempo é bipolar. Coloquei o casaco e peguei o maço de cigarros do bolso, Nick continuava a me acompanhar pelo canto do olho.
Dei um beijinho no canto da boca dele, sorri, e saí andando.
- Posso te ligar? - Nick gritou da varanda, eu já estava do outro lado da calçada, indo em direção ao apartamento. Virei para ele e sorri.
- Depende - gritei de volta e Nick me olhou meio desesperado.
- De quê?
- Você vai me convidar para sair? - Ri e saí andando mais rápido, por causa de uma brisa gelada que passou bom mim. Ele respondeu algo mas o vento não me deixou ouvir.

X

- Não, Mary, já te falei um milhão de vezes, foi só isso que aconteceu - Falava no telefone com Mary, ela AINDA queria saber todos os detalhes da noite de sábado. Conversa de garotas que não tem o que fazer, e não arranjam, porque fofocar as vezes faz bem para a alma.
- Ok, dessa vez, eu acredito, porque já enchi muito o seu saco com isso - Mary riu do outro lado da linha - Vai fazer algo hoje?
- Não, porque? - Não estava afim de sair, na realidade, nunca estou, sou anti-social, odeio pessoas e gosto de ficar em casa. Se sou chata? Sou no minimo, insuportável.

- Não sei, os meninos iam vir para cá, vem também - A possibilidade de ver Nick me deixou com vontade de ir. Só para vê-lo, mesmo.
Depois da noite de Sábado, Nick me ligava todas as noites, só para perguntar como eu estava, para rir, conversar um pouco. Passavamos horas no telefone, era algo divertido.
- Pode ser, à que horas devo chegar, madame?
- Agora mesmo, trate de por uma roupa bonita e venha traçar o Nick - Mary riu.
- Não sei onde arranjo amigos como você - Falei sinceramente, Mary era uma figura, conseguia ser engraçada e doce quando queria, sempre tinha as respostas.
- No céu, querida, no céu.
- Até logo então, amor - Desliguei o telefone, odeio finais de conversa, "tchau", "se cuida", "vou sentir saudades". Arranja outras ocasiões para falar isso, não no telefone, odeio despedidas.
O dia estava chuvoso, de madrugada havia chovido, adoro chuvas de verão, são meu calmante. Coloquei uma calça e uma blusa qualquer e fui em direção à casa da Mary.
Stevie estava jogado no sofá com uma revista de jardinagem presa nos dedos, ele dormia profundamente, então não quis incomodá-lo e deixei um bilehte falando que havia saído.

- Mary, porra, a campainha - Gritei, mas ela estava ocupada demais falando com Joe na cozinha. A casa era dela, mas parecia que eu quem morava lá - Mary, atende essa merda.
Ou ela era surda, ou a conversa com Joe já tinha passada para um nível mais baixo.
Leventei e fui em direção a porta.
- Já vai - Achei a chave entre as correspondências e abri a porta. Lá estava ela, com o famoso cigarro na mão e o sorrisinho encantador. Sorri sem graça, pois ainda não tinha visto Sam depois do beijo, só conversado por telefone.
- Nick, olá - Ela abriu um enorme sorriso e depositou um beijo na minha bochecha.
Não consegui responder nada, estava em estado de choque, e nem eu sei o porque, quando me dei conta, ela já havia jogado o cigarro no chão e entrado na casa.
- Mary, querida, pare de se pegar com o Joe e me diga um bom dia decente - Sam gritou indo em direção a cozinha. Tenho que mencionar que ela estava linda, ela sempre consegue ficar linda com o mais básico, e a cada dia, fica mais bonita. E cedo ou tarde, tinha que conversar com ela sobre a noite de Sábado, sempre no telefone, ela desconversava.
Mary saiu da cozinha seguida por Joe, ambos estavam com um tom de vermelho bem forte nos lábios. Sam cumprimentou Joe e pegou no braço de Mary a levando de volta para a cozinha, Joe foi atrás e resolvi fazer o mesmo.
- As férias estão acabando - Mary gemeu como se sentisse dor.
- Isso é ótimo, não aguento mais essa vida de vagabunda, não tem mais nada para fazer e ainda por cime, Stevie me trocou por um viciado em disco - Sam riu.
- Vai para que colégio, Sam? - Joe perguntou, se sentando na bancada ao lado de Sam.
- Se eu conseguir uma bolsa na de vocês, me aguentem todas as manhãs - Sam sorriu. Na realidade, não gostei da idéia de que ela estudasse lá. Eu tinha uma fama bem diferente do que eu era naquele colégio, e com toda certeza, se ela não me conhecesse antes, me acharia um babaca galinha sem coração.
- Quando é a prova? - Perguntei tentando mostrar que estava de acordo com a idéia, mas a negavtividade transpareceu.
- Amanhã - Sam respondeu secamente sem me olhar.
Estranhei a atitude dela, parecia mais bipolar que o tempo da Califórnia.
- Vai estudar, então! É quase impossível as provas daquele lugar - Joe disse olhando preocupado para Sam, Mary gargalhou - Qual é a graça?
- A Sam é mais nerd que o Max, ela tem o QI maior do que de um gênio - Mary continuou rindo e Sam deu a língua.
- Quem é Max? - Sam perguntou, e Mary se acalmou do riso.
- O nerd do colégio, que toca trombeta e participa das olímpiadas de matemática, você vai gostar dele.
- Sorte, Sam, sorte - Joe disse, e Sam riu.
- Estou confiante - Ela piscou e foi em direção a sala, sabendo que Joe e Mary queriam é ficar sozinhos, resolvi ir falar com ela.
Sam estava no sofá, olhando para a janela, tinha começado a chover. Sentei ao seu lado e sussurrei em seu ouvido:
- Precisamos conversar, não acha? - Ela não respondeu, apenas olhou para mim, para a chuva, e para mim de novo, sorriu e deitou a cabeça no meu colo, esticando as pernas sobre o sofá.
- Percebeu como esse tempo é bipolar? - Ela riu, e eu ri também. Exatamente como eu pensava.
Comocei a mexer no cabelo dela, era cheiroso. Ela fechou os olhos sentindo meu toque, era bom ter ela nos meus braços, era reconfortante. Fechei os olhos junto com ela e ficamos lá, ouvindo a chuva cair, e os barulhos que Mary e Joe faziam da cozinha.
Acho que eram umas 6hrs da tarde quando Mary me acordou, eu havia adormecido. Sam não estava mais deitada no meu colo, estava pegando um guarda-chuva xadrez perto da porta.
- Te dou uma carona - Levantei do sofá rapidamente e segurei uma das pontas do guarda-chuva com a mão, Sam me encarou.
- Não precisa.
- Eu insisto - Dei meu melhor sorriso, mas ela não parecia querer minha companhia.
- Aceita logo, Sam, está chovendo - Mary deu um beijo estalado na testa dela e depois me empurrou para fora da casa, junto com Sam, que deu de ombros.
Ela entrou no carro e não tentei puxar nenhuma conversa, ela parecia triste. Mas, não consegui ficar muito tempo calado, ainda queria conversar. Ou aquele beijo não significou nada para ela e eu que sou louco mesmo?
- Sam, precisamos conversar - Falei sério e ela me ignorou, mulheres me irritam MUITO às vezes - Você não pode fingir que nada aconteceu.
- Nick, chegou - Ela disse olhando pela janela, estavamos há um quarteirão do prédio dela, sem quase ninguém e nada aberto.
Ela foi impulsiva e simplesmente virou a chave que estava no painel e o carro parou.

O carro estava parado, a chuva caia pela janela, olhei para Nick, ele para mim.
- Não pode me ignorar para sempre, certo?
- Tentarei o máximo o possível - Sorri e saí do carro.
Abri a porta de entrada do prédio e vi o carro de Nick se afastar.

XI

- Sam, minha flor, acorda - Ouvi Stevie cantarolar alegremente dentro do meu quarto, revirei na cama e olhei para ele.
- Que houve? - Murmurei baixinha, ainda sonolenta, o relógio marcava 9:30 da manhã.
- Você tem prova, amour - Ele sentou na beirada da cama me encarando. Merda, a prova, tinha esquecido completamente. Levantei voando da cama e peguei alguma roupa do armário.
- Obrigada, não sei o que seria de mim sem você - Dei o famoso beijinho nos lábios de Stevie e saí correndo para o banheiro.
- Não vai comer nada? - Stevie perguntou enquanto eu pegava o material necessário para a prova. Fui em direção a cozinha, havia uma caixa de pizza e umas frutasd do lado. Não posso mesmo esquecer de fazer compras.
- É de quando? - Perguntei apontando para a pizza.
- Ontem de noite - Stevie piscou. Peguei um pedaço da pizza de palmito amanhecida e saí correndo, adoro junkie food.
- Tchau, volto logo! - Bati a porta mas ouvi Stevie murmurar algo como "não me decepcione, amour".
O colégio não era tão longe de casa, peguei um ônibus e fui em direção a ele.
Estava claro, mas sem um sol muito forte, o tempo devia estar se recuperando do dia chuvoso de ontem. Havia muitas pessoas na rua, surfistas, empresários correndo de um lado para o outro, crianças jogando bola e mulheres passeando com os cachorros, senti falta da minha máquina aquela hora, seriam ótimos momentos para recordar.
Apertei o botãozinho e desci no ponto perto do colégio, faltava uns 5 minutos para a prova. Se tem algo que eu fico neurótica, são às horas, odeio estar um minuto atrasada, me dá aflição.
Andei um pouco passando por alguns estudantes que deviam estar escolhendo matérias ou fazendo provas, que nem eu.
Era um colégio enorme, bem típico americano, aqueles de filme. Armários gigantes e cinzas, quadras com arquibancada, um gramado gigante. Grande Califórnia.
Olhei para um cartaz onde indicava a sala da prova, algumas garotas passaram por mim e me olharam com um certo ar de superioridade. Acho que eu e o Max vamos ser realmente ótimos amigos.
Entrei na sala da prova, havia mais umas 6 pessoas lá dentro. Sentei numa cadeira perto da porta e fiquei encarando a lousa, uma garota com um cabelo arroxeado e um piercing no sépto se sentou atrás de mim e murmurou.
- Gostei da meia-calça - Olhei para mim mesma, era uma meia calça rosa choque, ri, não lembrava de ter vestido ela hoje de manhã, sorri para a menina.
- Gostei do piercing - Ela sorriu animada.
- Britânica? - Respondi um sim com a cabeça e ela se animou mais ainda - Vai entrar em que ano?
- Se tudo der certo, terceiro, e você? - Ela me parecia legal, então, conitnuei a conversa.
- Segundo. Estudei aqui até a oitava série, aí minha mãe resolveu me tirar daqui, e esse ano resolvi voltar. Esquero que você goste, não conheço muito gente do seu ano, é onde tem os mais populares metidos a besta - Ela fez uma careta - Odeio eles.
Ri, com certeza ela devia estar falando de Nick Jonas e sua trupe.
Uma senhora baizinha, com cabelos grisalhos e entrou na sala anunciando a prova. Múltipla escolha, e estava fácil. Como a Mary diz, sou nerd e tenho QI mais alto do que um de um gênio. Terminei a prova e entreguei para a senhora de cabelos grisalhos, que se apresentou com Prof. Rose. Acenei para a garota de cabelos arroxeados e fui em direção a saída.
- Ah, desculpa - Esbarrei em um garoto com os jeans surrados.
- Não foi nada - Olhei para ele.
- Harry?
- Sam! Uau, que surpresa, o que está fazendo aqui? - Harry me olhou surpreso e depois sorriu.
- Prova - Revirei os olhos.
- Você vai entrar aqui? Que demais, dude - Ele abriu mais o sorriso.
- Hey Sam - Olhei para o garoto ao lado de Harry, era Kevin. Havia outro garoto loiro com eles, mas não tinha a menor idéia de quem era.
- Kevin - Sorri, Kevin pois as mãos nos ombros do garoto loiro.
- E este é o Tom - Será o Tom que eu estou pensando?
- Tom? Namorado da Mandy? - Tom abriu um sorriso gigante.
- Eu mesmo - Ele fez um tipo de referência, o que me fez rir - Ouvi muito de você, pequena Sam.
- Ah é? Esperto que tenha ouvido coisas boas a meu respeito.
- Coisa boas, coisas ruins, quem se importa! - El riu ironicamente.
- Estamos indo almoçar, afim? - Harry perguntou, olhei para o relógio da parede do colégio, quinze para meio dia.
- Pode ser - Ri, e saí andando com eles.

XII

Último dia de férias, o pior. Não queria voltar para aquele colégio, ver aquelas pessoas, e ainda ter Sam por lá, para me deixar mais nervoso.
Sim, ela tinha sido aceita, acertou 97 questões, de 100. bem que Mary disse.
Pensei em passar o dia inteiro de boxer, vendo luta livre ou jogando video game, e tenho que aproveitar a cerveja, meus pais voltam semana que vem.
A campainha tocou, sonho acabado. Fui de boxer mesmo atender.
- Jonas, que horror, temos uma garota no recinto - Olhei para quem estava na minha frente. Harry e Sam, um abraçando o outro pela cintura. Harry colocou as mãos nos olhos de Sam para tampar sua visão, ela riu e tirou as mãos deles de seu rosto.
- Já vi coisas piores - Eles gargalharam, desde quando haviam ficados tão intimos? Eu não falava com Sam há uns três dias, mas Harry... Harry eu via todos os dias, e ele não mencionou N-A-D-A sobre essa aproximação.
Ciúmes? Estarei mentindo se disser não.
- Vamos, ponha uma roupa porque vamos sair, estamos esperando no carro.
Harry me empurrou para dentro de casa e foi com Sam em direção ao carro, avistei o resto do pessoal lá dentro. Porra, só porque eu queria paz, pelo menos um dia.
Entrei em casa e me vesti.
O tempo estava bom hoje, tinha parado de chover. Ouvi uma buzina e desci, deviam estar cansado de esperar.
Entrei no carro e sentei ao lado de Joe e Mary, no banco de trás. Sam e Harry estavam no da frente, esse carro do Harry é muito pequeno.
- Os outros foram com Tom - Joe disse enquanto ria da minha cara de confuso.
- Para onde vamos?
- Praia - Certo, podiam ter me avisado antes, eu iria com alguma sunga ou algo parecido, mas reparei que ninguém no carro estava com roupa de banho.
Sam pegou um cigarro da bolso e o acendeu, deu uma tragada, soltando a fumaça em forma de bolas, que nem nos filmes. Sempre quis fazer isso.
- Acende um pra mim, amor - Harry disse, Amor?! Que porra de história era essa? Ela me ignora mas o Harry ela conversa e ainda deixa chamar de amor.
Sam acendeu outro cigarro e depositou entre os lábios de Harry.
Maldito.

A praia não estava muito cheia, tinha apenas surfistas no mar e típicos californianos na areia, e desta vez, eu trouxe minha camêra.
Estava uma brisa fria, mas gostosa, as árvores balançavam conforme o vento batia em cada uma de suas folhas. Aquele cheiro de maresia invadiu minhas narinas, aquilo sim era uma das melhores sensações que a natureza causava.
Tirei meus chinelos para sentir a areia espessa achar caminhos entre meus dedos.
- Sam, ajuda aqui - Harry me tirou do pequeno transe ecológico.
Fui ajudar ele a pegar uns engradados de cerveja que estavam no porta malas do carro.
Nick estava ajudando também, ele estava um pouco sério. Nós não nos falávamos à uns três dias, eu estava realmente ocupada esses dias, resolvendo coisas da bolsa escolar, do aluguel com Stevie e etc. É díficil ser tão independente nessa idade. Amanhã as aulas voltavam para eles, e para mim, começavam, gostaria de falar com Nick sobre isso, nas nossas conversas de telefone, sempre me abria com ele, aposto que ele sabe mais de mim do que a Mary, me sentia segura com ele.
Pegamos os engradados e sentamos em um costão do lado direito da praia.
- Então, quer dizer que você conhece a Sam há mais tempo que eu, não acredito! - Mary conversava com Harry e Joe, Nick ouvia estranhando o assunto. Julie pegou minha polaroid e começou a tirar fotos de todos nós e da bela paisagem, Mnady e Tom estavam em uma pedra perto dali, concentrados demais em comer um ao outro.
- Pois é, conheço! Por isso ela devia ser minha melhor amiga - Harry riu falando com uma voz meio gay e me deu uma cerveja.
Abri a latinha e dei um gole.
- Desculpa Harry, não posso abandonar a Mary - Mary me abraçou de lado e eu puis minha cabeça em seu ombro.
- Feriu meus sentimentos, Samantha - Harry fez um gesto de negação com a mão. E ainda por cima disse meu nome inteiro, odiava quando faziam isso, me lembrava a merda da minha mãe me dando broncas.
- De onde vocês se conhecem? - Nick perguntou confuso, olhando de mim para Harry.
- Quinta encontrei os garotos e fui almoçar com eles, então, descobri que estudei com Harry no jardim de infância, lá em Bristol.
Nick abriu um sorriso gigante, do tipo 'entendi-tudo-agora' e ficou me olhando.
- É, a Sam era um demoninho, ela sempre me fazia comer areia - Reprovei Harry com um tapa no ombro e ele exclamou um "outch".
- Toma, Sam - Julie sentou ao meu lado, me deu a polaroid e algumas fotos na mão, Nick se aproximou mais de mim para ver as fotos, nisso, nossos joelhos se tocaram, senti ele se arrepiar, o que gostei muito, e me arrepiei junto.
Julie até que tinha técnica para tirar fotos, comecei a observar as fotos, algumas de Tom e Mandy em seu momento particular, Harry sempre com a cerveja na mão, Joe fazendo pose de galã em quase todas as fotos, Mary e eu nos batendo, a última foto era de Nick, dando seu famoso sorriso encantador, ele estava olhando para mim, enquanto eu encarava os pés. Era uma foto um bocado bonita, ele sorriu ao vê-la.
A tarde estava caindo, o sol se pondo, deixando o céu num tom arrosado e alaranjado, misturado com lilás, peguei a polaroid e tirei uma foto desta visão, que digamos, podia ser do paraíso.
- Bonita - A voz rouca que sempre pousava ao meu lado, pousou novamente, fazendo meu estômago revirar, tenho dizer que foi realmente estranho.
- Eu ou a foto? - Não ia resistir a fazer essa piadinha. Rimos, Nick se sentou do meu lado na pedra, os outros estavam lá longe, bêbados, rindo e tentando acender alguma fogueira.
- As duas - Nick sorriu malicioso.
Senti um pingo de água cair sobre meu nariz, um pingo, outro, outro e mais outros. A chuva de verão voltou, ri irônicamente. Os pingos ficavam mais intensos e suas quantidades aumentavam.
- Vem Nick - Levantei e peguei na mão de Nick. Andamos um pouco entre algumas pedras e chegamos em uma pequena clareira, perto da estrada, com um gramado cheio de margaridas, era lindo, lindo para burro.

Sam se virou de costas e respirou fundo.
- Não é bonito? - A chuva tinha ficado muito forte, e nessa altura do campeonato, nós estávaos encharcados. Ela riu alto e deu um gritinho.
- É, é bonito mesmo - Cheguei perto de Sam e a abracei por trás, apoiando minha cabeça em seu ombro, ela sorriu e fechou os olhos com o meu toque.
Fiquei pensando aqui, nas conversas idiotas que tinhamos por telefone, em como ela me fazia rir por uma besteira, como ela conseguia transformar tudo que era odiável em algo irônico, como ela conseguia transformar a tragédia em comédia, isso era totalmente incrível, ela era incrível.
Com o tempo que passei brisando apoiado no ombro de Sam, a chuva foi parando o céu já havia ficado escuro, mostrando algumas estrelas, as luzes dos postes da rua eram as únicas coisas que nos iluminavam, sorri sozinho.
- Lavanda, com certeza - Cheirei a nuca dela, quase me envenenando, me drogando com aquele perfume, era bom para burro. Ela riu, se virou para mim e deu um beijo em meus lábios.

- Queria aproveitar seu romantismo - Ri, Nick riu me acompanhando.
- já sabe da minha fama de galinha popular, então? - Concordei com a cabeça.
- Uhum, Mary me conta tudo - Obrservei ele atentamente, enquanto ele cheirava minha nuca e dava leves beijos nela - Mas não me importo, apenas dê um 'Olá' para a sua amiga nerd, que eu juro, não vou ficar brava.
Nick apertou suas mãos contra minha cintura.
- Te dou muito mais do que um 'Olá' - Me virei de frente para ele e gargalhei com seu olhar malicioso, dei um tapa de reprovação em seu ombro, acho que essa era minha marca registrada - Outch, você é agressiva, sabia?
- Sabia - Pisque e dei de ombros, ele apenas sorriu.
Resolvemos voltar para as pedras onde o resto do pessoal estaria, mas não achamos ninguém, só latas de cerveja jogadas no chão.
- Devem estar no carro - Concordei com a cabeça, e Nick e eu fomos abraçados em direção ao carro.
Não havia mais ninguém na praia, a chuva assustou todos, mesmo ela sendo rápida.
Abri a porta do carro de Tom e encontrei todos tremendo e bebendo os restos de cerveja.
- Ei pombinhos, para onde foram? - Joe me concarou e riu maliciosamente, eram todos uns cafajestes, isso sim.
- Ver o pôr-do-sol com uma visão mais ampla - Ri, e Julie me olhou.
- Sei, sei - Ela riu - Estpa frio e eu quero ir para casa.
- Para de ser fresca - Harry olhou com deboche para Julie e saiu do carro, sendo seguido por Joe e Mary.
- Vai se ferrar, Judd - Julie o fuzilou com os olhos e Harry deu de ombros.
- Então vamos, antes que a bichisse contamine - Ele bateu os pés indo em direção ao carro, Harry e Julie, sinônimos de ridicularidade amorosa.
Joe sentou na frente desta vez, enquanto Mary, eu e Nick dividiamos o pequeno banco de trás.
- Vou deixar a Sam antes - Harry avisou a todos, ligando o carro - Ok, amor?
- Claro, amor - Nick me olhou com um olhar MUITO ciumento, me senti desejada com esse olhar, um bocado desejada, adorei. Mas, pelo amor de deus, ciúmes?! De mim e de Harry?! Só podia ser brincadeira.
- Ciúmes, Nick? - Mary percebeu o olhar dele e fez está perguntinha básica, o que me deixou empolgada e o deixou levemente vermelho.
- Claro, ninguém chama o Harry de amor além de mim - Nick gargalhou, me fazendo abrir a boca para falar algo, mas nada me veio na cabeça, então desisti. Esse era nosso defeito, Nick e eu eramos muito orgulhosos, nunca aceitavámos nada.
- Ah, amorzinho, não se preocupe, sou todo seu - Harry riu e fez um gesto um bocado gay com a mão.

XIII

- Nick, acorda - Ouvi minha mãe gritar lá da sala. Era segunda-feira, primeiro dia de aula, iupi. E mais, meus pais haviam voltado, para deixar me dia ainda mais divertido, irônia me salva do mau-humor as vezes. - Acorda logo, menino, vai se atrasar.
E o pesadelo começou. Levantei da cama e peguei uma calça jeans do armário, coloqueia ela e desci para comer algo.
Entrei na cozinha e levei um susto, Mary e Sam estavam sentadas na mesa discutindo algo super compenetradas com a minha mãe. Sam percebeu minha presença, e não só ela, percebeu minha cara de espanto, porque ela riu, ô se riu.
- Precisávamos de carona - Sam sorriu. Ela estava com um short preto, que deixava seu belo par de pernas à mostra, o que já deixava meu humor no estado normal, e os hormônios em um estado elevado, mas isto não importa, o que importa era a camiseta dela, que me impressionou, cinza básica, do Johnny Thunders. Caralho, já falei que ela é incrível?
- Ah claro - Sorri para elas - Mãe, cadê minha blusa azul? - Percebi o olhar de Mary e Sam sobre meu abdômen, são esses olhares que deixam meu ego nas alturas.
- Lá na lavanderia - Minha mãe disse sem nem olhar para mim e voltando a conversar com as duas, me sinto tão amado assim.
Puis a blusa e peguei uma maça da cesta de frutas.
- Vamos? - Falei pegando a chave do carro.
As garotas se despediram da minha mãe e foram em direção ao carro, Sam se sentou no banco do passageiro e Mary atrás.
- E aí? Anciosa? - Virei para Sam e sorri.
- Opa, tudo que sempre quis - Ela fez um sinal de positivo com a mão e revirou os olhos.
- Parem de reclamar, curtam o momento - Mary riu.
- Pareceu uma maconheira falando, parabéns - Sam disse e riu, me fazendo rir junto.
Fomos conversando sobre idiotices, como sempre, até chegar no colégio. Ficamos no carro o encarando por um certo tempo.
- Bem vinda ao inferno - Mary se apoiou no banco da frente e sussurrou no ouvido de Sam. Suspirei e sorri confiante para Sam, que retribuiu o sorriso.
Já sabia como iam ser as coisas, nós dois já sabiamos. Ela odiava o ser que eu me tornava naquele colégio, mesmo não conhecendo, tenho certeza de que iria odiar, eu era um babaca, irracional, deixava me levar pela opinião dos outros, ela, era totalmente o contrário.

Saímos do carro e entramos em algo que costumo chamar de inferno astral, mesmo feliz por parar com a vida de vagabunda, não quer dizer que ir para o colégio era a razão do meu viver.
- Nick, que saudade - Uma loira oxigenada se agarrou no pescoço de Nick. Já estava mais que na hora, ainda bem que já tinha me preparado para o fim do romantismo - Oi Mary!
A oxigenada cumprimentou Mary e me olhou de cima à baixo, com um olhar de decobhe e um sorriso amarelo estampado na cara, ela estava seguida por outras duas garotas, metidas, iguais a dona.
- Vou guardar o material - Falei para Mary e resolvi sair, sem ao menos olhar para Nick. Mesmo que ache esse lance de reputação um bocado patético, Nick tinha a dele, e quem eu era para terminar com ela?
- Ei, Thunders - Ouvi alguém gritar, como eu estava com a blusa do Johnny Thunders, raciocinei que o grito foi direcionado para a minha pessoa. Virei e dei de cara com a menina de cabelo arroxeado com mais um grupo de 'semi-punks' sentados numa mesa. Ela fez um sinal com a mão para eu me juntar à eles, resolvi ir.
- Olá - Sorri para ela, os outros da mesa me encaravam com curiosidade.
- Hey, então, acho que nem nos apresentamos aquele dia, certo? - A garota de cabelo arroxeado sorriu.
- Certo. Sou Sam.
- Bettie, e estes são, John, Izzy Duffy e Stela.
Olhei para as pessoas sentadas em volta da mesa, que não me encararam com olhar de deboche, e sim de simpatia.
Izzy e Stela, as garotas, me pareciam boas pessoas. Stela tinha o cabelo descolorido, aquele loiro bem branco, e parecia uma boneca de porcelana, frágil, que quando toca, tende a se quebrar, já Izzy eu poderia classificar como aquelas mulheres fatais, tinha cabelos longos e pretos, um corpo que metade desse colégio desejaria ter e a boca muito vermelha, parecia até um vampiro. Duffy era ruivo e tinha cara de ser aqueles amigos burros de personagens principais de filmes, ele estava com um suspensório verde, o que era bacana e ao mesmo tempo, incrivelmente lunático, parecia um escôces que tocava gaita-de-fole. Agora John, ele era bem bonito, estava com um wayfarer preto tampando os olhos, tinha os cabelos bagunçados e a calça apertada, iguais a que Nick usava, o que tenho que dizer, é incrivelmente atraente em homens.
- Ah, ela é a garota da prova? - John perguntou dando seu sorriso colgate.
- Eu mesmo - Me sentei junto com eles na mesa.
- Curte Thunders?
- Adoro - Me virei para John e sorri.
- Aleluia, alguém com bom gosto nesse inferno - Stela fez gestos como se eu tivesse descido do céu para salvá-la.
Olhei para o lado e vi Mary, junto com Louise, Mandy e Julie, os garotos, a oxigenada e suas seguidoras e mais alguns caras gigantes, que deviam ser do time de futebol. Stela fez uma cara de nojo e Izzy riu.
- Vi você chegando com Nick e Mary hoje - Bettie olhou séria para mim, logo, todos os olhares da mesa se viraram para mim.
- Por incrível que pareça, Mary é uma das minhas amigas mais antigas - Não gosto de usar o termo 'melhor amiga', e Mary era mesmo da velha guarda, do tempo que ela tinha um senso de estilo naquele cérebro, e todos nossos dias eram gastos com drogas e idas em bares curtir bandas novas e ruins. Eu não mudei tanto desde aquela época, acho que não mudei quase nada, mas Mary, mudou MUITO.
- Uh, você é amiga de Nick Jonas - Izzy perguntou mordendo o lábio inferior. Tire os olhos, vampirinha, só eu posso pensar algo obsceno com o Jonas. Ela e Stela riram.
- Digamos que sim - Respondi friamente.
- Ah, convenhamos, ele é um babaca, mas é gostoso - Bettie as reprovou com o olhar.
- Ele consegue ser legal quando quer - Falei sincera.
John me olhou de cime a baixo, como se estivesse me avaliando, pensei que ele ia fechar a cara, mas ao invés disso sorriu e ficou um tempo secando meu busto, o que me deixava incomodada, garotos na puberdade não conseguem disfarçar os olhares tarados, ainda tem muito o que aprender.
- Eu amava ele na oitava série, ugh - Bettie riu, se achando um tanto patética, eu a olhei espantada, Bettie com Nick?! Não combinava, mesmo, não falo por ciúmes, falo por sinceridade.
- Sério? - John riu da minha cara de espanto.
- É, ela era viciada nele, mas como ela era estranha e não tinha amigos, no dia em que ela se declarou, virou piada, foi hilário - Bettie fuzilou John com os olhos. Aposto que se ele estivesse no lugar dela não seria hilário porra nenhuma.
- Vai se fuder, John - Bettie mostrou o dedo do meio para ele e fechou a cara, transformando a atmosfera da mesa igual a de uma biblioteca.
- Bem, tenho que ir para a aula - Saí andando, não estava afim de ficar fingindo que odeio Nick para eles.

Sam parou de conversar com os punks do segundo ano e entrou na sala. Mary a olhou com uma cara do tipo 'desculpa-por-isso' e Sam, sem emitir voz algumas, apenas mexendo os lábios falando 'tudo bem'. Ela sorriu e sentou na primeira carteira, ao lado de Max.
Sam nem olhou na minha cara, odeio o fato dela pensar que eu sou um babaca, e ainda mais agora que ela ficou amiguinha da Bettie, que eu "humilhei indiretamente" quando eu estava no primeiro colegial e ela na oitava série. Sam deve me odiar, que porra.
Ela comeõu a falar com Max, pronto, a chance de reputação que ela tinha foi para o lixo.
- Que ridicula, olha com quem ela está falando - Jenny falou atrás de mim, Mary fuzilou aquela oxigenada com os olhos. Bem, Jenny era a garota mais popular deste colégio inteiro, e eu estava saindo com ela antes das férias, e para ela, até hoje, porque já me agarrou umas cinco vezes, só antes de começar a aula, e digamos, Jenny não é uma garota de se jogar no lixo não, ela era insuportável, mas tinha um belo de um corpo, mesmo Sam sendo BEM melhor que ela.
- Cala a boca, Jenny - Mary murmurou, Jenny ficou inconformada e passou o resto da aula com a cara fechada, não que isso me importasse, estava mais preocupado em ver Sam anotar a matéria no caderno.

XIV

O sinal tocou, avisando o almoço, eu estava com fome.
Sam ao sair da sala acenou para Max que ficou com um sorriso apaixonado no rosto, babaca. Espera, eu estou mesmo com ciúmes da pessoa qu eu nunca preciso ter ciúmes? Ele é o Max! O que aconteceu comigo?!
- Vamos almoçar, lindo - Jenny pegou no meu braço e entrelaçou ao dela, me dirigindo ao refeitório.
Sam estava sentada com Bettie, numa pequena mesa, ela estava rindo de algo que Bettie falou, e estava linda, completamente linda, perfeitamente linda, fiquei com vontade de ir lá e abraçar ela, que nem o dia da praia. Estou com saudade do perfume de lavanda.
- Jenny, já volto - Me soltei dos braços de Jenny e ela deu de ombros, indo conversar com Julie e Louise. Não sei como elas aguentam essa garota.
Fui em direção de Sam, queria um pouco de privacidade com ela.
- Sam, posso falar com você? - Cheguei por trás dela e sussurrei em seu ouvido, senti ela se arrepiar, o que é algo que sempre aumenta meu ego. Bettie me olhou feio e com desgosto, a culpa não era minha se ela tinha se declarado para mim e tinham rido dela.
- Diga - Sam se virou para mim, o rosto dela estava muito próximo do meu, sério, MUITO próximo, os pequenos lábios dela estavam quase juntos ao meu, minha respiração começou a ficar ofegante, por causa do nervosismo, que poder é esse que ela tem? Fiquei totalmente hipnotizado com os lábios dela. Eu queria beijá-la, queria pra burro.
- Pode ser em particular? - Saí do pequeno transe e a olhei nos olhos.
- Ok, já volto - Sam se virou para Bettie, que fez uma careta fazendo Sam rir, me zuando provavelmente.
Os corredores do colégio estavam vazios, abracei Sam pela cintura e ela riu irônicamente.
- Hm, quando não tem ninguém por perto você lembra que me conhece?
- Você sabe que não é assim, Sam - Olhei para ela com cara de cachorro pidão e ela se soltou dos meus braços, o que foi uma das piores sensações do mundo, porque a pele dela junto com a minha me deixava mais calmo.
- Ah, não? - Prei Sam no corredor e puis minhas mãos em seus ombros.
- Você me ignorou o dia inteiro também - Ela olhou para o chão e ficou encarando os pés, fiquei observando cada traço de seu rosto, era delicado pra burro, tudo na medida certa, nada grande, nada pequeno, era lindo. Ela tirou o olhar dos pés e olhou nos meu olhos, depois abriu um pequeno sorriso sincero, já estava na hora de ter algum afeto por mim.
- É verdade - Ela deu de ombros e eu tirei minha mãe de seus ombros.
- E ainda mais, você me trocou por aquele garoto de óculos escuros - Abracei ela pela cintura, que desta vez não recuoou, e sim retribuiu meu toque, depositando sua cabeça em meu ombro, apoiada pelo queixo e me olhando, nós erámos piegas demais, voltamos a andar.
- O John? - Ela riu pelo nariz, e eu senti sua risada quente em meu ouvido.
- Ele mesmo - Olhei Sam pelo canto do olho, ela me observava atentamente.
- Ciúmes?
- Quem sabe - Ri, e ela riu junto, mas não pareceu gostar de minha resposta - E você, ciúmes da Jenny?
- A oxigenada? Credo, Jonas, nunca! - Ela fez uma careta com o canto da boca.
- Nem um pouquinho? - Queria que ela disesse "Oh Nick, claro que senti ciúmes, que quero você só para mim". Mas isso é esperar muito de Sam, ela não era fútil como as outras, e orgulhosa demais para adimitir algo.
- Não, Jonas - Ela afirmou com deboche. Quando ela fica insatisfeita, enfia meu sobrenome logo de cara na história.
- E se eu falar que quase fui enforcar o John de tanto ciúmes? - Ela me encarou mais intensamente, olhei para ela tentando decifrar o que seus olhos diziam, mas era impossível, era um mistério, ela era um mistério.
- Hum, vai falar porque sentiu pena de mim?
- Não, porque é a verdade, mas eu não queria aumentar seu ego - Sam riu - enquanto você abaixava o meu.
Olhei para ela e ela parou de andar.
- Desculpa, Jonas, só estou falando a verdade, não senti ciúmes - Fiquei de frente para ela e a abracei pela cintura, de frente também, ela pois os braços no meu pescoço e sorriu. OLhei para ela e fiquei observando sua beleza, o que já virou rotina, foda-se se isso for clichê, amor é clichê, e ela era surreal de tão bonita.
- Você é linda - Sam corou levemente, mas manteu a pose de 'o-que-você-fala-não-me-importa'.
- Para, Nick - Sam riu. E me chamou pelo nomes, yes! Acho que o tempo passou o bipolarismo para ela. Bipolarismo, isso existe?
- É sério - Ri e aproximei meu rosto do dela, juntei nossos lábios, ela pareceu um pouco surpresa, mas logo se entregou ao beijo, senti a lingua dela pedir passagem querendo explorar cada canto da minha boca, eu a apertava fortemente contra o corpo enquanto ela dançava com as mãos em meus cachos.
- Credo - Uma voz conhecida disse vindo em nossa direção, Sam partiu o beijo, a boca dela estava muito vermelha, a minha devia estar exatamente igual.
- Judd - Sam disse sorrindo e Harry parou ao nosso lado, porque ele tem que atrapalhar toda hora? Pelo menos já entendi porque os dois são tão próximos.
- Se pegando no meio do colégio, que feio - Sam e eu olhamos ao redor e havia muitas pessoas nos olhando.
- Vai aproveitar a vida, Judd - Sam deu um tapa no braço de Harry, ela estava sem graça. 2x0 para mim.
- Eu aproveito, toda hora, querida - Harry deu um beijo na bochecha de Sam e um tapa amigável no meu ombro - Vou deixar os pombinhos sozinhos.
Harry sai e o sinal bateu, aulas novamente.
- Boa aula - Dei um selinho demorado em Sam e saí correndo para a sala. Olhei para trás, ela estava parada com os dedos pousados em cima da boca e com uma cara de espanto.

XV

- Parece que você é o assunto do colégio até hoje - Mary riu pelo telefone.
- Uh, agora já posso andar com vocês?
- Cala a boca, Sam, você pode andar sempre que quiser, mas nunca quer.
- Eu sei, prefiro ficar no anonimato do que ser conhecida.
- Depois de beijar Nick Jonas você é conhecida para sempre.
Fazia uma semana que eu estava no River High School, era um bom colégio, tirando a comida da cantina.
Depois daquele episódio com Nick, muitas vieram tentar fazer amizade com "a aluna nova sortuda", bando de interesseiros.
Nick nunca deixou a fama de garanhão depois daquele dia, já havia saído com várias garotas depois de mim, não posso culpá-lo também, mas Nick falava comigo todos os dias, ou pelo menos tentava, eu sempre ignorava ele publicamente, gente popular me irrita pra burro. Ele me ligava todos os dias também, já essas conversas eram boas, animavam minha noite.
- Que emoção - Falei irônicamente - Mary, vou desligar, depois a gente se fala.
- Ok, amor, beijo.
Desliguei o telefone e fui deixá-lo na sala. Stevie estava vendo One Tree Hill empolgadíssimo.
- Admirando a Sophia Bush ou o Chad Murray?
- Chad Murray, claro - Stevia respondeu afetado.
- Sou mais a Sophia - Sentei do lado dele no sofá e deitei a cabeça em seu ombro, Stevia passou o braço em volta de mim e ficou fazendo carinho em meu braço.
- E o boyzinho ? - Ele virou a cabeça para mim.
- Que boyzinho?
Certamente ele estava falando de Nick, mas não queria adimitir isso, não tinha idéia do que estava acontecendo comigo e com Nick, uma hora eu odeio ele, outra hora eu amo ele, mas acho que o pouco que passamos não importava mais, ele já estava aberto para outros relacionamentos pelo menos, sugiro que eu também estivesse, e John estava sendo realmente fofo comigo esses dias. O que estou falando? Pareço o terapeuta da minha tia.
- O Nick, claro! - Stevia falou parecendo óbvio.
- Ele não tem nada - Não se se menti ou não, mas no fundo, queria que tivesse algo, não aguentava ver ele com as outras garotas, não aguentava ver ele dando em cima delas, sinceramente, eu queria ele para mim. Melhor parar de pensar, já estou pensando muita merda.
- Você gosta dele - Stevie disse sério. Eu?! Admito que tenho uma atração e tal, meu orgulho sempre grita mais alto, e aquilo certamente não era amor, certo? Era paixão, ou eu esperava que fosse. Fiquei um tempo em silêncio e encarei Stevie.
- Não, não gosto - Falei baixo e fiquei quieta encarando a televisão.
- Se ele te machucar, eu mato ele - Stevie disse triunfante, mas conseguia continuar super sério, ri pelo nariz.
- Não se preocupe comigo.
- Já me preocupo, amour - Ele me apertou em seus braços e voltou o rosto para a televisão, me senti segura.
Não queria mesmo me apaixonar por Nick, não estava preparada. Eu sabia que ia sofrer se isso acontecesse, e depois de tantas experiências próprias, odeio me apaixonar, é uma merda. E além disso, sou orgulhosa demais para aceitar qualquer coisa que esse meu orgão interno diga, então, prefiro continuar assim.

O telefone tocou duas vezes, meus pais tinham ido a uma festa de negócios ou qualquer merda do gênero. Resolvi atender o telefon que tocou novamente, vai ver era algo importante.
- Alô?
-- Nick?
- Sam! - Ela me ligou?! Sempre eu que ligava para ela, me senti importante.
-- Olá - Sam disse sem empolgação na voz.
- Tudo bem? Algum problema? - Ué, ela nunca me ligava, e agora me liga desanimada, algo aconteceu!
-- Tudo, tudo, não aconteceu nada.
Segurei o telefone com o ombro e voltei a deitar no sofá e encarar o teto
- Porque me ligou?
-- Não tenho idéia - Sam riu. Ela pode ser orgulhosa e não admitir, mas eu mexo com ela e ela mexe MUITO comigo.
- Aposto que foi porque sentiu saudade da minha voz - Ri irônico.
-- Claro que não - Sam falou com uma normalidade infernal. Porra, eu sinceramente, ia ligar para ela depois do jantar, porque queria ouvir a voz delicada dela. Ok, não faz muito tempo que eu a conheço, talvez três semanas, mas já passei coisas com ela que nunca passei com garota alguma, acho pelo menos certo ela sentir um pingo de saudade da minha voz.
- Eu senti - Falei com a maior sinceridade do mundo, e acho que isso a afetou, pois ela ficou em silêncio - O que vai fazer hoje?
Era umas 10h da noite, mas se ela não tivesse nada planejado iria vê-la, queria vê-la, acho que até tinha necessidade de vê-la.
-- Vou sair com o John e mais algumas pessoas, sei lá - Droga, a vontade de vê-la só aumentou.
-Ah... Vão para onde?
-- Um pub perto da casa do John - Sam com certeza estava para baixo, deu para perceber. Queria ir até lá consola-lá, falar que estpa tudo bem, mas não, essa bosta desse John entra na história, quem ele pensa que é?
- Vocês estão juntos?
Sério, eu não fiz nada para ela, ela me ignora, e ainda por cima, me troca por esse John. Tudo bem que eu saí com outras garotas nesse período de três semanas, mas ela não fez nada que me fizesse perceber de que ela se importava, e a culpa não é minha se as garotas dão em cima de mim, e ainda por cima, eu sou um adolescente com hormônios à flor da pele, dude.
-- Você está junto com a Jenny, Rachel, Michelle...Ahn, Harriet, Eleanor, Mol...
- Não - Interropi ela, mas parece que ela não me ouviu.
-- July, Allie, e não sei o resto do batalhão de garotas.
- Cala a boca, Sam, eu não tenho nada com ela, não seja cínica - Falei com muita sinceridade, eu não tinha mesmo,e nem queria ter.
-- Está certo, você não tem que me explicar merda nenhuma, não temos nada.
- Para de se fazer de vítima - Meu tom de voz foi aumentando - Você que está saindo com o John, porra, não seja idiota.
-- Eu não tenho nada com ele, e nem quero, Nicholas. E não te devo porra de satisfação nenhuma.
- Ok então, Sam, faça o que quiser - Já estava irritado. Mas veja pelo meu lado, ela nunca esclareceu se tinhamos algo ou não, e ela sabia da minha fama, sempre soube, que bosta, viu?! Certo, admito que eu tenho uma culpa gigante nisso, não podia estar saindo com metade da seleção feminina do meu colégio enquanto quem eu queria era ela, e tive a minha chance.
Pensando bem, eu estava certamente, MUITO, errado.
-- Vai á merda, Nicholas.
Ela desligou na minha cara.

O Nick conseguia ser o cara mais imbecil que eu conhecia, isso dava muita raiva, pois ele também consguia ser o cara mais romântico de todos.
Deixei o telefone em cima da cama e resolvi arranjar alguma roupa parair ao pub com John, coloquei algo qualquer como uma blusa e euma calça jeans, não estava nada afim de me arrumar.
Stevie tinha ido ao cinema com Mike, por isso estava sozinha nessa espelunca, precisávamos de uma faxineira, ou ratos começariam a brotar do chão.
O interfone tocou, devia ser John, fui até a cozinha atender:
- Oi, quem é?
- Sam, cheguei, está pronta? - Ouvi a voz de John sair pelo interfone.
- Sim, já estou descendo!
Desliguei o interfone e peguei meu casaco, estava frio hoje, essa mudança de tempo já me deixou louca, desci as escadas e vi John com mais dois caras sentados na mureta de entrada de meu apartamento.
- Olá - Sorri para John e para os dois garotos, que aparentemente estavam muito drogados.
- Vamos? - John abriu seu sorriso colgate e resolvemos ir a pé para o pub.
O pub estava cheio, noites na Califórnia costumavam ser bem animadas. Entramos e sentamos em uma mesa no fundo, com mais três garotas que eles encontraram por lá, entre elas estava Izzy, a garota-vampira que era amiga da Bettie.
- Cerveja para todos - Um dos garotos pediu, e depois me lançou um olhar malicioso.
- Ele está drogado e não tem noção de que esses olhares que lança ficam muito na cara - John sussurrou no meu ouvido, pois a música estava muito alta, e era realemnte ruim, olhei para ele e sorri.
- você não tira esses óculos nunca? - Perguntei pegando o wayfarer do rosto dele.
- Acabei de tirar - John riu, e eu sorri, colocando seus óculos em mim. Ele riu. Observei os olhos verdes e profundos dele - que acho que nunca tinha visto antes - mas não eram tão misteriosos quanto os de Nick. Porque eu tendo a pensar no Nick agora?
As cervejas chegaram, dei um gole em uma delas. John acendeu um cigarro, tragou e pois seus braços em volta do meu ombro, tirei os óculos dele e puis em cima da mesa.
- Olha aquelas ali - Um dos amigos de John apontou para um grupo de garotas perto do bar.
- A de saia é minha - O outro garoto falou e saiu andando, em direção ao bar. As garotas ao meu lado estavam falando algo comigo, mas eu não estava ouvindo, estava perdida em pensamentos, me afogando neles, literalmente.
Lembrei de Nick e tomei um gole enorme de cerveja.
Acho que eu já estava bem alta, o álcool já queimava meu cérebro, na mesa, tinha MUITAS garrafas de cerveja vazias, eu já estava um pouco tonta, e com uma ânsia de vomito terrível, estava me sentindo estranha e sem controle do meu próprio corpo.
Sem me dar conta, já estava dando em cima de John, e ele muito próximo de mim.
Puxei-o pelo cabelo e dei passagem para um beijo quente, ele não correspondeu meu ato no começo, mas logo depois cedeu, me puxando pela cintura contra seu corpo.
Ficamos nesse beijo desentupidor de pia por alguns minutos, até que senti uma pontada muito forte na cabeça, parti o beijo e ele me olhou com um olhar de "eu-desejo-mais", senti o vomito subir pela minha garganta, virei para o lado e meu almoço foi ao chão, ou até no sapato de John.
- Vem, vou te levar para casa - John disse - Robert, me empresta a chave do seu carro?
- Claro, dude - O tal Robert jogou a chave para John, mesmo eu não achando uma boa ele dirigir, deixei.
Ele me levou calmamente para fora do pub, o carro estava logo à frente.
John me sentou no banco do passageiro e logo após sentou ao meu lado ligando o carro, ligou o rádio e extava tocando Nazareth, "love hurts, love strong...", que irônico. Fomos o caminho todo num silêncio constrangedor, minha cabeça gritava de dor.
As ruas de Los Angeles estavam cheias, música alta, pessoas correndo de um lado para o outro, bêbados cambaleando pelas esquinas. Avistei meu prédio logo ao lado, John parou o carro do outro lado da rua.
- Você está bem? Quer que eu suba? - Ele perguntou com sinceridade e preocupação.
- Estou, estou, pode deixar que vou sozinha - Sorri e abri a porta do carro, quando puis meus pés para fora, dando um impulso para sair, senti a mão de John me puxar de volta e juntar nossos lábios num beijo intenso, ambos estavamos altos por causa da bebida, mas as vezes é bom fazer algo sem pensar quando se está acompanhado.

XVI

Mandei minha segunda mensagem de desculpas para Sam. Ela estava certa, eu era um babaca, sempre fui, mesmo só percebendo agora, e ainda por cima, por causa dela, plea culpa que nasceu dentro de mim por ela, tudo por ela.
Desci as escadas da casa de Harry e encontrei ele e Joe sentados no sofá, Tom estava caido na poltrona ao lado, roncando mais que um urso.
- Que cara horrível é essa, Nick? - Harry disse tirando os olhos da televisão e me olhando.
- Parece que viu um fantasma - Joe concordou.
- Não é nada, cara - Falei, não era nada mesmo. Só se fosse um fantasma chamado Sam. E se ela estivesse com John agora? E se eles estavam juntos? Que merda, preciso pedir para a minha mente trocar de assunto.
- É ela, não é? - Harry me encarou sério, abaixando o volume do filme que estava passando na televisão.
- Ela quem? - Estava tão óbvio que era ela?
- A Sam, seu idiota.
- Afinal, o que vocês dois tem juntos? - Joe perguntou.
- Para falar a verdade... Sei lá - Bufei e dentei no sofá, apoiando meus cotovelos em minha coxa e passando minhas mão frenéticamentes sobre meu cabelo.
- Até semana passada vocês se agarravam no meio do colégio - Harry riu malicioso.
- Eu sei, eu sei - Passei as mãos mais forte no meu cabelo, puxando os fios levemente.
- Cara, ela gosta de você - Harry disse - Eu conheço ela, não tão bem bem quanto a Mary, mas conheço.
- Ela te falou algo? - Perguntei curioso. Como ele podia saber? Legal que eles eram amigos quando crianças, mas faz quase um mês que se conhecem realmente.
- Bom, não necessiaramente. Mas eu sei que ela gosta - Harry falou confuso.
- Você só está falando isso para eu me sentir bem!
- Não estou, confia em mim - Harry bateu no meu ombro - Vai, vamos esquecer a Srta. Mistério por um segundo e vamos ver tartarugas ninjas.
Concordei com a cabeça, mas acho que nem mesmo tartarugas ninjas ia fazer minha mente pensar em outra coisa.

- Esse é lindo! - Steve apontava para um vestido que estava na vitrina de uma loja.
- Não tenho dinheiro, amor - Falei dando um gole no meu suco de framboesa, que estava congelando minhas mãos, puxei Steve pelo braço para sair da frente daquele loja. Finalmente ele tinha largado o Mike por um dia e foi sair comigo, já não era tempo.
Estávamos andando pelas ruas de Los Angeles comprando tudo que tinhamos direito, Steve estava com milhares de sacolas na mão.
- Eu pago - Stevia disse me arrastando para dentro da loja.
A loja era bem transada, om vários vestidos e roupas bem bonitas até, mas caras, bem caras, e eu realmente não era a pessoa mais rica que conhecia, na verdade, precisava arranjar um trabalho, se não eu ia ter que morar debaixo da ponte.
- Posso ajudá-los? - A vendedora bem simpática perguntou.
- Ela vai querer experimentar aquele - Steve apontou para o vestido da vitrine.
- Vou pegar - A vendedora sorriu e foi pegar o vestido, aproveitei enquanto ela não estava olhando para dar um tapa no braço de Stevie.
- Eu não quero que você pague, não preciso do vestido, vamos - Bem que o vestido era bonito, mas Stevie não podia me financiar para o resto da vida.
- Faremos assim, vocêexperimenta, se ficar bonito, levamos, se não, deixamos aqui - Steve disse, pegando meu delicioso suco de framboesa, bebendo o último gole e jogando no lixo -Argh, gelado demais.
A vendedora chegou sorrindo com o vestido na mão.
- O provador é ali - Ela apontou para uma parte da loja que era cheia de portinhas pretas.
- Vamos, amour - Stevie disse me puxando, como sempre, revirei os olhos arrancando uma risadinha da vendedora.
Fui com Stevie em direção as pequenas portinhas.
- Me chame quando estiver magnífica - Ele me empurrou para dentro do provador. Fechei a porta e me encarei no espelho, eu estava parecendo uma drogada, meu cabelo estava despenteado, e eu estava com olheiras gigantes embaixo dos olhos, Steve devia ter vergonha de andar ao meu lado, ela que é sempre tão fabuloso. Olhei para o vestido e resolvi vesti-lo de uma vez logo.
Tirei minhas roupas calmamente, vendo como eu estava magra, tinha que começar a me alimentar melhor. Coloquei o vestido e dei uma olhada me auto-avaliando, tinha ficado bom, sorri com isso.
- Pronta, amour? - Ouvi a voz de Stevie do outro lado da portinha que eraforrada com algum veludo preto.
- Pronto - Abri a porta e sorri, fazendo um tipo de referência com o vestido, Stevie riu.
- Vamos levar! Fantástico! - Ele falou animadissimo para a vendedora.
- Ok, vou deixar você se trocar e já venho pegá-lo para embrulhar - Ela saiu andando para o caixa.
Havia um espleho gigante ao lado das portinhas, me encarei novamente, fazia tempo que uma roupa ficava tão bem em mim, o vestido era realmente lindo, era simples e roxo, bem do tipo Audrey Hepburn.
- Está linda - Stevie disse me abraçando por trás e apoiando a cabeça em meu ombro.
- Obrigada - Sorri verdadeiramente.
- Nick vai adorar - Nick riu da minha cara de estranhamento. Da onde ele tirou o Nick no meio daquela conversa?
- Vou me trocar - Entrei rapidamente no provador e sentei no banquinho vermelho, que não era nada confortável. Peguei meu celular do bolso da minha calça que estava largada no chão. "Me desculpa?", "Você estava certa", bufei, não tinha porque ficar com raiva dele, na verdade, tinha sim. Ele estava saindo com metade das garotas que eu conheço, e eu era uma delas. Tudo porque eu não deixeiclaro se estávamos juntos ou não, garotos são tão imaturos. Na realidade, eu queria que estivessemos juntos, sim, era isso que eu queria, por incrivel que pareça. Uau, que revelação forte para a minha mente.
Saí do provador e fui ao encontro de Stevie que estava pagando pelo vestido.
- Hum, amanhã tem aula - Suspirei e apoiei meus braços no ombro de Stevie, os entrelaçando em seu peitoril e apoiando minha cabeça em suas costas.
- Eu sei, e você vai com este vestido.
- Eu não! Esse é só para ocasiões especiais - Pisquei para Steve, acenei para a vendedora e saí da loja.
Stevie revirou os olhos e veio atrás de mim.

XVII

- Sam, minha vida - Mary gritou para Sam que passava do nosso lado cantando animadamente com Bettie. Elas pararam e Sam sorriu, e nem ao menos olhou na minha cara. Ela não tinha respondido as mensagens, nem as ligações, nem nada, argh, mulheres.
- Bom dia - Sam disse com toda aquela segurança que ela tem (e que eu invejo muito) e deu um beijinho na bochecha de Mary.
- Hoje, almoço em família, minha mãe mandou te chamar e eu aceitei, é claro - Harry piscou para Sam indo abraçá-la, desejei ser ele naquele minuto.
- Irei - Sam correspondeu o abraço.
- Sam, vou ir lá falar com o Dustin e com o John... Er, tchau - Bettie deu um sorriso amarelo e saiu correndo com o cabelo arroxeado ao vento.
- Ok, fala pro John que eu tenho que devolver o casaco para ele - Sam gritou e Bettie fez um sinal de positivo de longe. Ela estava com o casaco dele?! Porque?! O que ela faz com uma peça de roupa daquele infeliz?!
Confesso que provavelmente fiquei vermelho de raiva.
- Hum... Casaco do John? - Louise disse pegando Sam pelo braço, e elas sairam andando, seguidas de Mandy e Mary que conversavam com uma empolgação dos infernos.
- Depois quero falar com você - Sam sussurrou no meu ouvindo enquando saia com as amigas, nossos olhos se encontraram e ela sorriu.
- Que sorriso imbecil é esse, Nick? - Joe riu batendo na minha cabeça - Vamos, aula pessoal!

- Desembucha - Mandy falou diretamente para mim.
- Não aconteceu nada... Ahn, digamos - Falei pondo uma mecha de cabelo para trás da orelha.
- Conta logo - Mary disse dando pulinhos.
- Bem, eu estava bêbada, que fique bem claro!
- Vocês transaram? - Louise disse com cara de espanto.
- Não - Ri e bati no ombro dela - Depravada.
- Ué, ele não é feio nem nada, e as garotas falam que ele é super habilidoso com as mãos - Ela fez a cara mais maliciosa que podia fazer e soltou uma gargalhada que parecia mais uma galinha sendo esganiçada.
- Nós só nos beijamos, e eu vomitei no sapato dele no final.
- Acabou com classe, hein? - Mary gargalhou e eu a fuzilei com os olhos.
- Não enche, chatinha - Abracei Mary de lado.
- E o Nick?
- Você e o Nick?! - Mandy pois a mão na boca assustada - Não sabia.
- Argh, nós tivemos uma briga, acho que é uma briga... sei lá - Falei escondendo minha cara no ombro de Mary.
- Porque? O que houve? - Mary disse puzando meu queixo, fazendo eu olhá-la.
- Porque ele é um idiota, mas como nós não tinhamos nenhum tipo de relacionamento, vou esclarecer que está tudo bem para ele hoje.
- E você queria não ter nada? - Louise perguntou preocupada.
- Eu gosto dele.
Ficamos num silêncio horrível e constrangedor até chegar na classe, avistei John e fui entregar o casaco para ele.
- John, seu casaco - Ele pegou o casaco da minha mãe e sorriu.
- Obrigado, vou precisar dele - Ele riu - Sobre aquela noite...
- Vamos deixar de lado, que tal? - Interrompi.
- Vamos, afinal, eu gosto de outra pessoas... E parece que você também - Ele riu apontando com a cabeça para Nick.
- Eu não gosto dele.
- Sei... Mas bem que podiamos repetir a dose, hãn? - Ele arqueou a sombrancelha.
- Quem sabe um dia - Ri - Agora vá conquistar a donzela.
Empurrei John em direção à Izzy, que estava conversando com umas garotas, ele me deu um selinho e eu o reprovei com um chute na canela, mesmo achando a situação um tanto engraçada.

- Queria falar comigo? - Sentei ao lado de Sam que estava dedilhando algo no violão, sentada embaixo de uma árvore no pátio.
Ela parou de tocar e olhou para mim, sem me dar aquele sorriso que me fazia eu me sentir a melhor pessoa do mundo por estar recenedo um sorriso perfeito como aquele.
- Queria - Sam disse secamente, pondo o violão do lado e olhando para frente.
- Diga - Dei um sorriso simpático.
- Só queria deixar claro - Ela deu enfase nesse claro e sorriu satisfeita - Que não estamos juntos e eu aceito suas desculpas.
Sam se virou para mim e eu fiquei sem reação, não sabia o que falar, não tinha o que falar, na verdade, não queria que ela esclarecesse porra nenhuma, queria ficar com ela.
- Jonas? - Sam perguntou me tirando dos meus pensamentos. Olhei para os olhos dela, tentando decifrá-los, tentando ver se lá no fundo daquelas bolas cor de chocolate havia algum afeto por mim. Mas era impossivel decifrar aqueles malditos olhos castanhos.
- Hum - Soltei algum ruído, me inclinando sobre Sam para pegar o violão ao lado dela.
- Ficou clarou ou eu preciso expli...
- Eu quero ficar com você - Interrompi Sam e comecei a tocar a música que eu e Joe tinhamos composto, nós não tinhamos banda nem nada, mas as vezes tocávamos juntos, e era legal compor.
Sam arqueou as finas sombrancelhas e ficou me vendo tocar sem falar nada. Abri um sorriso para ela, mas ela continuou séria, sem expressão, parecia um robô, como alguém pode ser assim?
- Porque?
- Porque o que?
- Porque você quer ficar comigo?
Parei de tocar e deixei o violão no meu colo, Sam arrumou o cabelo e se sentou na minha frente, com uma cara muito curiosa, querendo saber logoa a resposta.
- Porque você não quer ficar comigo? - Comecei a ficar nervoso, era assim agora, descobri esse poder que ela tem sobre mim, o jeito que ela me deixa sem palavras e sem ações.
- Ei, não responda uma pergunta com outra - Sam riu e deu um tapinha de leve na minha coxa, o que fez meu corpo inteiro se arrepiar.
- Porque eu gosto de você - Falei sério, tentando demonstrar que aquilo não era uma brincadeira.
Sam resolveu se encostar novamente na árvore ao meu lado, ela estava realmente muito perto, e aquele doce perfume invadiu minhas narinas me deixando praticamente chapado. Ela deitou a cabeça em meu ombro e pegou o violão do meu colo.
- Você é muito ruim, eu toco mil vezes melhor - Sam disse quebrando totalemente o clima, broxante pra burro.
- Dúvido - Ri, tentando deixar de lado o fato de que ela ignorou meus sentimenos. Que frase ridicula, acho que estou ficando muito gay, preciso passar menos tempo com o Kevin, se não logo não vou resistir a ele. Melhor calar a boca, estou falando muita merda.
- Eu sou um gênio da música - Sam riu gostosamente, daquele jeito que só ela sabia rir.
- Eu sou bem melhor, já compus até músicas.
- Ah, eu também. Canta pra mim?
- Um dia eu canto, preciso me preparar antes, você me deixa nervoso. - Falei sem pensar, e Sam apenas riu.
- Desculpa Nick, boa aula - Sam se levantou e me deu um beijinho no canto da boca, fazendo meu pelos da nuca se arrepiarem.
O sinal para voltar as aulas tocou, a Sam deve controlar o tempo, porque ela sabia que o sinal ia tocar nesse instante, ou eu que devia ser um tanto avoado.
Vi o corpo perfeito dela se afastar e sumir no meio da multidão. Que raiva, até de costas ela esbanja beleza.

O sinal anunciando o fim das aulas tocou, aleluia, essas aulas são um tremendo tédio. Saí rápido da sala, não estava afim de ver a Jenny jogar indiretas para o Nick e ele dar bola. Afinal, ele gosta de mim ou não? Foi uma paixão tão rápida assim que ele já desistiu? Ou ele só estava usando a Jenny para me provocar? Odeio quando não tenho respostas.
- Sam - Izzy chegou por trás de mim - Você ficou com o John?
Me virei e vi Izzy sorrindo para mim, parecia até que estava orgulhosa. Fiz com que sim com a cabeça.
- Não acredito - Ela deu um gritinho de espanto - E aí? Como foi?
Parecia que o sentimento de John por Izzy não era recíproco.
- Ahn foi bom... Mas eu estava bêbada, então não lembro muito - Falei com incerteza.
- Oh, vocês ficam lindos juntos - Ela disse com os olhos brilhando. Sinto que discordo dela.
- Não estamos juntos - Afirmei, deixando claro que John estava livre e solto para ficar com quem quisesse.
- Enfim, você é amiga do Kevin, certo?
- É, acho que sim... Porque?
- Ah nada. Ele é lindo, você sabe se ele está com alguém?
- Não sei, mas posso tentar descobrir - Sorri sinceramente.
- Obrigada - Izzy abriu um sorriso gigante e saiu correndo em direção a Stela e mais alguns garotos.
Avistei Mary e o pessoal bonito daquele colégio, lembrei que ia almoçar na casa de Harry e fui em direção a eles. Espero que Harry esteja de carro, não estava afim de ir andando.
- Judd! - Gritei para Harry que se virou e sorriu para mim - Vamos?
- Vamos - Harry disse me abraçando pela cintura.
- Não acredito que você vai sair com o Harry e não comigo - Mary disse fazendo bico.
- Caso de infância - Respondi para Mary que fingia fazer drama.
- Ela me ama mais, Mary. Lide com isso - Harry riu dando típicos tapinhas de consolo nas costas dela - Vem, vamos.
Acenei para Mary e para o resto. Nick estava ocupado demais com Jenny, que tentava beijá-lo de 5 em 5 minutos, patética.
Meu olhar se cruzou com o de Nick, ele estava para baixo, com ar de decepcionado, que realmente, fez meu coração doer e meu estômago querer sair pela boca, dei um sorrisinho sem sal e fui atrás de Harry para a rua.
- Você está com o carro, certo? - Perguntei. Por favor, não me faça usar minha pernas!
- Não, vai ter que usar essas lindas pernocas - Harry maldito.
- Hunf... Preguiça.
- Você aguenta, é perto.
Harry começou a contar do dia dele, e de quantas gartoas haviam dado em cima dele, sinceramente, eu não estava ouvindo nada, não conseguia me concentrar naquilo. Permaneci apenas observando o bairro típico residencial da Califórnia, senti falta da minha câmera. As crianças brincando, as folhas dos pinheiros balançando conforme o vento, o sol escondido nas nuvens brancas, risadas perdidas pela brisa... Eram cenas um bocado bonitas.
- É aqui, Sam - Harry me puxou pelo braço. Acho que fiquei tão perdida observando a paisagem que nem vi a casa dele passar.
- Oh, nem tinha percebi.
Harry tirou a chave do bolso e abriu com dificuldade a porta.
- Mãe, cheguei! A Sam está aqui! - Ele urrou.
Ouvi uns barulhos na cozinha. Uma mulher magra, com cabelos castanhos até o ombro e um batom vermelho veio correndo sorrindo para mim, e me abraçou num abraço incrivelmente forte.
- Sam, querida! Como você cresceu, está linda! - A Sra. Judd disse me soltando e me avaliando - Mas está tão magra, precisa comer! Fiz uma massa deliciosa, você vai amar.
Confesso que a empolgação dela me irritava, mas eu era convidada e não queria ser grossa nem nada. E realmente, eu precisava comer, estava me sentindo um zumbi.
- Oh, obrigada - Respondi sinceramente.
- Sam, tão bom te ver. Quanto tempo, como vai a família? Me conte tudo! - Ela parecia aquelas adolescentes de filme, querendo saber sobre a primeira noite da melhor amiga - Ah Harry, porque você não me disse que ela estava tão linda? Se eu fosse você, não ia me segurar e ia agarrar ela aqui mesmo!
- Mãe, cala a boca - Harry disse pondo a mão na cara com tom de reprovação e vergonha - Vem Sam, antes que a insanidade contamine.
Dei uma risada sem graça e segui Harry escada à cima.
Havia fotos presas na parede da época em que Harry era pequeno e feinho, sinto que eram bons tempos.
A casa de Harry era bem típica, um corredor que levava aos quartos, com um carpete cor de amêndoa cobrindo todo o chão.
- Sam, aqui!
Segui Harry e entramos por dentro de uma das portas brancas do corredor, o quarto de Harry.
Confesso que Harry tinha mudado muito desde a última vez que o vi, quando erámos pequenos. Não havia mais carrinhos nas prateleiras, lego espalhado pelo chão, a colcha do toy story cobrindo toda a cama; Agora, em vez dos carrinhos haviam CDs e LPs, em vez de lego haviam roupas, pilhas, montes de roupas, a colcha, foi subistituida por lençóis bagunçados. Haviam posters gigantes ocupando todas as partes das paredes, Led Zeppelin, The Who, Strangles, Dead Kennedys. Em cima da mesa de cabeceira ao lado da cama, havia uma vitrola. Acho que nunca mencionei o quanto eu era apaixonada por vitrolas.
Caminhei em direção da cama e me sentei, observando a relíquia da antiguidade.
- Gostou? - Harry perguntou se jogando ao meu lado na cama.
- Aham.
- Bota algo para tocar.
Já havia um disco lá dentro, apenas coloquei a agulha em cima do mesmo e o deixei tocar. A voz de Bo Diddley adentrou no quarto, sendo seguida pelo som do sax.
Me deitei ao lado de Harry, observando o teto. Era uma sensação boa, confortante.
- Eu senti saudades, sabia? - Harry quebrou o magnífico silêncio.
- Eu também.
- Porque veio para cá? Digo... Saiu de Bristol?
Respirei fundo, esse era um assunto que eu não queria tocar naquele momento. Sair de Bristol... Não sei porque não fiz isso antes.
- Você sabe o porque. Minha família era uma merda, eu não tinha ninguém lá.
- Eu sei, eu conheci sua família. Mas tem que ter um motivo especial.
Não queria mesmo tocar naquele assunto, queria que tudo aquilo fosse esquecido, não estava preparada para falar naquilo, ainda. A sensação de conforto logo foi afogada por angústa. O som do sax não me deixava mais alegra, me enjoava, e me assustava ao mesmo tempo.
- Minha mãe foi embora.
Harry olhou para mim com uma cara de pena misturada com terror, aquilo me enjoava mais ainda, ter pena de mim naquela situação.
- Fugiu com a porra de um advogado rico. Meu pai, que já era bêbado, ficou mais ainda. Eu não aguentava mais aquilo, aquilo estava me sufocando, precisava sair dali - Rugi de raiva.
- Seu pai ficou sozinho?
- Não sei.
- Ele não te impediu de ir? - Como se meu pai fosse me impedir de ir embora. Eu não era a filha modelo, nunca fui, e nem queria ser.
- Não.
Algo estava querendo fazer minha garganta sair, parecia que estavam me estrangulando, pouco a pouco, era uma tortura. Eu não podia chorar, não ia e e nem queria, não havia o porque derramar lágrimas com aquilo.
- Ela nunca te ligou?
- Ligou, mas eu nunca liguei de volta.
Fechei os olhos tentando tirar aquelas lembranças da minha cabeça. O silêncio tomou conta de tudo novamente. O sax tocou alto, fazendo meu ouvidos doerem.
- E como é morar com o bicha louca?
- Ei - Bati no ombro de Harry, rindo. Ele era bom para me fazer esquecer o que tinha se passado, simplismente mudando de assunto - O Steve é bem macho, ok?
- Opa, realmente - Ele riu.
- Sério, vocês deviam passar mais tempo com ele.
- Confesso que meu sonho é ir num desfile da Dior - Harry disse com uma voz afetada.
- Ok então, machão!
- Está desconfiando da minha mascuinidade? - Ele se sentou na cama, indignado. Pobre Harry, tão inseguro.
- Estou - Falei para provocá-lo, porque a cara dele era hilária naquele momento.
- Ah é?
- É - Me sentei ao lado dele.
Sem ao menos eu piscar, ou fazer qualquer outro tipo de movimento, os lábios de Harry se colaram contra os meus, levei um pequeno susto. Harold Judd sabia provar que era homem, ele beijava bem, era doce e macio.
Puis minhas mãos na nuca dela, brincando com as pontas de seus cabelos, enquanto ele envolvia seus braços em minha cintura.
- Meninos, almoço! - A Sra. Judd gritou da escada.
Harry quebrou o beijo e rolou os olhos pela interrupção da mãe, o que me fez rir.
- Você é um tarado, Harold!
- Bem que você gostou - Ele disse e se pois a gargalhar - Caso de infância, não poderia morrer sem ter experimentado.
- Claro, para tudo tem uma primeira vez - Levantei da cama seguindo Harry, que ia em direção a cozinha.
- Além do mais, você está interessada no babaca do meu amigo - Ele ri mais ainda.
- Por acaso está estampado "Eu queria ser a Srta. Jonas" na minha testa? - Não que eu quisesse ser a Srta. Jonas, vamos deixar isso bem claro, mas parece que o mundo inteiro olha para mim e percebe que eu tenho uma queda de mil andares por um idiota.
E além do mais, Samantha Jonas seria um nome feio, parece nome daquelas executivas, que andam com nariz empinado e estão sempre na salinha do café fofocando com as amigas de trabalho. Estou parecendo uma adolescente apaixonada pelo professor de química, acho que eu devia cometer suicidio.

XVIII

- Você tem que conquistar ela, cara - Tom me olhou sério.
- Eu sei, eu sei... Mas como?
Sábado, até que enfim um dia sem aula.
Tom e eu estávamos caminhando para ir para a casa de Harry, passar o dia tomando cerveja e jogando video game. Mas eu estava indo para lá mesmo era para saber se Sam falou algo de mim, ontem quando foi almoçar na casa dele.
Sam não saia da minha cabeça, tudo que eu pensava, via, lia era relacionado à ela, isso estava me deixando doente.
- Seja romântico, cavalheiro, galanteador - Tom disse como se tudo aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- Acho que Sam não é fã de tanta melação.
- Faça ela se sentir amada, entende? - Ele deu de ombros.
Subimos a escadinha da varanda de Harry e Tom tocou a campainha, enquanto eu me apoiava na muretinha branca da casa.
Stiff Little Fingers estava tocando em alto e claro som de dentro da casa.
- Hey - Olhei para a porta e tomei um susto (o que me fez quase cair da muretinha em cima das flores da Sra. Judd). Sam, apenas com um shot muito pequeno, que devia ser da irmã de Harry, e uma camiseta do Hives abriu a porta, com aquele sorriso lindo que fazia meu estômago revirar.
- Sam que bom te ver aqui! - Tom disse entrando na casa, dando um beijo na bochecha dela e piscando para mim, ele queria que meu processo de romantismo intenso começasse agora.
- Nick, não vai entrar? - Sam perguntou e eu olhei para ela. Sinceramente, como alguém pode ficar tão bonita e gostosa usando uma camiseta velha do Harry e com o cabelo totalmente bagunçado?
- Bela camiseta - Entrei na casa e dei um beijo no canto da boca dela, o que a vez se arrepiar e dar um sorrisinho sem graça de aprovação. Ahá, sempre soube que Sam gostava de homens diretos e que tomavam iniciativa, Tom era um babaca mesmo, mas era ele quem estava namorando, e não eu.
- Que bagunça - Tom disse adentrando a sala - O que houve aqui, rolou um sexo selvagem?
Ele se jogou na poltrona da sala.
Convenhamos que ele disse aquilo só para me irritar, e se houve algum tipo de sexo aqui, eu estava me segurando para não ir acordar Harry a socos.
- Claro, e se eu fosse você, não sentava aí - Sam surgiu ao meu lado e apontou para a poltrona em que ele estava sentado. Tom fez uma cara de nojo e curiosidade, propavelmente tentando imaginar o que tinha acontecido naquela poltrona e... Caralho, o que tinha acontecido naquela poltrona?! - Brincadeira, ok? Enganar vocês é tão fácil.
Ela deu uma risadinha divertida e eu suspirei de alivio, então ninguém tinha comido ninguém ali, ainda bem, se não Harry ia perder alguns dentes.
- A culpa não é minha se eu sou inocente e você faz brincadeiras depravadas! - Tom gargalhou.
- Super inocente - Ela fez sinal de positivo com a mão - Então, Harry deve estar no sétimo sono lá em cima, podem ir acordá-lo se quiserem.
- Eu vou lá - Tom disse rápido e correu para a escadas, me deixando sozinho, com... Ela.
Olhei para Sam que estava terrivelmente sexy, sentada no sofá, mexendo nas pontas do cabelo castanho. Puis as mãos no bolso e me sentei ao lado dela.
Ela se ajeitou no sofá, pegou um óculos de grau que estava na mesinha de centro e um livro, "O Idiota", Dostoiévski. Colocou os óculos e partiu para uma leitura concentrada. Ah não, mulheres de óculos, meu ponto fraco, e ainda por cima, gostosas. Ela estava parecendo uma daquelas professoras sexys da playboy, que junto com a foto vem o slogan "Pauta da aula: Como obter um orgasmo?". Eu não sou tarado nem nada, mas Joe tem uma coleção incrível de revistas da playboy, e por favor, eu sou homem.
- Dostoiévski? - Tentei tirar os pensamentos impuros e minhas fantasias sexuais da cabeça e mudei de assunto. Sam estava explodindo meus hormônios, se é que você me entende.
- Aham - Ela resmungou sem tirar os olhos do livro.
- Você é bonita demais para ser nerd.
- Eu não sou nerd - Ela riu - Ok, só um pouco, mas é um ótimo livro, está bem?
- Certo, certo. E eu acredito. Aposto que só está lendo isso para conseguir conquistar o Max! - Se Sam algum dia precisasse fazer algum sacrificio para sair com o nerd do colégio, o mundo estaria perdido.
- Oh, você está insinuando que eu não tenho capacidade de sair com ele?!
- Estou brincando - Ri - E você é perfeita demais para sair com ele.
- Cala a boca, Nicholas - Ela riu sem graça - Não diga coisas que vá se arrepender depois.
- Que você é perfeita?
- É - Ela disse meio envergonhada.
- Você é, e eu nunca vou me arrepender disso.
Sam sorriu verdadeiramente para mim. Romantismo intenso, passo um, deixar claro que você gosta dela, acho que comecei bem.

Continuei lendo, mesmo incomodada com Nick me olhando pelo canto do olho. Ele realmente devia achar algo mais construtivo para fazer.
- Vamos numa festa hoje - Harry surgiu na escada, com Tom ao seu lado.
- Vamos? - Tirei meus olhos do livro e olhei para Harry.
- Sim! Na casa do James.
- James voltou? - Nick olhou para Harry surpreso.
- Chegou ontem de noite, acabou de me ligar - Harry se jogou na poltrona em que Tom estava sentando à um tempo atrás.
- Quem é James? - Perguntei.
- Nosso amigo, ele estava na Austrália - Tom disse e se sentou no braço do sofá.
- Ahn... Legal - Dei um sorrisinho amarelo, não estava no ânimo para ir em festas.
- Não faça essa cara, Samantha! Você vai - Harry falou.
- Não estou afim - Bufei.
- Vamos, vai ser legal - Nick abriu o sorriso mais encantador que eu já vi. Ele estava fofo hoje, sem piadas idiotas, ou risadinhas irônicas.
- Ok - Correspondi o sorriso dele.
Parei de olhar o livro para encarar Nick. Ele estava mais bonito do que nunca hoje.
- Que foi? - Ele percebeu que eu o encarava, situação um pouco constrangedora para ele.
- Nada - Voltei meu olhos para o livro - Você está bonito hoje.
- Chega de melação - Tom riu.
- vamos ver Forrest Gump e nos embebedar de uma vez - Harry se levantou e foi até o DVD, colocando o filme.

- Vou pegar uma roupa da sua irmã, estou com preguiça de ir para casa - Sam falou se levantando do sofá.
Já estava de noite e estávamos nos preparando para ir para a casa de James, é, ele estava de volta na cidade.
- Acho que vão ficar pequenas em você, ela é baixinha... Você sabe - Harry deu de ombros.
- Tudo bem, eu arranjo algo - Sam soltou uma piscadinha e foi em direção as escadas.
- E a vida amorosa, hein Nicholas? - Harry cochichou para mim, quando Sam sumiu após a curva do corredor.
- Vai muito bem, obrigado - Olhei para Harry com a cara mais sem sal que consegui fazer.
- Ele está na fase de conquistar - Tom disse, se achando o entendido do assunto.
- E cmo está indo? - Harry olhou preocupado para mim. As vezes o instinto paternal de Harry vinha a tona.
- Não sei... Estou tentando.
- Boa sorte - Ele sorriu verdadeiramente - Vou me vestir.
Harry subiu as escadas. Ok, conquistar a Sam, porque eu estou tão inseguro? Sempre foi tão fácil. Pelo menos ela falou que eu estava bonito, isso fez uma bela massagem no meu ego quase perdido.

XIX

- Vamos andando - Sam disse puxando Tom porta a fora.
Confesso que ela ficou linda com as roupas da irmã de Harry, e estava tão simples. Um vestido azul marinha curto (que deixava uma bela visão de suas pernas) e um pequeno decote, quase sem maquiagem, só lápis nos olhos.
É, ela estava irresistivel, e nós iriamos para uma festa, isso quer dizer, homens voando para cima dela, preciso agir logo.
- Ok, vamos andando - Tom falou.
- Venha, Nick - Sam me pegou pelo braço e me puxou para a rua.
- Para alguém que não queria ir, você está bem animadinha - Harry disse, pegando um cigarro e dando outro para Sam.
- mudei de idéia - Ela deu de ombros e acendeu o cigarro.
- Manda um Judd - Falei para Harry e ele me jogou um cigarro.
Eu não fumava toda hora, não era uma chaminé como o Harry. Eu só fumava quando estava nervoso. Já mencionei que Sam me deixa nervoso?
- E então, quem vai nessa festa? - Sam se virou para mim, jogando a fumaça em direção ao céu cheio de estrelas.
- O pessoal todo - Tom falou calmo, observando a fumaça desaparecer.
- Uau, que específico - Sam ironizou, se virando e ficando de costas para mim.
- Idiota - Tom riu e mostrou o dedo para ela.
- As garotas não te falaram se vão? - Apoiei minhas mãos no ombro de Sam. Ela sorriu, e continuamos andando desse jeito.
- Não falei com elas hoje - Deixei minha cabeça se apoiar no ombro dela e fiquei inalando aquele perfume intoxicante.
O cigarro dela acabou e ela o jogou no chão, pegando o meu, que estava entre meus dedos.
- Ei - Reclamei com a voz baixa, abafada nos ombros dela.
- Você é lerdo demais - Sam riu. Deslizei meus dedos sobre seus ombros, fazendo carinho. Ela não reclamou, então continuei.
- Vocês demoram demais - Harry, que estava mais frente com Tom, gritou.
- Pressa? - Sam disse.
- Quanto mais demora, menos garotas livres - Harry, o tarado, Judd falou.
- Vão na frente - Retirei minha cara que agora estava afundada no cabelo de Sam. Ela olhou para mim e deu um sorrisinho envergonhado.
- Ok - Harry e Tom saíram correndo, a casa de James não estava tão longe, e sumiram de vista ao virar a esquina.
- Sam - Chamei ela, falando baixinho perto de seu ouvindo, que se arrepiou.
- Hum?
- Você dormiu com o John? - Certo, aquele não era um momento muito digno para fazer uma pergunta dessas, e sim, esse assunto é antigo, mas eu precisava decidir para que país fugir depois de matá-lo.
- Jonas! - Sam riu, se virando, novamente, de frente para mim, e batendo no meu ombro. Essa mania de bater vai ter que parar alguma hora.
- É sério - Falei olhando fundo nos olhos dela. Deslizei meus braços para a cintura dela e a apertei contra meu corpo. Ela entrelaçou os braços em volta da minha nuca e fomos andando assim.
- Eu não dormi com ele - Ela me olhou séria.
- Obrigado, era tudo que eu precisava saber - Abri um sorriso tamanho família a fazendo sorrir também. Então ela não tinha dormido com John, bom saber, não queria sair de Los Angeles.
Fiquei com esse sorriso imbecil olhando para ela, juro, eu estava com uma felicidade gigante. Ela não dormiu com ele. Dava até vontade de sair gritando isso para o mundo inteiro saber.
- Sabe o que eu acho? - Olhei divertido para ela.
- O que? - Me arrepiei quando ela puxou de leve meus cabelos.
- Todas as mulheres do mundo deviam ter seu perfume - Ri - O mundo seria tão cheiroso.
- Essa foi ruim, Jonas - Sam gargalhou, jogando a cabeça para trás, e o pescoço mais convidativo da galáxia ficou a centimetros do meu rosto.
- Ah, eu gostei.
Sam parou de andar, e eu tive que parar também, se não a atropelava. O silêncio surgiu no ar, mas eu não me importei, os olhos castanhos dela já me deixavam muito hipnotizado para me importar com o silêncio.
Já falei o quanto ela era linda? O quanto todo pedaço do corpo dela estava no lugar exato? Já falei o quanto o sorriso dela é encantador? Já falei que ficar abraçado nela é um bocado bom?
Pois então, era só isso que eu conseguia pensar naquele momento.
- Vamos para o Marrocos - Sam quebrou o silâncio.
- Marrocos? - Ri.
- Sim, Marrocos. E podiamos trocar nossos nomes também - Ela sorriu. Sam, por favor, não sorria, se não eu não consigo prestar atenção no que você fala.
- Uhm... E como seria meu nome?
- Rupert!
- Rupert?! Que nome de velho - Falei, e Sam riu.
- Eu gosto de Rupert! - Ela fez bico. Um bico lindo, que dava até vontade de apertar. Ok, estou parecendo um tia avó perua, preciso realmente parar com essas coisas - Eu seria Lola.
- Como a dama quiser - Dei meu melhor sorriso, esperando que ela se derretesse toda por mim. Mas ela era a Sam, é claro que ela não ia se rebaixar a isso.
- E vamos abrir um restaurante - Ela voltou a andar, me puxando contra ela.
- Certo Lola, com comida típica do país - Ri, e aproximei meu rosto do dela, já quase conseguia sentir a respiração calma dela.
- Exatamente... Rupert - Estávamos realmente muito próximos, meu nariz já estava roçando no dela e o hálito mais doce do mundo tomou conta do meu olfato, eu não conseguia mais raciocinar direito.
Senti algo vibrando em meu bolso e o som estridente do celular começou a tocar. Merda, quem foi o imbecil que estava me ligando? Ele tinha alguma idéia do que ele tinha acabado de atrapalhar?
Sam deu um sorrisinho sem graça e se afastou de mim.
Peguei o celular do bolso e olhei o visor, Joe. Viado, que porra ele queria?
- Que foi? - Atendi o celular o mais grosso o possível.
- Se perderam, Nick? - Joe simplismente gritou. Devia estar bêbado, ou não conseguia ficar longe de mim.
- Estamos indo - Bufei.
- Ok, Sr. Mau Humor - Joe desligou.
Ele realmente interrompeu o melhor momento do meu dia para isso?
Nota mental, jogar o Joe na piscina da casa do James.
Sam foi para o meu lado, entrelaçando seus braços no meu.
- Joe? - Ela perguntou, depositando sua cabeça em meu ombro.
- O próprio - Bufei - Não quer voltar onde paramos?
Soltei uma risada maliciosa e Sam riu.
- Quem sabe outra hora. Vamos, quero conhecer o James - Sam me puxou para andarmos mais rápido.
- Ei cuidado! O James é tarado - Eele era mesmo, era um perigo deixar Sam só do lado dele.
- Acho que consigo me cuidar.

XX

- Nick, seu merda! - Um garoto loiro com uma cerveja na mão abriu a porta e abraçou Nick.
- James! - Nick respondeu o abraço com um sorriso enorme - Quanto tempo cara!
Certo, aquele devia ser o James. Eles partiram o abraço e James olhou para mim.
-James, Sam. Sam, James - Nick nos apresentou.
James sorriu para mim, e juro, era o sorriso mais bonito que eu já vi.
- Prazer Sam - Confesso que aquele garoto era tão sorridente e de bem com a vida que passava uma sensação de conforto.
- Prazer - Tentei imitar o sorriso dele, mas foi em vão.
- Sam, você veio! - Mary praticamente pulou em cima de mim - Porque demorou tanto?
- Me perdi no caminho - Dei uma risada cínica e olhei para Nick, que sorriu abobalhado.
- Fiquem a vontade - James deu um tapinha nas costas de Nick.
Mary me puxou pelo braço, em direção a uma mesa com vários tipos de bebidas. Ela realmente era a maior bêbada.
- Se perderam, é? - Ela pegou uma cerveja da mesa e me ofereceu.
- Sim, me perdi - Abri a cerveja e dei um gole, deixando ela gelar o meu cérebro.
- Conta logo.
- Nada aconteceu - Me encostei na parede e encarei ela - Mas se o Joe não tivesse ligado...
Falei baixo, mais para mim do que para ela, mas Mary sempre decifra tudo. Preciso escolher amigos mais burros.
- O que aconteceu? - Mary deu um gritinho animado.
- Nada, já falei! A gente quase se beijou, só isso.
- Só isso?! - Ela gritou.
- Cala a boca, Mary! - Ri - Vai gritar com o Joe, não comigo.
- Eu não acredito que ele atrapalhou!
- Quem atrapalhou o que? - Julie chegou por trás de Mary.
- O Joe! Que raiva - Mary saiu batendo o pé.
Era tão engraçado como ela ficava brava e empolgada com a minha relação com Nick, realmente, ela era uma ótima amiga.
A festa não estava nem cheia, nem vazia, mas já havia metade da população festeira caída no chão, em um tipo de coma alcóolico.
- Preciso de vodcka - Julie falou com raiva, olhando para Harry, que estava sugando uma ruiva no sofá. Patéticos, porque não ficavam juntos logo?

- Ei Julie - Me posicionei ao lado de Julie, bebendo do copo de vodcka dela - Posso roubar a Sam um pouquinho?
- Hum - Julie riu fazendo uma cara pensativa - Ok, mas devolva ela viva.
Ela saiu rindo feito uma louco e eu olhei para Sam, que sorria timida olhando para os pés.
Me aproximei dela e sussurrei em seu ouvido, sentindo aquele perfume viciante tomar conta do meu nariz.
- Ei, vamos dançar.
Ela levando a cabeça, e nossos rostos ficaram muito próximos.
- Não sei dançar, Jonas - Ela riu sem graça. Encarei Sam e coloquei uma mecha de seu cabelo para trás da orelha.
- Sabe sim, Mary me contou dos seus talentos - E era verdade. Mary sempre me falava que Sam era talentosa em tudo que fazia.
- Ok, você me pegou - Sam sorriu e eu a puxei pelo braço em direção a onde as pessoas estavam dançando. Living in the rose começou a tocar bem na hora. Sam me puxou pela gola da blusa e começou a dançar e... Uou, aquilo sim era a definição exata para sexy.
Mordi o lábio inferior observando aquela cena, não só eu, mas como a sala inteira observava ela.
- Vamos Nick, dance - Sam me puxou mais para perto e eu encaxei minhas pernas entre as dela. Certo, dançar New Model Army pode ser estranho, mas dançar New Model Army com a Sam era extremamente bom.
Puxei ela para mais perto, se isso fosse possível, e ela riu. Resolvi tomar alguma atitude logo, e terminar o que tinhamos começado antes. Rocei meus lábios nos dela e os juntei calmamente. Ela abriu a boca e deu passagem para a minha língua, que explorou cada centímetro de sua boca. A mão de Sam afundou em meus cabelos e eu quase tombei no chão.
Depois de um longo tempo, resolvi partir o beijo, mordendo o lábio inferior dela, para conseguir respirar.
Abri os olhos e observei Sam, que estava com a boca vermelha, a respiração ofegante e os olhos fechados.
- Sua boca está inchada - Falei. Sam abriu os olhos e riu.
- A sua também.

XXI

- Sam, acorda - Senti Mary me chacoalhar. Minha cabeça estava latejando, mesmo não tendo bebido quase nada ontem a noite - Vamos Sam.

- Mary, cala a boca - A voz de Nick saiu como um gemido ao meu lado, a mão dele surgiu e me puxou pela cintura, me deixando colada no corpo dele.

- A gente tem aula - Mary falou brava.

Aula? Ela realmente estava pensando em ir para o colégio?

- Mary, vamos ficar aqui hoje - Falei com a voz abafada pelo travesseiro.

- Urgh, acordei para nada então - Mary se jogou ao meu lado na cama.

- Onde a gente está? - Perguntei, abrindo meus olhos devagar e vendo uma Mary um pouco embaçada.

- James - A voz de Kevin surgiu ao longe.

A mão de Nick começou a acariciar minhas costas, por baixo da blusa que eu estava usando - que não era minha - senti a respiração quente dele no meu pescoço e lentamente, os lábios dele tocando a minha pele. Soltei um gemido baixo e ele forçou mais os lábios.

- Sam - A voz rouca dele abafada na minha pele me deixou um tanto tonta - Estou com fome.

Soltei um riso baixo e concordei com a cabeça.

- Eu também

- Vão comprar café então - Mary falou. Olhei para ela e sorri, ela sorriu de volta e piscou.

- Ok - Me apoiei pelos cotovelos.

Nick se levantou da cama devagar, ele estava apenas de boxers e com o cabelo completamente bagunçado, pegou uma calça jeans que estava no chão e começou a vesti-lá.

Me espreguicei e me levantei, passando por cima de Mary. Fui cambaleando em direção ao banheiro, que era do outro lado do quarto, quase esmagando Kevin, James e uma garota que estavam no chão dormindo.

Liguei a lux do banheiro, fazendo meu olhos arderem com a claridade.

Fui até a pia olhei meu reflexo no espelho, meu cabelo estava um ninho de ratos, sem contar minhas maquiagem um bocado borrada. Minhas pernas estavam frias e descobertas, devido à uma camiseta grande que eu usava e minha calcinhas.

Odeio beber e nunca lembrar o que houve.

Peguei um daqueles enxaguantes bucais para tirar o mau hálito e lavei o rosto.

- Ei, vamos? - Nick apareceu no batente da porta e me ofereceu meu vestido azul.

Peguei o vestido das mãos dele e fiquei o encarando. Seria ótimo se ele pelo menos tampasse os olhos para eu poder me vestir.

Nick riu e colocou as mãos sobre os olhos. Me virei de costas e retirei minha blusa, tinha certeza de que Nick estaria vendo, mas nem me importei. Deixei a camiseta em cima da pia.

- Fecha para mim? - Perguntei para Nick, segurando o zíper da parte de trás do vestido. Senti Nick se aproximar e colocar calmamente as mãos quentes na minha pele fria. Ele deslizou os dedos pela linha da minha coluna. Fechei meus olhos sentindo que minhas pernas iam me fazer cair a qualquer momento. Ele foi subindo o zíper devagar e eu estava prestes a desmaiar lá mesmo.

Nick terminou de fechar o zíper e eu continuei de olhos fechados. Eu estava completamente sem reação. Os lábios dele tocaram rapidamente meu ouvido.

- Estou faminto - Nick sussurrou.

Ele realmente queria pensar em comida agora?

Bufei e saí pela porta do banheiro, com ele me seguindo em pequenos passos.

Desci as escadas da casa, completamente destruida, de James com Nick ainda na minha cola.

- Sam, para de frescura - Nick me segurou pelos ombros. Supirei.

- Certo, desculpa - Me virei para ele, um pouco sem graça.

Nick sorriu e colocou um de seus braços em volta da minha cintura.

O dia estava amanhecendo na Califórnia, e aquele clássico cheiro de maresia continuava no ar.

Fomos andando pelas ruas tentando arranjar um lugar para comer, meu estômago já estava doendo de tanta fome.

- Não aguento mais esse cheiro - Nick riu e me apertou mais contra ele.

Virei meu rosto para olhá-lo e apoiei meu queixo em seu ombro.

- De que? Areia molhada de mar? - Sorri e dei um beijo em seu pescoço, sentindo ele se arrepiar.

- Exatamente - Nick sorriu - Ei, vamos lá! Comida!

Olhei para onde Nick tinha apontado. Era uma lanchonete bem típica, que devia ter ovos e bacon super engordurados e suco de laranja de caixinha fingindo que era natural. Mais um motivo para que eu seja loucamente apaixonada pela minha cidade natal.

- Certo, vamos.

Entremos na lanchonete que estava até badalada para às 7 horas da manhã, sentamos em uma mesa do lado da janela, um pouco afastada das outras.

- Ah, eu amo café da manhã - Nick riu fechando o cardápio.

- O que vão querer? - Uma moça baixinha com um avental vermelho e branco perguntou.

- Ovos, bacons, torradas e suco de laranja para mim - Nick falou e a moça anotou tudo atenciosamente no bloquinho.

- E você? - A mulher olhou para mim e deu um sorrisinho.

- Só um café e umas panquecas - Devolvi o mesmo sorriso para ela.

- Ok, volto já - A moça foi se afastando e eu a segui com o olhar. É sempre assim, você vai jantar, ou almoçar, ou até tomar café da manhã com alguém razoalvelmente lindo, e todas as garçonetes já querem voar no seu pescoço.

- Estou com vontade de viajar - Nick me olhou.

- Viajar? - Perguntei, dando um gole no café que a moça do avental tinha acabado de trazer.

- É, sei lá... Bem que podíamos pegar o carro e sair por aí.

- Hum... Estilo Kerouack?

- Exatamente - Ele riu - Mas isto, você já fez.

- É mesmo - Sorri.

- Mas quandos as provas acabarem, podiamos viajar.

- Se algum de vocês dirigir, por mim tudo está ótimo!

- Folgada - Ele riu e jogou uns farelos de torrada na minha cara.

Mandei o dedo para ele e continuei me deliciando com as famosas panquecas americanas.

XXII

- Tem certeza de que não quer ajuda, cara? - Perguntei para James, que estava com um saco preto de lixo catando as latas de cerveja que estavam espalhadas pelo chão.

- Não, pode deixar - James sorriu e todas as garotas se derreteram. Odeio aquele sorriso dele.

- Ok, então vamos indo - Abri a porta e Sam agarrou na minha cintura. Cara, como era bom ter ela tão perto.

Saímos da casa de James e fomos todos em direção a rua.

- Gente, eu vou para casa, estou morrendo de sono - Mary falou.

- Ok, amor, eu te ligo depois - Sam deu um beijo na bochecha de Mary e voltou a apoiar a cabeça no meu peito.

Mary acenou e foi se afastando. Essas garotas adoram andar, não sei como aguentam.

- Mary - Joe gritou e ela se virou - Deixa que eu te levo.

E Joe saiu correndo, como um cachorro que achou sua cadela, para perto de Mary.

- Quero ir para casa - Sam gemeu no meu ouvido.

- Eu te levo - Dei um beijo no topo da cabeça dela - Gente, estamos indo também.

- Já vão tarde - Harry riu e Sam deu um tapa na cabeça dele. Bem feito.

- A gente também te ama, Judd boy - Falei e Harry mandou um beijinho gay para mim.

Nos despedimos e saimos andando, em direção ao ponto de ônibus.

- Vocês são um casal? - Tom gritou e nós nos viramos para o pessoal que ainda permanecia na frente da casa de James.

- Não - Sam corou e se virou para seguir em frente, me fazendo rir.

- Ainda - Falei baixo para que Sam não ouvisse e Tom lesse meu lábios - não.

Falei o 'não' mais alto, e com um ar decepcionado para que Sam ficasse com pena de mim.Mas a quem eu ainda quero iludir? Ela nunca ficaria com pena de mim.

- Ei - Falei e Sam olhou para mim - Eu quero ser um casal.

- Interessante - Ela riu - Quem sabe.

Ela mordeu meu lábio inferior. Juntei nossas bocas e passei a língua no lábio inferior dela, intensificando o beijo e meu corpo esquentou no ato. Acho que já estava virando rotina me agarrar com a Sam na rua.

XXIII

- Voltei - Fechei a porta do apartamento e me deparo com um Steve, de olhos vermelhos, um pote de sorvete no colo e a segunda temporada de Dawnson's Creek passando na televisão.

- Você não antende o celular, onde se meteu? - Steve olhou para mim e riu - Vadia, estava com o gato, né?

Ignorei a segunda parte da frase dele, mas tive que rir, ele estava na fossa.

- Desculpa, fui numa festa e não avisei, faltei na aula também - Me jogeui no sofá ao lado dele e o encarei - O que houve com você?

- Mike me chutou - Ele pegou uma colher de sorvete e enfiou na boca.

- Sério? - Minha cara deve ter ficado tão pasma que devia estar um bocado cômica. Como Mila acabou com o Steve? Eles eram tão lindos juntos.

- Sim - Steve falou com um cara tão abatida que eu tive que abraça-lo.

- Não fica triste, por favor - Sorri para ele e ele sorriu junto.

- Pode deixar.

- Vou me juntar a você - Me acomodei no sofá e peguei a colher que estava enfiada no pote de sorvete.

- Porque não foi para a aula hoje? - Steve olhou para a televisão, tentando prestar atenção na novelinha complicada que ainda passava.

- Ressaca.

- Ah claro, a festa - Steve abriu um sorriso um tanto empolago - Como foi?

- Legal... Mas não lembro muito - Soltei um risinho.

- Sempre foi fraca com as bebidas - Steve gargalhou. Odiava quando falavam da minha relação com bebidas. Eu era fraca, ok. Mas nem tanto.

- Olha quem fala.

- E o broto? - Porque todo mundo tem que mudar de assunto e parar sempre no mesmo? Nick.

- O que tem o broto? - Falei fazendo aspas com os dedos quando pronunciei a fatídica palavra: broto.

- Como estão?

- Bem, obrigada - Olhei sem graça para ele. Odiava ter que falar dos meus rolos. Não que fosse um rolo, mas era algo sem definição no dicionário ainda.

- Quero detalhes! - Steve falou com aquela voz de afeminado que só ele sabia fazer.

- O mesmo de sempre, Steve - Ri da voz dele.

- Ele é broxa! - Broxa? Steve consegue ter as piores hipóteses que existe, isto é um fato.

- De onde tirou isso?

- O mesmo de sempre - Ele tentou imitar minhas voz - Patético. Com uma mulher como você com ele, não estaria o mesmo de sempre.

- Vaca - Ri e joguei uma almofada na cara dele.

- É a mais pura verdade, fofa.

XXIV

- Acabaram, ainda bem - Me joguei na cadeira do refeitório ao lado de Julie.

- Acho que fui tão mal na prova de física - Mandy reclamou.

As provas tinham acabado. Aleluia. Acho que tinha ido bem em todas, pelo menos isso.

- Damas - Tom se sentou ao meu lado - Arrumem as malas, vamos para a estrada.

- Vamos? - Louise perguntou, brincando com o canudinho do suco.

- Sim! O pai do Joe liberou a casa em Venice, vamos para lá amanhã - Tom esfregou as mãos, super empolgado.

- Uau, obrigada por avisar agora - Julie fez um ''joinha'' com a mão e olhou com um olhar sarcástico para Tom.

- Cala a boca, não reclama - Harry virou os olhos e mordeu a maçã que eu estava comendo.

- Vai se fuder, Harold, que saco - Julie olhou para baixo.

- Que merda vocês, não conseguem parar de implicar um com o outro - Nick puxou uma cadeira, se sentou atrás de mim e eafundou seu rosto no meu cabelo. Ele adorava fazer isso.

-Deixem eu continuar - Tom falou e todos olharam para ele, menos Nick, que agora estava acariciando meus ombros.

- Fala, meu falcão - Kevin riu batucando na mesa.

- Amanhã. Joe, você passa na casa da Mary, da Louise e do Kevin, e vocês vão juntos. Eu e a Mandy vamos com o carro do meu pai, e Harry, o resto é todo seu.

- Certo - Harry riu e olhou com implicância para Julie.

- Porque eu sempre vou com o Harry? - Mordi minha maçã, que não estava nada boa.

- Porque eu sou seu melhor amigo - Harry me fuzilou com os olhos e cruzou os braços. Infantil. Mas realmente, ele era meu melhor amigo.

- Que melhor amigo, hein? - Julie virou os olhos. Patéticos, esse ódio todo era só efeito de amor enrustido. E dividir o carro com eles ia ser algo maravilhoso! Humor britânico, minhas melhor qualidade.

- Não me renegue, Samantha! E não dê ouvidos a ela! - Harry tentou fazer cara de bravo, mas não deu certo.

- Renegue sim - Nick riu, tirando o rosto do meu cabelo e apoiando-o em meu ombro.

- Não se meta, Nicholas - Harry deu uma gargalhada - Vou em busca de garotas, comemorar notas boas, sabem como é?

Ela deu uma piscadinha e saiu correndo atrás de um grupo de garotas que estava passando.

- Animado para a viagem? - Sam sussurrou no meu ouvido e se encostou nos armários, me encarando.

- Depende - Tirei minha cabeça de dentro do armário e sorri para ela - Você está?

Eu consigo ser tão gay as vezes, mas por ela, juro que valia a pena. Viro até travesti se ela quiser.

- Sei lá, acho que vai ser legal... Descansar um pouco - Ela falou enrolando as pontas do cabelo.

Porra, Sam, como você consegue ser tão irresistível?

- Álcool e drogas com os amigos, sempre bom - Ri e ela mordeu o lábio inferior.

- Realmente, me parece bom!

- E é! Foi bem nas provas? - Coloquei meu último livro no armário e o fechei.

- Acho que sim. E você?

- Literatura mata. Mas acho que não fui tão mal - Entrelacei meus braços na cintura dela e a puxei para perto. Sinceramente, nunca vi ninguém mais bonita que a Sam, certo, posso até ter visto, mas não me importava com o resto. A Sam era viciante.

- Que foi? - Ela me tirou do meu pequeno transe de apreciar a beleza dela - Para de me olhar assim, Nicholas.

Ela me deu um soquinho no meu peito e riu.

- Desculpa se você é maravilhosa - Sorri e Sam tentou sair dos meus braços, mas eu era mais forte.

- Você é tão clichê, Jonas - Ela gargalhou. Merda de sobrenome.

- Clichê é sinônimo de paixão - Falei o mais galanteador o possível, para pelo menos reconquistar meu primeiro nome. E porra, o que que eu falei? - Certo, isso foi rídiculo.

Sam começou a rir mais ainda e eu rolei os olhos. Não podia estar tão brega assim, eu acho.

- Não, foi fofo - Ela falou tentando parar de rir - Juro!

Deixei ela sair dos meus braços e passei a mão no cabelo, sem graça.

- Sei - Soltei um risinho pelo nariz - Vejo que vai ser difícil te conquistar.

Ela parou - finalmente - de rir e me olhou séria.

- Quem disse que já não conquistou? - Sam sorriu e me deu um selinho demorado, fazendo meu estômago vibrar.

Ela sorriu mais ainda, acenou e se virou indo em direção a saída do colégio, me deixando com o sorriso mais imbecil do mundo parado no meio do corredor.

XXV

- Sam, o interfone, atende aí - Steve gritou da sala.
Era cedo e eu estava em casa, comendo algumas torradas e eperando Harry chegar.
Íamos viajaar hoje para a casa de praia do pai de Joe.
- Já vou - Deixei o prato na pia e fui em direção ao interfone - Oi.
- Sam, cheguei! - A voz de Harry, do outro lado da linha, invadiu meu ouvido.
- Certo, estou descendo.
Desliguei o interfone e fui até a sala pegar minha maça. Era pequena, pois não íamos passar muito tempo, afinal, era apenas um feriado depois das provas. Peguei as chaves do bolso do meu sobretudo e abri a porta.
- Steve, volto daqui alguns dias - Sorri para ele e ele veio em minha direção.
- Me ligue todos os dias - Steve encostou de leve seus lábios nos meus. Me virei para a porta e senti um tapa na minha bunda.
- Outch - Ri e fui para as escadas geladas daquele pequeno prédio.
As escadas eram poucas, afinal, morávamos no terceiro andar, abri o portão principal do prédio e avistei o carro de Harry parado do outro lado da calçada.
Estava uma cena um bocado engraçada, Julie e Harry em uma rotineira briga de casal e Nick frustrado no banco de trás.
Me aproximei e apoiei na janela do banco da frente.
- Parem de brigar, casal - Sorri e Nick se aproximou do banco da frente para me enchergar.
- Eu não te suporto, Harold - Julie virou para a janela e cruzou os braços.
- Como se fosse super fácil para mim - Harry deu um murro no volante.
Dei de ombros e fui colocar minha mala no porta malas, que já estava meio lotado, já que a Julie não consegue ficar muito tempo com uma roupa só.
- Quer ajuda, Sam? - Harry perguntou.
- Não precisa - Fechei o capô meio enferrujado. Harry precisava trocar urgentemente de carro.
Abri a porta do banco traseiro e me sentei. Aquele cheiro de pizza velho se empregnou nas minhas narinas. Limpeza também seria muito agradável.
Nick me olhou e sorriu, aquele sorriso lindo e estúpido que só ele tinha. Ele se encostou na janela oposto a minha e bateu a mão na coxa, me chamando para sentar em seu colo.
Engatinha até Nick e sentei entre suas pernas. O toque dele na minha pele dava pequenos choques, como se nada mais existisse naquele carro, só eu e ele.
Sinceramente, eu nunca tinha me sentido assim antes, era um tanto engraçado até, era como se ele fosse um imã e eu outro, eu era completamente magnetizada a ele, e era um magnetismo interno, se você me entende.
Intenso como quando meu coração dispara ao chegar perto dele, mas dispara na velocidade da luz quase saindo do meu peito. Intenso como minhas pernas enfraqueciam, quase me levando ao chão. Intenso como quando ele conseguia pegar toda minha atenção e pensamento só para ele.
- Pensando no que? - Aquela maldita voz rouca sussurrou no meu ouvido, e tudo que eu acabei de pensar veio à tona.Fechei os olhos com a voz dele soando como música para meus ouvidos. Droga, eu não podia estar tão idiota assim.
- Sentimentos - Soltei uma risada pelo nariz.
- Você é muito profunda - Nick encostou os lábios na minha bochecha e o hálito doce dele entorpeceu minha mente.
- Ando lendo bastante - Tentei encontrar meus lábios com o dele, mas ele recuou, roçando-os entre meu nariz e minha boca.
Merda Nicholas, você realmente quer me provocar enquanto eu estou sensível.
Inclinei minha cabeça para alcançar sua boca novamente, mas ele recuou rindo.
Imbecil.
Deitei minha cabeça para trás e Nick passou os lábios calmamente pelo meu pescoço.
- Arrumem um quarto, por favor - Harry falou, olhando pelo espelinho do carro.
- Não atrapalha eles - Julie bateu na perna de Harry.
Nick gargalhou e eu me acomodei melhor em seu colo, brincando com a manga de sua blusa xadrez amassada.
- Quanto tempo ainda falta? - Nick perguntou.
- Acabamos de sair, Nick, umas duas horas ainda - Julie balbulciou.
- Poem alguma música aí, então - Ele falou, passando uma das mãos em minha nuca.
- Ok - Harry pegou o porta discos que estava no porta luvas, sem se importar com os ocumentos do carro que caíram no colo de Julie.
- Porra, Judd, cuidado - Julie quase gritou, juntando os papéis espalhados.
- A culpa não é minha se você trás más vibrações para o meu carro - Harry acelerou, e estava ficando vermelho. Típico de Harry, quando estava puto ou nervoso com algo.

Julie sempre causava isso nele.
- Eu trago más vibrações?! Você cheirou?! - Ela perguntou, jogando os documentos no porta luvas novamente.
- Devo ter cheirado por concordar que você viesse no meu carro - Harry bufou.
Nick e eu apenas nos limitamos a rir, Harry e Julie brigando por nada era um tanto hilário.
Nick afundou seu rosto em meus cabelos e inalou profundamente, me fazendo ficar arrepiada.
- Esatav com saudade - A voz dele saiu abafada pelos gritos no banco da frente e pelos fios do meu cabelo.
- Saudades? - Perguntei.
- Exatamente - Nick soltou um riso pelo nariz, me fazendo suspirar. Suspirar?! Virei uma adolescente apaixonada pelo professor de química.
- Saudades de que?
- Do seu perfume de lavanda - Ele inspirou forte outra vez e eu sorri.
Ele até lembrava do cheiro do champoo que eu usava e deixava meus cabelos cheirando a lavanda!
- Nick - murmurei fechando os olhos.
Ele gemeu em resposta, entrelaçando sua mão com a minha.
- Pode parecer meio rídiculo, mas você me faz bem - Ri em emnte da frase piegas que eu falei. Mas era verdade, e sinto que hoje estava sincera demais. Ele que aproveite.
Nick retirou o rosto dos meus cabelos.
- pode apostar que você me faz ótimo, então.
- Para a porra do carro! - Julie deu um berro, fazendo Nick e eu começarmos a prestar atenção na leve, ou não tão leve, discussão que ainda estava contecendo no banco da frente.
- Eu não vou parar - Harry bateu a mão no voltante.
- Ei.. Ei, calma gente - Nick tentou amenizar a situação, se ajustando no banco para ver o que acontecia.
- Para Harold! - Julie voltou a gritar.
- já falei que não!
Bem, Julie tomou uma inciativa um tanto, digamos que prática, e girou a chave que estava no painel.
- Você é doida?! - Harry olhou para Julie indignado.
Ela simpilsmente abriu a porta do carro e ameaçou sair.
- Julie - Harry falou em um tom paternal, puxando a mão dela - Desculpa, ok?
Ela não reagiu, apenas ficou parada, com metade do corpo para fora do carro e metade para dentro.
- Julie, porra, desculpa ok? Por favor... - Harry a púxou novamente.
Ela bufou e sentou, fechando a porta e virando para a janela.
- Escolham vocês o CD - Julie falou e senti um porta Cd, bem duro álias, atingir minha coxa. Outch.

XXVI

- Nick, chegamos - Senti uma mão me balançando pelos ombros e a voz misteriosa de Sam me chamando - Acorda vai, Jonas.
Sam bufou, me fazendo sorrir. Adoro quando ela fica irritadinha.
- MAR! - Kevin gritou de algum lugar indefinido e eu me dei por vencido. Afinal, estavamos na praia, tinha que aproveitar.
Levantei do banco de trás do carro e fui pegar minha mochila no porta malas.
- Bom dia, Bela Adormecida - Harry bateu nas minhas costas e eu revirei os olhos, Judd e suas piadinhas sem graça.
Olhei em volta e senti o clássico cheiro de maria no ar. Venica não era uma praia muito calma, mas estava com pouco movimento hoje.
A casa do pai de Joe era enorme, um grande chalé de madeira com um quintal maior do que minha prórpia casa.
Julie e Mandy saíram correndo para porem seus biquines e seguir Kevin, que já tinha se atirado de barriga no mar uma hora dessas. Tom estava pegando sua mala e levando para dentro da casa. Mary e Joe foram ver o quintal, coma grama mais verde que eu já vi na vida. Louise resolveu se juntar a Kevin e Sam estava no celular, provavelmente Steve tinha ligado para saber se ela estava viva.
Peguei minha mala e a levei para dentro da casa, que também era magnnífica por dentro. Bem.. A mãe de Joe trabalha com decoração, então, posso esperar muito das casas que ela decora.
- Vamos, Nick - Mandy me puxou em direção a praia.
A areia estava completamente quente, e quase queimou meus pés descalços. Já que tinha jogado meu chinelo em algum lugar, que não estou muito lembrado agora.
Arranquei minha blusa e me joguei no mar, me juntando ao resto.
- Ah, que água gelada - Julie reclamou.
- Isso é o paraíso, isso sim! - Kevin disse e deitou na água para boiar.
- Entem na água, seus maricas - Mandy gritou.
Me virei e avistei Tom e Sam lutando contra as pequenas ondas que batiam na barriga deles. Digamos que Sam de biquine, só aumentava o clima quente da praia. Oh céus, isso foi completamente idiota, mas não resisti a esse pensamento.
- Pare de olhar para as coxas da aminha amiga, Nicholas - Louise gargalhou jogando água na minha cara e me tirando do meu pequeno transe.
- Eu tenho motivos para olhar - Respondi sem graça.
- Pode até ter, mas não deixa tão na cara - Ela piscou e foi em direção a Kevin, afundando-o na água.
- Dude, faz tempo que eu não me sentia tão bem - Tom riu.
- Fa tempo que eu não engolia água salgada, isso sim! - Sam falou, entrando na água até a altura do busto.
Agarrei-a pela cintura molhando a ponta de seus cabelos e atrazendo para mais perto. Distância entre nós, naquele momento, era algo que eu repelia.
- Aproveite então - Afundei sua cabeça quando uma onda passou.
- Maldito - Ela riu, passando as pernas em volta da minha cintura, com o cabelo completamente molhado agora - Frio da porra.
Os lábios dela já estavam começando a ficar roxos.
- Você acabou de entrar - Sorri e ela saiu do meu colo. Droga.
- Eu aguento mais um pouco - Ela piscou, fazendo meus hormônios gritarem alto.
Caralho Sam, você tem que parar deme deixar assim.


- Mandy, saí daí sua vacasa, eu que ia tomar banho antes - Julie gritava socando a porta do banheiro. Incrível, tudo para ela é um escândalo.
- Foi namorar o Judd perdeu o lugar, cherrie - Mandy gritou com a voz abafada pelo barulho estridente do chuveiro.
- Cala a boca - Julies bufou e se jogou na cama - Eu odeio o Harry.
Tinhamos decidido que seria mais razoável as garotas ficarem em um quarto e os garotos em outro, Joe reclamou bastante, estava ancioso para ver a Mary só de toalha desfilando por aí, mas no final ele concordou.
Eu fiquei realmente satisfeita, tenho que confessar que odeio dividir banheiro com homens, e não é frecura, tenho 16 anos de convivência. Ainda bem que o Steve é considerado mais mulher do que homem.
- Você não odeio o Harry, Julie - Mary levantou a cabeça que estava apoiada na poltrona e olhou para Julie.
- Odeio sim, ele é um estúpido, grosso, idiota e eu não aguento mais ele.
- Ele só é assim com você - Louise colocou um short preto e estava procurando uma blusa para por, andando de sutien por pelo quarto.
- Exatamente! É recíproco, ele me odeio, eu odeio ele, pronto! - Julie quase rugiu.
- Já ouviu falar que o amor é cego? - manifestei-me pela primeira vez, me girando na cadeira para poder olhar Julie.
- Já - Ela me olhou estranhando a pergunta e tentando entender até que ponto eu queria chegar.
- Então você está cega em relação os seus sentimentos pelo Harry - Mordi a ponta da caneta que estava na minha mão.
- Lá vem você com essas coisas de novo, Sam - Julie rolou os olhos.
- Me agradeça por te deixar com dúvidas - Pisquei para Julie que soltou uma risada irônica pelo nariz.
- A vermelha ou a verde? - Louise perguntou, mostrando duas blusas para nós.
- Você sabe que o Kevin adora verde - Mary gargalhou.
- Idiota - Louise mostrou o dedo para Mary e jogou a blusa vermelha na cama.
- Gente, vocês tem que ver, o Joe está... - Kevin entrou no quarto morrendo de rir e parou no súbito instante que viu Louise apenas de suiten.
- Para de olhar, Kevin - Julie jogou um travesseiro na casa dele, que engoloiu seco, tentando mudar a direção do olhar.
- Desculpa - Ele disse sem graça, passando as mãos no cabelo.
- Até parece que ela não gostou - Ri e Louise me olhou incrédula - Brincadeira, ok?
Ela colocou a blusa rapidamente e desviou o olhar de Kevin.
- Fala logo Kevin, isso é uma área feminina - Mary exclamou.
- Certo - Ele riu - Só vim avisar que vocês tem que ver o Joe cozinhando... Mas, desculpa.
Kevin balançou a cabeça e fechou a porta do quarto.
- não se preocupa, ele ainda vai ver muitas cenas assim - Julie riu.
- Fica quieta, Miss Judd - Louise fuzilou Julie com os olhos, que fechou a cara.
- O que eu perdi? - Mandy saiu do banheiro enrolada em uma toalha verde e felpuda.
- Nada, Mandy... Nada.

- Joe, você não vai conseguir - Harry ria feito uma hiena, se apoiando no balcão da cozinha.

- Claro que vou - Joe mexia na panela frenéticamente. Pobre Joe, mas aquilo estava hilário.

Joe resolveu dar um de chef de cozinha esquanto as garotas tomavam banho, mas é claro que não deu certo. Ele é um desastre.

- O que temos para jantar? - Mary chegou na cozinha, seguida por Sam e Julie.

- Nada! Só se você quiser comer aquilo - Kevin apontou para o fogão.

- Não obrigada.

- Então passe fome, seus mal agradecidos! - Joe jogou a colher de madeira dentro da panela e foi se sentar ao lado de Mary.

- Coitadinho - Ela apertou a bochecha de Joe e lhe deu um beijo no canto da boca.

Aposto que ele vibrou.

- Só temos isso para comer? - Sam se apoiou no balcão, perto de Harry e mordeu o lábio. Incrível.

- Não... Mas eu não faço mais nada - Joe retrucou.

- Ainde bem, né? - Falei e ele me mandou o dedo. Sempre carinhoso.

Andei até Sam e me encostei atrás dela, enrolando meus braços em sua cintura.

- Preguiçosos, eu faço algo - Julia andou até o armário pequeno da cozinha e começou a vasculhar o que tinha lá.

Senti o bolso de Sam vibrando e ela saiu dos meus braços. Droga, pensei que Steve já tivesse ligado hoje. Gay sem escrúpulos.

- Uau, Steve já me ligou hoje - Sam pegou o celular do bolso e olhar o visor.

Senti ela congelar e tentei olhar também, mas não fui tão rápido.

- Licença - Ela disse com a voz falhando e saiu da cozinha.

Quem mais estaria ligando para ela?

XXVII

Londres. Quem estaria me ligando de Londres?

Atravessei a sala fresca de madeira da casa e fui para o quintal.

O celular continuava apitando, e só de pensar em quem poderia ser, já ficava até com tontura.

Sentei nos degraus da escadinha fria, que arrepiou cada parte do meu corpo com o mármore gelado.

O celular insistia em tocar, me dando uma certa ânsia inimaginável, e o medo tomou conta de tudo.

Mas eu sabia que não podia fugir para sempre daquilo... Apertei o botão verde do celular, colocando-o contra o ouvido.

A respiração pesada do outro lado da linha fes meus sentidos pararem.

- Samantha?- A voz mais rouca e sem graça soou pelos meu ouvidos.

Respirei fundo sabendo o que viria pela frente, e não seria nada bom.

- Samantha, você está ouvindo? - Queria poder dizer que não, mas não seria desse jeito.

Soltei todo o ar guardado no meu peito e tomei coragem, que surgiu de algum jeito dentro de mim.

- Sim - Falei com a voz falhando.

- Aonde você está? - A voz despresante elevou o tom - Hein?

- Califórnia.

- O quê?! Você ficou louca?! - Nada me veio na mente no momento, o silêncio e a inconformação dela invadiram a linha de telefone - Você só pode estar brincando comigo.

- Não estou.

Minha voz falhou novamente e junto com a ardência do meu peito e o nó bem feito da minha garganta, eu senti a água salgada cair sem pudor em meus lábios secos.

- Volte agora para cá - Ela gritou - Entendeu bem?

- Eu estou do outro lado do oceano - Segurei o choro para mostrar que eu era forte, mesmo sabendo que eu não era.

- Eu não quero saber - Ela urrou.

O barulho de sua voz parou e o celular avisou que ela havia desligado.

Joguei o celular do lado sentindo meu rosto arder. Não só de tristeza, mas também de raiva.

Apertei minhas mãos contra o mármore, jogando tudo que eu sentia naquele material duro e gélido.

- Sam, tudo bem? - Ouvi Tom se aproximar de mim.

Limprei com as costas da mão as lágrimas que ainda lutavam para não cair e fechei os olhos.

Fechei os olhos para tentar tirar aquela voz da minha mente, fechei os olhos para apagar as palavras que ouvi e fechei os olhos tentando pensar no que fazer.

- Sam? - Tom tocou meu ombro.

Respirei fundo e abri os olhos.

- Estou.

- Tem certeza? - Ele perguntou um tanto preocupado.

Assenti com a cabeça e ele se sentou ao meu lado.

A brisa fria da noite fez os pelos da minha nuca descoberta enrijecerem, e não posso esquecer dos calafrios que cobriam minhas costas como se fossem uma fria camada de geada outonal sobre o teto de um carro.

- Tom - Segurei todo o ar que coseguia entrar no meu pulmão - Com Licença.

Levantei do mármore, pegando o celular arranhado pelo impacto que ele teve quando o joguei e fui em direção a praia.

A areia grossa entrava e saia pelos dedos do meu pé, fazendo cócegas que não incomodavam nem um pouco.

Sentei na areia sentindo meu corpo relaxar com o barulho calmo das ondas.







(...)


nota da autora: Na realidade, comecei escrevendo isso para ser uma história sem um final feliz, ou triste. Apenas o dia-a-dia de alguém. E oh, virou um a fic. Provavelmente eu vou abandoná-la, e logo. Já disse que não tenho capacidade para escrever romance de adolescente tarado? Pois é, não tenho. Vou mandar para a Carol para ver se ela gosta, se ela gostar, escrevo mais aqui, ou lá na comunidade. E Quemi que seja minha beta (: Sem agradecimentos especiais para isso desta vez.
restrições: Cenas de sexo (não explícito), uso de drogas (lícitas).
inspirações: Letras de músicas, fanfics do addiction (Sábado à Noite e She Cares), filme "The Notebook" e outros.

detalhes básicos: Jonas não são famosos, todos tem a mesma idade (17 anos), não são irmãos, não existe a banda, eles não tem o voto.