domingo, 30 de agosto de 2009

Proposta = Cena A

A luz do Sol entrava como ângulos abertos, rompendo uma janela no fim da tarde, uma moça de cabelos negros, pele branca e lábios de um tom vermelho escuro estava deitada no sofá surrado daquela pequena moradia britânica.
Observava a rua um pouco movimentada de Kensington com os olhos pesados, e a água salgada seca sobre a boca.
Ouviu a porta da frente se abrir, deixando uma brisa fria invadir a sala e aquele cheiro clássico de perfume masculino a entorpecer, como sempre.
- Cheguei - A voz rouca e um tanto divertida se aproximou.
- Estou na sala - Assustada pelo efeito que aquela voz ainda causava em seu coração, ela limpou rapidamente os vestígios de lágrimas com a palma da mão e se ajeitou no sofá.
Os passos, que se aproximavam cada vez mais rápido, pararam perto da porta que dividia a sala com a entrada principal da casa.
- Você está bem, Sam?
Ela levantou os olhos esverdeados para a porta e o viu parado, com os cabelos cacheados, a expressão de preocupação e as roupas completamente excêntricas. Só de olhar para seus olhos profundos, a cena que estava fixada em sua mente todo o dia e noite e que a enlouquecia pouco a pouco, apareceu naquele momento.
O cabelo ruivo de uma amante, selvagem, traiçoeira, promissor e o homem que a fazia se sentir uma mulher completa, juntos, como um ser único.
Memórias passadas, mas que não a deixavam viver em paz nem um segundo sequer.
- Estou - Ela tentou sorrir, mesmo sabendo que estava quebrada por dentro.
- Está tarde, vamos para a cama.
Ele se sentou ao lado de Sam, colocando uma mecha de cabelos negros que caia na face dela para trás da orelha e calmamente juntou seus lábios carnudos com os lábios finos dela. Ela, tentou sugar e sentir pela última vez o efeito que aqueles beijos tinham sobre ela.
- Quero ficar aqui - Sam respirou fundo e deitou sua cabeça no colo do rapaz.
- Certo - Ele bocejou, estava cansado do dia cheio de trabalho que teve no escritório de advocacia e precisava de uma bela noite de sono.
- Nick? - Ela não tardou a chamá-lo, se cansando de observar a tela preta da televisão, mas não obteve respostas.
Era uma mulher deitada no sofá, cabelos molhados, segurando a mão de um homem que nunca voltaria a ver.
Levantou com o corpo mole e se dirigiu para o quarto escuro e sem vida, e observou a mala cinza, um pouco avermelhada que estava ao lado da cama.

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